Debut de Rosalía só ganhou projeção após o sucesso de “El Mal Querer”; conheça história de “Los Ángeles”

Antes de dar lugar à mistura de flamenco, trap e reguetón que consagrou seu nome em premiações e festivais como Lollapalooza, Austin City Limits e Primavera Sound, Rosalía fez um modesto debut na música. Ao lado do produtor musical Raül Refree e então aos 24 anos a cantora catalã estreou, em junho de 2017, o disco “Los Ángeles”. Era uma compilação de 12 densas canções em que se debruça pela primeira vez sobre suas raízes.

Aliada a uma estética drama-retrô que se estende, inclusive, ao ensaio fotográfico que deu origem à capa, o material revela uma artista tímida que aos poucos vai abrindo a própria intimidade com o objetivo de visitar temas como morte e saudade.

 

Oito das doze faixas escolhidas são de domínio público e explicam até certo ponto a formação musical de Rosalía. Na adolescência, a artista adorava se reunir com os amigos no parque e ouvir música. Em uma dessas ocasiões, segundo contou ao jornal El País, descobriu Camarón de la Isla, um dos mais populares nomes do flamenco.

A voz do cantor, diferente de tudo o que já tinha ouvido, abriu-lhe as portas para o gênero e todo um universo de referências que havia ao seu redor. Aos 13 anos ela começaria a se apresentar informalmente e aos 15 seria selecionada para participar de um programa de TV onde foi semifinalista.

“Gostei tanto que me comprometi a estudar e entender. Dediquei muitas horas a isso, e enquanto aprendia flamenco, também aprendi a me dedicar a alguma coisa”, disse em entrevista ao site ABC. “Conforme fui entendendo, também me lembrei de passar muito tempo com minha avó assistindo a filmes de uma hora, do tipo que passava aos domingos e que tinha figuras e sons clássicos”.

Os esforços foram em demasia e a estrela que parecia em ascensão perdeu a voz. O acontecimento fez com que ela refletisse sobre seus interesses, bem como a eficácia do direcionamento dos esforços que vinha fazendo. Logo após passar por uma cirurgia nas cordas vocais, a jovem Rosalía Vila Tobella deu entrada na Escola Superior de Música da Cataluña (Esmuc).

Foi um ponto de virada. A graduação se encerrou com um show que recebeu várias notas 10,0 e ideias que desembocariam em seu grande projeto de vida.

O sucesso de “Los Ángeles” não foi imediato. Apesar de ter alcançado o top 10 na Espanha e uma série de elogios em sua bolha, a proposta voz e violão parecia limitadora. A crítica disse a princípio que o projeto não absorvia a história e a visceralidade do flamenco, nem mesmo era capaz de transmiti-la a novas gerações. Em artigo assinado para o jornal El Confidencial, o músico e pesquisador Pedro Lópeh definiu as escolhas da artista e de seu produtor “artificiais” e “cansativas”, principalmente no tocante aos arranjos.

A Academia Latina de Gravação, sem dar ouvidos, lareou o trabalho com uma indicação ao Latin Grammy na categoria Artista Revelação. O primeiro troféu, no entanto, só viria por causa da bomba “Malamente”, um misto de hip hop e flamenco que a impulsionou mundialmente. Naquela 19º edição, sem sucesso a depender da perspectiva, o troféu foi parar nas mãos de Vicente García.

Este episódio talvez tenha sido determinante para revelar o caminho. De volta à Espanha na companhia do então namorado Antón Álvarez, depois conhecido como C. Tangana, e do produtor El Guincho, Rosalía dedicou integralmente seus desejos criativos a um novo projeto, desta vez potencialmente pop.

“El Mal Querer” seria não apenas um passaporte para o mundo, como também o grande responsável para que as massas pudessem conhecer uma artista que há muito tempo trabalhava drama e sensibilidade. A forma de expressão, seria fácil perceber, passava apenas por um filtro distinto.

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