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Liniker sobre “Índigo Borboleta Anil”, primeiro disco solo: “É um convite para que me humanizem”

Setembro é marcado como o mês em que se inicia a primavera. Com as características empregadas nessa mudança de estação, muitos simbolizam o período como uma época de mudanças, de desabrochar. Como dizia um líder budista do século treze em alusão às tribulações da vida, “o inverno nunca falha em se tornar primavera”.  A partir desse clima de começos e recomeços, sobretudo de transformações, Liniker lança seu primeiro álbum solo, “Índigo Borboleta Anil”, nesta quinta-feira (9).

Apesar de ainda ser inverno, o dia em que a artista conversou por alguns minutos com o Papelpop teve sol intenso, foi uma tarde agradável e fresca. Com sorriso no rosto, ela discorreu sobre os mergulhos que fez em si mesma para encontrar os versos que chegam ao público hoje.

O disco marca seu maior projeto desde a separação com os Caramelows, anunciada em fevereiro de 2020. Pega de surpresa pela pandemia, o período serviu de maturação das ideias que compõem o álbum. Nas palavras da cantora nascida em Araraquara na metade dos anos 1990, uma “Baby 95”, “esse disco é a versão mais exposta de mim mesma no agora”.

Recheado de sonoridades, que percorrem pelo samba rock, hip hop, jazz, samba, entre outros gêneros da musicalidade negra, trata-se de uma ode às suas origens, à sua família e também a quem ela se tornou. “Todas as músicas partem de um ponto de vista nosso. É um disco pra gente, sabe? Sem mais, é um disco preto, é um disco de black excellence”, explica a cantora.

Para fazer esse resgate da ancestralidade, ela conta com a presença mítica de Milton Nascimento em uma das faixas. Pode-se dizer que “Lalange” será uma das canções mais comentadas e entoadas por sua complexa narrativa, profundidade imensa. A união de duas das maiores vozes do país se encontram em uma trama de identidade e perspectiva. A música é fruto de um sonho que atravessou uma das noites de Liniker e que a fez se reconectar com sua criança interior. É também um cântico sobre Miguel Otávio Santana, menino de 5 anos que caiu do nono andar de um prédio de luxo, no Recife, e para Mirtes, mãe dele.

O tema infância também percorre o projeto em “Baby 95”, uma canção sobre mãe de Liniker, mas também sobre seu nascimento. A outra é “Lua de Fé”, que narra a história da artista descobrindo que Luedji Luna estava grávida. “Eu senti a energia da criança e eu não sabia da gravidez. Acho bonito poder cantar sobre o nascimento do filho de uma contemporânea e de uma pessoa pela qual eu tenho uma verdadeira paixão artística”, disse.

Na produção, a dupla Júlio Fejuca e Gustavo Ruiz conduz uma sequência de faixas adornadas de detalhes e algumas surpresas. Durante a audição do álbum, muitos podem perceber o quanto a dupla, ao lado da cantora, brinca com expectativas e padrões de cada composição.

Além da própria Liniker, Mahmundi, Tássia Reis, Tulipa Ruiz e Vitor Hugo contribuíram com os versos de algumas canções. Tássia e Tulipa, inclusive, também entram em estúdio no samba rock rasgado “Diz Quanto Custa”. Com distribuição digital da Altafonte, entre as 11 faixas os ouvintes poderão se deliciar com a irresistível presença da Orquestra Jazz Sinfônica, de Letieres Leite, do DJ Nyack e da Orkestra Rumpilezz.

Abaixo, leia a íntegra da entrevista realizada com Liniker sobre o singular “Índigo Borboleta Anil”. Como disse a musicista, “é um álbum que, depois de algumas pessoas conhecerem tanto do meu trabalho e quem eu sou a partir dele, é para além de uma certeza, um convite para que as pessoas me humanizem enquanto gente.”

***

Papelpop: Existem muitas definições para os três elementos do título do álbum. Pode remeter a liberdade, consciência, mudanças. Liniker, o que você quis expressar com “Índigo Borboleta Anil” e como chegou nessa ideia?

‘Índigo Borboleta Anil’, na verdade, foi um título que nasceu jorrado. Eu lembro que quando terminei o processo de finalização das composições e olhei pro disco, eu entendi que estava falando de um lugar íntimo, que eu estava falando de uma consciência que era coletiva, mas que ali estava sendo muito pessoal. Então, ‘Índigo Borboleta Anil’ vem pela ligação que esse nome traz conectado à intuição, acho que principalmente por um lugar espiritual pautado no meu axé, na minha religião, em quem cuida da minha cabeça. ‘Índigo Borboleta Anil’ parece um capítulo que se inicia.  Acredito que nesse início de renovação esse foi o nome que me vi dentro da transformação de algo que já existia e que mesmo dentro da existência ainda se permite se reconectar e se refazer.

