O mundo ficou de joelhos para Ricky Martin quando, em março de 1999, o cantor lançou o single “Livin’ La Vida Loca”. A canção, um prenúncio de seu quinto álbum de estúdio, autointitulado, descreve na letra uma mulher devota de superstições, meio vidente e que, do dia para a noite, decide viver uma vida adoidada. Ela cai na pista e rouba corações, despertando sem medo, após longas noitadas, em hotéis baratos de Nova York.
Essa “bomba latina” vinha na esteira de “The Cup of Life”, faixa tema da Copa do Mundo da França, em 1998, e que o catapultou diretamente ao palco do Grammy. Na ocasião, Martin levou pra casa o troféu de Melhor Álbum Latino de Pop e foi citado em praticamente todas as revistas e jornais por sua apresentação, uma esfuziante combinação de jogos de cena e sensualidade.
Era o pontapé de um movimento que ainda hoje é peça-chave para compreender as engrenagens da indústria musical em espanhol. “Ricky Martin”, o disco, chegou em maio de 99 com 14 faixas em inglês. Com a projeção que tinha conquistado nos últimos anos, boa parte dela graças a sua presença no grupo Menudos e em atuações em novelas de grande alcance, o cantor soube aproveitar o momento inaugurando o que se conheceria por “era dos crossovers”. Jennifer Lopez, Shakira e Marc Anthony fariam sua ‘migração idiomática’ muito em breve.
Além do produtor Emílio Estefan Jr., Martin também convocou para o projeto o brasileiro Baby Love e Javier Garza, sendo este compositor de clássicos do pop 1990’s como “Ojos Así”.
As críticas foram mistas. Embora publicações como Rolling Stone e The Village Voice tenham mantido posturas ressabiadas em relação ao conteúdo, a revista Billboard e o site All Music deram pareceres positivos. Este último conferiu 4/5 estrelas em sua resenha afirmando que “apesar dos momentos de enrolação e produção desatualizada, as músicas eram equilibradas entre músicas pop dance uptempo, baladas poderosas e músicas pop midtempo formando um álbum grandioso e ousado com algo para agradar a todos, desde seus fãs latinos de longa data às donas de casa com uma queda por baladas dramáticas”.
Enquanto se observava uma série de tradicionalismos de um lado, ao atravessar essa ponte anglófila era possível encontrar o produtor britânico William Orbit e a rainha Madonna, responsáveis por compor e produzir uma das faixas mais importantes do projeto. “Be Careful”, canção descartada do disco “Ray of Light”, ganhou nova vida nas mãos de Martin.
“Quando ela estava na Argentina gravando o musical ‘Evita’ [em 1996], eu estava em turnê. Ficamos no mesmo hotel e meus fãs eram bastante notáveis”, disse tempos mais tarde. “Depois do Grammy nos aproximamos. Rolou uma química rápida. Tínhamos apenas 15 dias antes da estreia do disco, eu roendo as unhas, mas Madonna estava super confortável trabalhando naquilo, bem flexível”.
Foi assim, de última hora, que a canção entrou na mixagem. Em exatamente dez dias indo e vindo do estúdio, a letra original foi traduzida e adaptada pelo próprio Martin, recebendo como título alternativo “Cuidado Con Mi Corazón”. Marcada pela forte presença da percussão e da guitarra flamenca, elementos com os quais Madonna já tinha trabalhado anteriormente, a faixa é um dos pontos altos do projeto e resguarda resquícios de uma artista mais espiritualizada, em sintonia com o eletrônico e pronta para oferecer preciosas dicas ao colega, sedento por conquistas inéditas.
Os planos, no entanto, não foram muito longe. A ideia de lançar “Be Careful” como single acabou indo para a gaveta em virtude de uma agenda de projetos cinematográficos assumida por Madonna. “Se Deus quiser vou fazer um videoclipe com ela em janeiro [de 2000], em Porto Rico, é uma história romântica do século, muito artístico, acho que a canção apresenta um pouquinho das influências da Madonna, mas também latinas”, confessou Martin, em português, à MTV Brasil. “Ela [Madonna] é muito intensa e eu a admiro, depois de tantos anos de carreira ela tem a necessidade de se expressar e aprender”.
Do seguimento de baladas, cabe ainda destacar a potência de “She’s All I Ever Had” e “I Am Made of You”, duas canções clássicas de pop/rock. No entanto, a criatividade de Martin nunca se restringiu à doçura dos versos apaixonados de modo que “Spanish Eyes” e “Shake Your Bon-Bon” acabaram por mostrá-lo o caminho a ser seguido. Em “Ricky Martin”, o disco, esse jovem cantautor partiu em busca de si e do que poderia tornar sua experiência artística completa – uma jornada que, ao parecer, ainda está longe de seu fim.
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