“Refém”, o primeiro single de Izrra após o “The Voice Brasil“, foi lançado nesta sexta-feira (20). “Isso faz eu poder mostrar para outros moleques da minha idade que podemos realizar sonhos e fazer a nossa coroa estar no lugar que ela merece”, disse o artista ao Papelpop.
Nós conversamos com ele na véspera do lançamento. Pelo Zoom, o cantor falou sobre uma série de assuntos: o novo single, o contrato com a Universal Music, a importância da família, o gosto por moda, os aprendizados do “The Voice”, a admiração pela Liniker e os planos para o futuro.
Empolgado, Izrra aproveitou a oportunidade para avisar que pretende lançar um álbum até o fim do ano. O objetivo é entrar em 2022 “com o pé direito, as duas pernas, o corpo todo”, segundo o próprio artista.
Bora conferir o trabalho dele?
A entrevista completa está disponível abaixo:
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Qual é a melhor parte de já sair do “The Voice” lançando single com uma grande gravadora?
A melhor parte é estar realizando um sonho, né? É uma conquista. É você estar lançando uma música e uma composição sua que tinha medo de colocar no mundo. É estar fazendo música, algo que eu sempre amei fazer.
Em “Refém”, você exalta o amor em todas as suas formas. Qual é a importância de cantar sobre afetos não românticos também?
Nós vivemos hoje em uma sociedade muito complicada. Vemos preconceito, racismo, uma pandemia e tanta coisa acontecendo a nossa volta… Acho que é preciso e muito importante estar falando de amor nesse momento. É algo que falta muito no coração de algumas pessoas. Pode falar, chegar e exaltar isso faz parte dos meus princípios. Foi uma coisa que sempre aprendi, desde pequeno. Esta é uma oportunidade de botar em prática tudo aquilo que aprendi.
E por que será que a maioria das músicas são sobre amor romântico? É uma coisa que me questiono desde criança.
Cara, eu já parei também para pensar sobre isso. Acho que depende muito do compositor que estava escrevendo, no que o coração dele estava vivendo e pensando. Só que há várias formas de falar de amor, não só [amor] de romance. Uma coisa sobre o que você me perguntou agora é que, quando somos pequenos, sempre tem apresentação do Dia das Mães [na escola]. É sempre dedicado aquele dia para ela. Então, esse é mesmo outro tipo de amor. Não é só sobre romance. Tentamos falar do amor de alguma forma… Agora fiquei confuso também [Risos].
[Risos] É uma pergunta complexa mesmo. De qualquer forma, queria dizer que achei muito legal a divulgação do seu novo single, em que você fez algumas publicações no Instagram exaltando mulheres pretas. Apesar daquelas já serem pessoas bem famosas, fiquei curiosa para saber se isso é algo que pretende continuar fazendo. Para você, é importante dar esse apoio?
Sim! Não só para elas, mas para artistas independentes também, que estão começando. Acho que o “The Voice” me trouxe uma oportunidade muito grande que eu abracei, mas existe algo além disso, sabe? Existe o amor de cada um. Todo mundo vive de arte. Então, acho muito importante [dar esse apoio], porque eu aprendo demais com a arte de cada um. A Liniker por estar vindo quebrando tabu e a música dela são muito importantes na minha vida. Me trouxe esse amor de poder viver de música porque eu não acreditava em mim. Eu sempre fui uma pessoa muito tímida que sempre falava “sim, sim, sim”. A música da Liniker me transformou. Na música “Zero”, ela está falando sobre um amor, um romance: “Deixa eu bagunçar você”. A vida falava assim para mim quando eu ouvia essa música: “Izrra, deixa eu bagunçar você, mostrar que não é isso. Se doe, se jogue e acredite em você”. Era isso que a música da Liniker passava para mim. Estou homenageando a MC Carol também por ter sido uma pessoa muito importante na minha infância com essa coisa de estar sempre sorrindo, fazendo a galera dar risada e zoando. Isso faz parte de mim. Quero poder homenagear pessoas que marcaram cada parte da minha vida para que eu pudesse estar aqui.
Ah, eu queria falar que adorei a roupa que você usou no clipe. Você curte moda?
Minha mãe fez a roupa. Eu falei: “Mãe, estou pensando em uma ideia aí”. Tem também uma stylist que cuida de mim desde muito tempo, a Rahiza. Fomos juntando umas ideias. A música “Refém” fala sobre quebrar amarras, correntes e coisas que nos prendem. Aí, como você pode ver, estou usando um kilt, né? Eu tenho que falar isso porque é uma coisa importante. Vou falar de São João de Meriti, de onde eu sou. Lá, se eu usar uma saia, os moleques vão me gastar, me zoar e tal. Eu sempre gostei de me vestir dessa forma. Eu sempre gostei desse estilo diferente, algo mais descolado. É bom estar trazendo isso para a galera de hoje em dia, do tipo “você pode se vestir da forma que quer e gosta”. Ter a minha mãe fazendo a roupa também é muito importante para mim, porque faz ela estar mais próxima da minha arte e do meu trabalho. A banda ali atrás com a máscara ficou muito chique. Foi ideia do diretor do clipe.
