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Exclusivo: Jade Baraldo lança clipe de “Não Ama Nada” e fala sobre nova fase da carreira
Sexta-feira é dia de lançamento e esta nos trouxe o novo single da Jade Baraldo, “Não Ama Nada”. Ele funciona como um protesto contra relacionamentos abusivos, apresentando uma cativante mistura de batidas agressivas com letra chiclete. O clipe você confere em primeira mão aqui, no Papelpop.
O lançamento é o primeiro da cantora catarinense após fechar contrato com a Warner Brasil. Anteriormente uma artista independente, agora ela mostra por quais caminhos pretende percorrer nessa nova fase.
Vem conferir!
Para saber mais sobre o trabalho da Jade, nós batemos um papo com ela por chamada de vídeo no Zoom. Com muito carisma, a artista nos contou detalhes dos bastidores de “Não Ama Nada”, além de se abrir sobre as maiores ambições e como se sente privilegiada em poder trabalhar com arte no Brasil.
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Papelpop: Jade, a primeira coisa que você vai ter que me contar é porque decidiu fechar contrato com a Warner Brasil. Eu lembro que logo depois do “The Voice” você chegou a recusar algumas propostas por achar que o lado artístico não era valorizado por gravadoras. O que te fez mudar de ideia?
Jade Baraldo: Na verdade, eu passei por uma situação muito ruim com uma gravadora e isso me deu me deixou um pouco traumatizada. Por isso eu quis ser independente. Eu pensei: “Ah, eu vou conseguir fazer isso sozinha e é isso aí”. Só que esse romantismo todo de ser independente não dura, porque você não consegue expandir mais a partir de um espaço, sabe? Você não tem tanta força. É muito legal você aprender a fazer as coisas sozinha e ser artesanal. Ainda hoje eu participo de tudo, sou onipresente. As pessoas falam assim: “Cara, eu não sei como você não enlouquece”. Estou sempre muito presente em tudo. Gosto muito disso. É muito legal! Só que chega uma hora que a gente precisa de uma estrutura maior, principalmente quando você tem sonhos grandes.
Quais são os seus maiores sonhos?
O primeiro sonho é um Grammy. O segundo é fazer uma música para Lady Gaga, um feat. com ela ou qualquer coisa. Eu preciso conhecê-la! O terceiro sonho espero que não esteja muito distante… é tocar nos maiores festivais, como Coachella, Lollapalooza… No Rock in Rio, eu já toquei, mas não foi no palco grande. Quero realizar o sonho de tocar em um palco grande. Meu maior sonho é ser reconhecida internacionalmente, mas não é só isso. Eu quero ser conceituada, diferente, uma das maiores artistas e levar a minha essência do Brasil. Meu sonho é fazer isso cantando para as mulheres, dando voz a elas. Eu quero também me juntar a ONGs que apoiam mulheres. Sinto que essa é a minha missão.
Tudo o que você falou é ainda mais possível no atual momento do pop brasileiro. Ele cresceu muito nos últimos anos, tendo cada vez mais visibilidade internacional, participações em grandes festivais e tal. Como você se sente fazendo parte desse cenário?
Eu acho maravilhoso! O Brasil é muito rico e muito f*da. As mulheres do Brasil são muito f*das. As minorias no Brasil são muito f*das. Nós, que somos oprimides, temos muita coisa pra contar e precisamos ser ouvidos. Acho que esse é o momento do mundo parar, escutar e nós fazermos barulho, além de apoiarmos uns aos outros. Então, eu me sinto muito honrada e privilegiada, na verdade, de poder ser artista no Brasil, que é um país tão difícil, que não valoriza a arte e é quase um anticristo contra a cultura. Eu sei que é muito do meu esforço também, da minha equipe, da sorte e de tudo o que me rege, mas me sinto muito lisonjeada.
“Não Ama Nada” vem para abrir a nova era. Pode falar um pouco sobre a mensagem que quer passar com esse single?