É uma constante renovação da vida…

Isso. É um movimento. É o disco do movimento. É claro, é o meu primeiro disco da carreira solo, mas não significa que eu não olhe para o meu passado também, para o que eu já produzi. Esse disco entra mesmo como um novo capítulo dessa cantora, dessa artista que as pessoas conhecem. Estou muito feliz com esse processo! Você já ouviu?

Sim! Achei forte como se conectou com minha história de várias formas, com as músicas que cresci ouvindo….

Que demais! Esse é um disco pra nós, é um disco de música preta que fiz principalmente pras coisas que eu ouvia no meu quintal. [É como] esses discos que famílias pretas às vezes escutam nos seus quintais, nessas festas que fazem parte da nossa celebração enquanto gente preta. Também como a possibilidade da gente celebrar algumas coisas dentro de todo recorte que temos que fazer pros nossos corpos, quando a violência e o racismo é só o que é jogado em cima da gente. Acho que esse é um disco de renovações de laços comigo mesma e do meu público com meu som.

Papelpop: Assim como seus demais projetos, a produção do álbum com Júlio Fejuca e Gustavo Ruiz não economiza na união de sonoridades. É um disco de música popular brasileira com samba rock, samba, hip hop, jazz, entre outros gêneros. Como falei, lembrei de muitas pessoas da minha família que compartilharam seus gostos musicais comigo enquanto eu crescia. Quanto do seu repertório musical de base, da sua família, influenciou na construção de “Índigo Borboleta Anil” e o que isso representa pra você?

É justamente isso. É pegar tudo que eu já ouvi e tudo que eu já falei em muitas entrevistas e conseguir botar assim: ‘Gente, é isso!’. É isso que eu ouvi, é o que me inspira enquanto arte e o que tem me inspirado nesse processo. Não é copiar o que já aconteceu, mas é refazer os contratos dessas referências todas e falar: ‘Que bom que minha família me permitiu ouvir tudo isso. Que bom que isso hoje está totalmente dentro do meu trabalho e não é só uma memória, sabe?’

Papelpop: Como o seu primeiro disco solo, existe uma sensação de que pegamos na sua mão para uma jornada pessoal, que começa com bom-humor, passa por amores e desamores, compartilha sonhos da infância e termina com festividade e reflexões. Nesse caminho, sinto que existe um ponto de chegada e um ponto de partida no projeto. Quão profundo foi o mergulho em si para compor essas canções?

Eu acho que o mergulho foi muito corajoso. Depois de tanto tempo com uma carreira, tanto tempo da história que eu tive com os Caramelows, do que isso significou na construção do que eu sou hoje, acho que foi, de fato, sair de um lugar que as pessoas já me conheciam e falar ‘Então, gente, agora eu vou apresentar outra Liniker ou, na verdade, vou apresentar uma Liniker que talvez vocês não conheçam’. Porque nem eu sabia que eu tinha espaço pra fazer esse som. Na verdade, eu sabia que tinha essa vontade de fazer, mas acho que eu não tinha tido espaço ainda. E poder fazer um disco onde trago todas as minhas referências, onde convido o público a entrar nessa jornada comigo, deste sonho, desse ‘Índigo Borboleta Anil’, dessa cor que eu quis mostrar. Acho que todas as águas que eu falo no disco são para as pessoas terem a noção de onde estou falando. De qual é a textura dessa coisa, qual é a temperatura disso. Acho que é um álbum que, depois de algumas pessoas conhecerem tanto do meu trabalho e quem eu sou a partir dele, era para além de uma certeza, um convite para que as pessoas me humanizassem enquanto gente. Enquanto artista eu sou conhecida, mas às vezes eu sinto que tem uma expectativa muito grande sobre as minhas entregas, uma expectativa muito grande que é violenta quando me perguntam quando o meu trabalho vai ser político, sabe? E meu trabalho tem sido político desde o meu primeiro vídeo, desde a minha decisão de querer cantar sabendo o que é destinado a corpos pretos e a corpos transvestigeneres LGBTQIA+. Acho que esse disco é a minha versão mais exposta de mim mesma no agora. Por mais que o disco seja lançado nessa semana, eu ainda me sinto num processo contínuo. Sinto que ele é um disco de tantas camadas, que me trouxe e tá me levando para tantos lugares que não é só o lançamento dele que me dá a sensação de conclusão. Eu quero poder viver ‘Índigo Borboleta Anil’ como um disco de bastante tempo. Não sei, né? Pode ser que no ano que vem eu fale ‘Gente, vou lançar outro disco’ [risos]. Mas agora sinto como um disco de querer aproveitar. Querer aproveitar esse lugar tão intrínseco e tão íntimo que eu mergulhei nesse processo de criação e a partir do momento que estiver lançado, que eu também consiga aproveitar. Eu acho que é um gozo que não deixa a gente viver e que eu tô com vontade de experienciar a totalidade máxima disso. A experiência de estar me alimentando de um ajeum* que eu fiz, de me alimentar de um processo que eu acreditei em mim, arregacei a manga, convidei pessoas, me instrui pra poder fazer e lanço essa semana. Estou bastante emocionada esses dias por perceber o quão foi importante não ter desistido. O quão importante foi não ter tido medo principalmente quando rompi com a banda depois de um longo tempo, mas do meu medo não ter me paralisado, sabe? Do meu medo ter me encorajado a entender que, claro, com a banda eu consegui muitas coisas, mas sempre quem me acompanha para além dos meus orixás e dos meus ancestrais é a música, então eu nunca estive sozinha.