Em uma reportagem antiga da Record, falaram que você ajudava bastante a sua mãe, que costurava e tal. Pode falar um pouco sobre como era isso?
Eu a ajudava tomando conta da minha irmã mais nova, arrumando a casa, arrematando roupas, indo na rua para comprar material e entregando o trabalho dela. Sempre pensando em conjunto. Minha família sempre foi muito unida nesse aspecto. Se estou aqui hoje, foi por conta de uma mulher que batalhou e trabalhou muito por mim. Eu fiz o que eu podia para retribuir a ela. Ajudar a minha mãe me fez aprender muita coisa. Hoje estou podendo vivenciar uma parada muito diferente da qual eu vivia. Tenho a oportunidade de talvez ir em um restaurante para o qual a minha mãe entregava roupas, sabe? Aconteceu essa virada na vida. Então, poder levá-la a esses lugares hoje é muito importante. Isso faz eu poder mostrar para outros moleques da minha idade que podemos realizar sonhos e fazer a nossa coroa estar no lugar que ela merece.
Voltando a falar de moda, só me conta quem são as suas referências de estilo!
O meu pai! Ele é um cara super estiloso. Tem também os meus amigos. Eu gosto muito de moda, assistir desfiles e ver os meus amigos posando, fazendo fotos diferentes. Eu tenho muita referência de fora, assisto e tal, mas é mais musical do que ligado à moda.
Bom, uma vez você disse que um elogio vindo da IZA no “The Voice” “te trouxe a autoestima que um dia havia sido tomada de ti”. Isso me fez pensar na sua jornada até aqui. Quais foram as maiores dificuldades que encontrou quando decidiu virar artista?
Eu sou um homem preto, né? Já ouvi muita coisa sobre o meu cabelo, a minha cor e meu modo de me vestir, tipo “preto, macaco, seu cabelo é duro…”, “para você ter um relacionamento comigo, você vai ter que cortar” ou “se você pintar a unha, é viadinho”. Essas coisas nos fazem perder a autoestima. No “The Voice”, foi o momento de ter a IZA, a mulher mais linda do Brasil, virando pra mim e me chamando de lindo. Aí eu pense: “Velho, preciso me colocar na minha posição. Entender que eu sou lindo, sim, como a IZA disse”. Hoje eu me arrumo para mim. Gosto de me vestir diferente para mim, e não para mostrar para os outros. Trazer esse empoderamento preto para a galera como eu é importante demais. Ter esse olhar da IZA para as outras pessoas é muito importante. Isso traz [de volta] a nossa autoestima. Eu tinha perdido a autoestima por um tempo até por causa das pessoas com as quais estava convivendo. Elas me colocavam muito para baixo com esse tido de escrotidão.
E quais outros aprendizados você tirou do “The Voice”?
Foco. Para obtermos algo que queremos, precisamos ter foco, dedicação e amor na parada. Eu vivi o “The Voice” com muita intensidade ainda mais por ser uma edição muito diferente das outras, sem plateia. Estamos vivendo uma pandemia e não podíamos ter contato um com o outro. Cada pessoa que passava ali e era eliminada parecia que éramos nós. O “The Voice” me ensinou ter muito amor pela música, pelas pessoas que estão trabalhando e vivendo de arte também. Ele me trouxe muito isso.
Por ser uma edição sem plateia, foi mais difícil para você perceber a projeção que estava tendo no reality?
Foi diferente porque estive um ano antes na plateia com a minha irmã. Como parte da plateia, vi os jurados lá de cima e a galera vibrando com cada participante que passava. Um ano depois, estar no palco e ver aquilo tudo vazio por trás dos técnicos é bem diferente, mas me senti muito abraçado pelo que a galera colocava na internet. Eu ficava lendo e era como se eles estivessem fazendo parte daquilo junto comigo, na plateia.
O que pode me contar sobre os planos para o resto do ano e início de 2022?
Até o final do ano eu vou estar lançando um álbum. Esse projeto é de dois singles e um álbum com dez faixas. Então, quero estar entrando em 2022 com o pé direito, as duas pernas, o corpo todo, me jogando. Poder cantar, fazer show, abraçar, sentir o calor da galera é tudo o que eu quero.
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