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“Meu perfil é calmo, poético e suave”, diz Juliette na estreia do clipe de “Diferença Mara”

Juntas, as faixas do EP de estreia de Juliette conquistaram o posto de maior estreia nacional da história do Spotify. Lançada na última sexta-feira (3), a coleção contabilizou apenas nas primeiras 24h cerca de 5,9 milhões de reproduções combinadas. Mesmo sem se considerar cantora ao pé da letra, a artista recebeu críticas em sua maioria positivas pelo debut, marcado por letras doces e melodias que pendem para uma leveza estética — tudo em consonância com uma identidade já conhecida desde o Big Brother Brasil.

A criação, feita sob medida, teve início nas mãos de um time de colaborações que entrou em ação antes mesmo de sua vitória no reality, diga-se de passagem com recorde de aprovação. Mesmo que não seja creditada como autora, Juliette exerceu seu crivo sobre as faixas para que pudessem respeitar seu desejo e o maior número de nuances da própria personalidade. Foi assim com “Diferença Mara”, que ganha um clipe nesta segunda-feira (6).

— “Fiquei um pouco assustada com todas as oportunidades que apareceram depois do programa e aí tive contato pela primeira vez com as letras. Logo quando comecei a ler o que tinham composto fiquei muito apaixonada e isso me fortalecia quando me dava medo. Como foram feitas canções pra mim, contando minha história e trajetória, com expressões que eu falo e quero enfatizar e ressaltar, o que me deixou leve foi poder cantar algo que eu acredito. Sempre gostei de canções que falam sobre o que eu sinto. Fui mudando alguma coisa ou outra que não me deixava confortável, pedia pra mudar uma palavra, um instrumento ou outro, um tom”.

Concebido e gravado entre as cidades do Rio de Janeiro, João Pessoa, Recife e Salvador, o projeto teve consultoria da amiga Anitta, que não está incluída em seus planos de parceria no futuro próximo por questões de agenda, além da direção criativa de Giovanni Bianco. Conhecido internacionalmente por trabalhar com nomes como Madonna (“Confessions on a Dancefloor”), Marisa Monte (“Portas”) e Fernanda Abreu (“Amor Geral”), é ele quem assina o clipe da vez.

Empolgada com o momento que vive, a artista revela ter vivido incertezas e feito ressalvas quanto à possibilidade de engatar um relacionamento profissional com a música. O que fez mudar de ideia foi a compreensão de que a arte poderia canalizar de forma mais efetiva o que gostaria de comunicar aos cactos.

— “Eu tenho até hoje um frio na barriga, o que me fez decidir é que de tudo que eu tava fazendo encontrava mais sentido na música. Fazia com felicidade, mas a música me trazia paz, todo mundo sabe que sou apaixonada por isso. Era uma forma de comunicar amor. Eu sentia e vivia junto. A comunicação é massa, mas o carinho é diferente. Tive encontros com artistas maravilhosos, tive sonhos, mensagens muito bonitas sobre música o tempo inteiro. Acreditei no que o meu coração já falava”.

“Diferença Mara” chega às vésperas da estreia de uma nova temporada do TVZ, principal programa de clipes do Multishow, que a recebe como apresentadora durante um mês. No comando a partir do dia 13 de setembro, Juliette recebe no estúdio convidados como Dilsinho, Pabllo Vittar, Pedro Sampaio, Simone e Simaria e Xand Avião. Agora se dividindo entre os dois lados da tela, ela admite não ter achado fácil a disciplina e a perfeição exigidas na hora de gravar. Define o intenso processo feito com seus colaboradores, com especial menção para os exercícios de dicção, como um crochê, que leva horas e horas para ser finalizado.

Natural de Campina Grande, no Estado da Paraíba, a cantora se revela mais um destaque da música popular brasileira que não apenas vem da região Nordeste, como também constrói uma narrativa baseada em elementos típicos. No entanto, prefere seguir uma linha serena, não se sentindo atraída por sons mais festivos e consagrados como o piseiro, gênero que cruzou a bolha mainstream no último ano e chegou a fazer aparições em discos de pop, como “Te Amo Lá Fora”, de Duda Beat.

— “Amo o forró raiz, mas acho que o meu perfil é algo mais calmo, nesse estilo mais poético, mais suave. Não tenho tanto fôlego e animação pra cantar e dançar. Acho muito massa, mas não tenho essa desenvoltura toda como artista. Tem várias. Além de Elba, Chico César, Alceu Valença e Zé Ramalho, vou dizer que gosto muito da Agnes Nunes, uma menina nova que muita gente já conhece. O timbre dela é maravilhoso e ela traz a música nordestina de uma forma moderna, nova, as origens e tem o sotaque, que gosto muito. Somos todos referências um dos outros. Acabamos nos misturando e por isso tem tanta diversidade”.

Em junho deste ano, entre os incontáveis compromissos e as publicidades que estrelou, Juliette aceitou um convite de Gilberto Gil para dividir o palco. Com o ídolo ao violão, conduziu uma live de pouco mais de 1h de duração com temática junina em que cantou clássicos do cancioneiro popular. Já abençoada por tantos nomes consagrados, ela diz fingir costume inclusive na hora de pedir opiniões sobre o que tem feito em estúdio.

— “Minha mãe ficou bestinha com a música ‘Bença’. Mostrei a alguns artistas que eu admirava, a Maria Gadú. Quando eles iam curtindo eu ficava emocionada. Fui pedindo pros fãs pra mandarem reações, pra dizer o que sentiam ouvindo. Chegaram vídeos de pessoas chorando e foi muito especial porque quando encontrei [Gilberto] Gil eu chorava. Tinha medo de cair, a perna ficava dormente. Agora penso ‘Preciso agir, cumprimentar, cantar…’ e parei. Nunca imaginei que estaria diante dessas pessoas, aproveitando o momento e segurando o nervosismo, contemplativa”.

Por enquanto, muito em virtude da pandemia, não há planos para apresentações ao vivo no futuro próximo, embora já se sonhe com um show em que os fãs, aglomerados, possam se abraçar. Essa mesma relação criada com os cactos, ela afirma, é dual. Aumenta responsabilidades ao mesmo tempo em que lhe oferece a consciência de que novos amores vão surgir com as próximas edições do BBB.

— “Quando a gente não é famoso ou batalha por uma vida artística, a gente tem autonomia, liberdade pra fazer tudo o que quiser. Hoje não penso só em mim, penso em como vou influenciar e ser exemplo. O quanto se eu fizer algo ruim posso machucar outras pessoas. É uma agenda muito louca, tenho caminhado pra diminuir, impor o que faz bem, minha vontade. Quando tiver outro BBB vão ter outros amores, o que não quer dizer que vão deixar de me amar. Aí eu sei que vai dar uma acalmada”.

***

O novo EP de Juliette está disponível em todas as plataformas de streaming.

 

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