*A palavra ajeum (ajeun) é a contração das palavras awa (nós) e jeun ou jé (comer) transformada poeticamente em “comer juntos”, uma refeição grupal, comunal. O horário do ajeum, no candomblé, é um momento solene, em que ocorre a reunião da comunidade em torno de um alimento comum.

(Foto: Caroline Lima)

Papelpop: No passado, as suas primeiras músicas vinham de cartas não enviadas. Qual é a origem desses novos versos? Que lugar essas narrativas ocupam na sua história?

O eu lírico do amor desse disco sou eu mesma. Acho que é o amor próprio por mim mesma, não é mais entregando carta que eu não tinha coragem de entregar. É me colocando em primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto lugar. É um novo momento de amor próprio e de consciência de quem eu sou e de quem eu tenho me tornado até aqui. Muitas das músicas que eu tinha escrito nos meus primeiros discos, do EP, eram lugares de afeto, mas era um afeto meio platônico. E aí até pensar qual é o lugar de afeto direcionado a copos trans e corpos pretes nesse sentido, que, falando de mim, muitas vezes sinto que vejo mais no outro do que eu mesma vivendo. Por exemplo, eu lembro de ‘Zero’, em que eu cantava e as pessoas se beijavam, se pediam em casamento, se relacionavam, e eu ficava pensando ‘Quando é que esse afeto vai chegar pra mim desse jeito? Quando é que eu também vou me ver nessas histórias de amor que eu tô cantando?’ Então, instaurar um lugar de amor próprio que eu cante sobre mim, que eu cante sobre a minha cachorra Clau, que eu cante sobre ser debochada em ‘Diz Quanto Custa’, é um lugar que eu me humanizo e que me coloco em primeiro plano. Tá sendo muito legal esse disco ser um documento do meu agora. O que estou sentindo hoje, o que estou cantando hoje, não é um lugar platônico. Essa é a Liniker que eu sou. Está sendo interessante! A terapia também tem sido um combustível bastante interessante para acessar esse lugar de amor próprio e de aprender a me colocar em primeiro lugar. Também aprender a não ter culpa, que eu vejo que é um sentimento com as pessoas pretas que eu trago também, um sentimento muito latente nas nossas vivências. Por mais que você ocupe um lugar de trabalho, de conseguir ganhar seu dinheiro, de se suprir enquanto gente, tem sempre uma culpa por a gente saber que muitas outras pessoas pretas, e no meu caso também pessoas LGBTQIA+, não estão no mesmo lugar que eu ocupo. É um disco de retomada de coragem e de abundância em todos os sentidos.

Papelpop: Uma das faixas mais densas do disco é “Lalange”, uma história que retrata a infância, o passado e ainda carrega a presença singular de Milton Nascimento. Sendo uma obra que também fala sobre Miguel Otávio Santana, como essa narrativa puxa questões da sua identidade, da negritude e também sobre a ideia de perspectiva para o povo negro brasileiro?

Eu acho que falar do Miguel neste trabalho e, de forma alguma, eu vou conseguir devolver algum alívio para o que a Mirtes [mãe dele] deve estar sentindo agora. É o que muitas outras mães pretas também sentem quando os corpos de pessoas pretas são totalmente, enfim, violentados e chegam no nível de morte. Mas em algum lugar de olhar pro Miguel e entender que também na vida eu poderia ter sido essa criança. Minha mãe também foi doméstica e também precisou me levar muitas vezes para trabalhos dela. Também sofremos racismo, sofremos violências e eu queria que onde o espírito dessa criança esteja hoje, que a ancestralidade pudesse receber ele com acolhimento e com carinho, assim como essa música chegar na Mirtes. O sonho que eu narro no disco eu tive mesmo, e foi antes. E acho que a procura dessa criança, de ‘o sonho acabou e não encontrei minha criança’, talvez fosse porque eu estava procurando algo que eu nunca fui, que era um menino. E, de repente, me achar adulta contando essa história, falando de uma criança que virou ancestral com a conexão do Milton, que é o nosso ancestral no tempo presente. Poder falar e ter esse arranjo de orquestra, ter esse arranjo de sonho…esse arranjo é um lugar muito denso. É uma densidade que ela corrói porque ‘parece um sonho mais dói’. A gente tá cansado de chorar, a gente tá cansado das notícias, a gente tá cansado de ver cada vez mais os nossos corpos continuando a ser estatística. Acho que é uma devolução afetiva para a minha criança interior também. É um pacto de perdão com a minha história e comigo mesma. Às vezes dentro da culpa a gente não consegue entender que éramos apenas crianças e não sabíamos como agir. O tempo também faz com que essas memórias se curem.

