Voltar para o topo

Agora você pode adicionar o PapelPop a sua tela inicial Adicione aqui

O terceiro disco da banda sucede “Coisas da Geração”, de 2019 (Lett Sousa / Divulgação)
(Lett Sousa / Divulgação)
música

Entrevista: Lagum busca novas histórias no álbum “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”

Muita coisa mudou desde 2019, quando a Lagum deu início às gravações do que se tornaria “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”. A pandemia do coronavírus começou a sacudir o mundo logo no ano seguinte e os planos de Pedro, Jorge, Francisco e Otavio para o terceiro álbum de estúdio tomaram outros rumos.

O lançamento não ocorreu em 2020 como deveria, deixando a banda com mais tempo para trabalhar em seu som, pensar a vida em um momento tão delicado e amadurecer pessoal e musicalmente. A Lagum respeitou o processo criativo, muitas vezes acelerado devido às demandas da indústria, enquanto o público ansiava pelo sucessor de “Coisas da Geração” (2019).

“A expectativa sempre é uma pressão. Nos primeiros trabalhos, como ninguém está esperando nada, nem mesmo você, é mais tranquilo. Mas a gente fez esse álbum bem relaxado e consegue enxergar claramente os erros e acertos desse processo”, conta Pedro em entrevista ao PapelPop. “Já sinto que a gente tem uma maturidade, uma carga, e a ideia é continuar fazendo a nossa verdade, relaxando em relação a resultados”.

Verdade é mesmo a palavra de “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”, que chegou às plataformas digitais nas primeiras horas desta sexta-feira (10). Uma única escuta já é o suficiente para notar – e se identificar com – a honestidade da Lagum sobre o desejo de viver, de aproveitar cada momento, de criar histórias, de preencher uma tela em branco com novas memórias.

A essência surge justamente da tensão da pandemia e de todos os meses trancafiados entre quatro paredes. “É sobre esse momento em que praticamente não construímos memórias, que ficamos dentro de casa. Esse álbum vem com o intuito de fazer o que vem a partir de agora ficar para a memória”, explica Pedro.

“No último show que a gente fez em Belo Horizonte, a gente entrou no palco falando sobre isso. Tipo, ‘aproveita esse momento que a gente está aqui agora, com quem está aqui agora, porque a gente não sabe qual é a última vez que a gente vai ver esse amigo que está aí do lado’. Foi o que aconteceu com a gente, com a perda do nosso batera”, completa.

A banda ainda lida com a falta do baterista Breno Braga, mais conhecido como Tio Wilson, que morreu depois de um show em setembro do ano passado. Os amigos fazem questão de homenagear o músico sempre que possível, mantendo-o vivo no trabalho, principalmente em “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”, assim como ele segue em seus corações.

“O Tio era um cara que sempre teve muita empatia. Ele sempre se mostrou uma pessoa muito atenciosa e carinhosa, um excelente músico com um coração enorme. Grande parte do nosso luto é lembrar dele com carinho e seguir os ensinamentos que ele deixou para a gente”, reflete o baixista Chico.

Pedro logo complementa: “É muito importante para nós ter os sentimentos pessoais aliados ao trabalho porque é o que nos motiva a continuar fazendo o que fazemos, é o que nos liberta das coisas que nos aprisionam, é o que traz a conexão com as pessoas, é o que faz nosso trabalho ser bem-sucedido”.

São esses sentimentos humanos das composições que dão o tom de “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”, que não se resume à perda, mas pauta os romances com faixas como “Eu Te Amo” e “Não Vou Falar de Amor”, as memórias com “Descobridor” e a celebração da vida com “Festa Jovem”. A vontade de viver tudo isso, diante de um período de reclusão, gera a identificação.

“Acho que, de certo modo, todo mundo passou por sentimentos parecidos durante essa pandemia. Questionamos ‘quando será que isso acaba?’ e ‘quando eu volto para minha vida normal?’. Pensamos ‘eu poderia ter feito alguma coisa diferente’. Apesar de trazer uma carga de amor, o álbum traz questões às quais todos estavam expostos”, avalia o guitarrista Jorge.

Há ainda uma conexão com quem viveu os anos 2000. Canções como “Musa do Inverno” e “Eu e Minhas Paranoias” retomam a estética sonora daquela década tão icônica da indústria musical. Para a Lagum, “quando se trata de bandas no mainstream não tem um exemplo melhor do que anos 2000”.

“Os anos 2000 foram anos em que bandas tiveram grande protagonismo nas paradas e a gente buscou uma maneira de fazer a sonoridade orgânica de uma banda ser acessível ao pop hoje. O pop joga tudo muito no talo, tudo muito extravagante, tudo alto, tudo com muita pressão. A gente quis aliar a nossa estética a isso”, afirma Pedro.

Com o novo disco no mundo, a Lagum se prepara para novas histórias para ficar para a memória. A banda continua com sua retomada aos palcos em 2022, apresentando uma nova turnê, mirando festivais como o Lollapalooza e viajando Brasil afora.

“Nunca estivemos em um nível de maturidade musical como agora e estamos reformulando o show inteiro com muitas surpresas para o pessoal. Estamos trabalhando muito para levar para as pessoas uma turnê muito especial e jamais vista. Vai ser uma energia de arrepiar”, promete Francisco.

Pedro está “louco para voltar a fazer show e estar a cada final de semana em um lugar, convivendo com pessoas e costumes diferentes”. “Eu quero fazer um álbum novo também. A gente esperou muito tempo para lançar ‘MEMÓRIAS’, que era para ter saído em 2020. Não vejo a hora de entrar no estúdio e buscar criativamente novos caminhos”, revela o cantor.

voltando pra home