Papelpop: Esse lugar da infância também está inserido em “Lua de Fé”, em que você canta para o Dayo, primeiro filho da Luedji Luna. Pensando nela, em “Lalange” e nesse início da vida, “Baby 95” é a história dos seus pais?

‘Baby 95’ não é [risos]. É mais a história da minha mãe. Ela sempre fala que na minha feitura ela ganhou dois troféus. A minha mãe era miss, ela competia, era modelo. Ela engravidou de mim e ganhou um concurso na mesma noite. Por isso, ela fala que voltou para Araraquara com dois troféus. ‘Baby 95’ é a celebração do nascimento da Liniker! Essa é a trajetória da jornada que eu convido o povo pra vir comigo. Eu não existi à toa. Nasci em 1995, filha da Angela. Tanto é que em uma das cenas do clipe, eu uso uma camiseta com uma foto da minha mãe segurando esse troféu. Eu apresento no disco o passado, o presente, o futuro e…o além. Todas as músicas partem de um ponto de vista nosso. É um disco pra gente, sabe? Sem mais, é um disco preto, é um disco de black excellence. Nesse sentido, é beber de tudo que é possível, sem arrogância ou nariz em pé. Quero aproveitar a totalidade dessa abundância. Eu não sou isso sozinha, tenho certeza disso.

Papelpop: A faixa-bônus “Mel” é mais crua, apresenta sonoridades e ruídos do ambiente onde você está. Traz uma aclimatação cheia de sinceridade. Você se apresenta, toca, conversa com o ouvinte e fala que essa faixa entrou porque fez sentido pra você. Me conte, hoje, o que faz sentido na sua vida e na sua arte? O que é essencial para sua vivência?

‘Mel’ também é [um momento de] abrir para o público o lugar do estúdio, onde e como acontecem os discos. Depois de um álbum cheio de arranjos com orquestra, de sopros e tudo mais, é poder mostrar que começamos assim, com voz e violão. Hoje, o que vale a pena pra mim é estar conectada comigo mesma. É me colocar em primeiro lugar e isso sem ser egoísta, mas instaurar um lugar que é tanto tirado da gente, que é tanto tirado do meu corpo. Acho que é um lugar de poder aproveitar abundância em todos os sentidos e querer que também as outras pessoas sintam e tenham isso também. Acho que é um disco em que eu precisei ter muito jogo de cintura comigo mesma pra eu não me boicotar. Dentro da insegurança ou dentro da culpa [vinham as perguntas] ‘Ah, mas será que vão me escutar? Será que vão gostar desse disco? Será que vão me achar clássica demais?’. E esse ‘será que vão’ virou ‘o que é que você quer?’. Então, o desejo é o fio condutor desse processo e da minha vida no momento.

Papelpop: “Vitoriosa” é uma música de celebração, de conquista. Ter esses sentimentos em 2021 é um desafio, mas não deixa de ser possível. Estamos vivos, estamos aqui. Qual a importância de incluir esse samba-enredo no disco? O que te faz se sentir vitoriosa hoje?

Quando eu falo do disco ser passado, presente, futuro e além, ‘Vitoriosa’ é gritar esse momento novo de nascimento, mas ao mesmo tempo é dizer pra mim mesma e tentar, de alguma forma, dizer pra quem escute que a esperança ainda não acabou. Tá ruim, tá péssimo, mas que a gente não perca o fio condutor de ter esperança, que a gente não perca a possibilidade de seguir sonhando, de seguir se conectando com a gente. ‘Vitoriosa’ também é um presente pro meu quintal lá em Araraquara, pra minha mãe, pra minha avó e, principalmente, pra minha criança. Quando eu era pequena, ficava sentada vendo os discos de escolas de samba da minha avó. Lia a ficha técnica, via as fotos, assista até de madrugada as escolas de samba com a minha mãe e com a minha tia. É quando você olha pra você e fala ‘Meu Deus, olha tudo o que eu vivi. Olha tudo que eu tô fazendo hoje’. Acho que é mais no sentido de celebrar. Sem culpa, eu quero aproveitar o gozo da vida.

(Foto: Caroline Lima)

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