O próprio refrão de “Não Ama Nada” já é um protesto, porque ele diz: “Fala que me ama, que me ama, que ama / Não ama nada / Foda-se sua grana”. Essas são as partes mais memoráveis do refrão, que ficam na cabeça. Tenho certeza que a pessoa que escutar vai acordar no outro dia cantando, porque é muito chiclete, muito marcante. É um protesto para esse tipo de relacionamento abusivo que as mulheres enfrentam muito hoje em dia no trabalho, com a família e, enfim, qualquer ambiente. A pessoa fica ali puxando o saco e, na verdade, só quer te usar, te manipular, te sugar. Então, é como se fosse um alerta mesmo e um protesto pra todos os malditos e crocodilos que estão aí.
Você descreve a música como uma mensagem para todos os filhos da mãe que já passaram na sua vida. Acha possível que as pessoas se enxerguem dos dois lados da história? Estou perguntando isso porque todo mundo já foi filha da mãe na vida de alguém, né?!
Nessa música não tem lugar de fala para a pessoa que foi filha da p*ta. Eu acho que as pessoas que mais vão se identificar são as que já foram vítimas disso ou estão passando por isso, que podem até ter um clique na hora. Para quem já superou é como se fosse um grito de guerra, tipo: “Ahh! Consegui! Eu não sou mais idiota. Você não vai passar por cima de mim, porque eu já te conheço. Podem vir os próximos! Eu já estou preparada, meu bem”.
Me conta um pouco sobre como foram as gravações do clipe?
Nossa, foi uma loucura! Primeiro que a gente foi gravar em um internato de 1920. Acho que foram mais de 12 horas de gravações. Começamos às 16h e fomos até as 7h do outro dia. Queríamos fazer mais cenas, mas não deu porque o corpo não deixou mesmo. Foi muito intenso. Tivemos que cortar algumas cenas… Acho que vou acabar soltando as cenas que não usamos em algum momento. Tem uma que é muito bonita, que é de um santa, só que eu já estava muito cansada e correndo perigo ainda por cima. Eu estava em um altar e tinham três lances de escada embaixo. Fiquei pensando: “Se a minha perna tremer aqui, estou f*dida. Vou morrer”. A performance acabou não ficando tão boa nessa cena e optamos por não usar. Ah, e teve outra coisa! Antes a música se chamava “Vou Pisar”. Aí, quando eu estava gravando uma bateria de vídeos anunciando o lançamento, disse: “Não Ama Nada”. Não sei o que aconteceu. Tive um clique e mudei na hora. Todo mundo ficou: “Como assim, Jade?! Já está tudo ‘Não Vou Pisar'”. Eu falei: “Ai, gente, tem que confiar no feeling da artista. Vamo nessa!”.
Uma vez você disse que pra ser artista de verdade tem que ter coragem para poder cantar sobre dores, se expor e tal. Quando se descobriu corajosa assim?
Na verdade, eu sempre tive essa personalidade e fui muito pé na porta. Esses dias eu estava reclamando para minha mãe: “Por que eu sou tão reativa?! Ai, não quero mais ser assim, ser essa pessoa que já responde e quer devolver na mesma moeda”. Eu não engulo sapo. Aí, ela falou: “Filha, quando era criança, você chutava a canela das pessoas porque não sabia argumentar no mesmo nível. Agora que você sabe argumentar f*deu”. Os adultos inclusive adoravam implicar comigo, porque sabiam que eu era estourada (risos). Acho que sempre fui muito expansiva, calorosa e intensa, sabe?
E, por falar em coragem, aos 18 anos, você lançou o primeiro single cantando “vadia, louca, depravada”, apesar de ter tido uma criação católica e ainda existir um tabu em relação à sexualidade feminina. Como você enxerga isso hoje? Sente orgulho?
Super! Acho que foi uma coisa bem natural da minha parte. Eu não fico pensando muito. Eu não pensei em ser top 1 do Spotify. Na verdade, eu me choquei que as pessoas se chocaram com o que eu estava falando. Eu sempre tentei tratar com muita naturalidade a sexualidade feminina, porque é uma coisa para mim muito natural mesmo.
Ainda sobre a sua trajetória, queria fazer mais uma pergunta. Você é filha de músicos, certo? Você acha que carrega um pouco deles no seu som?
Sim, eu levo bastante deles. Meu meus pais tocavam muito MPB. Minha mãe é muito fã de Elis Regina, que eu cresci escutando. Sou fã dela até hoje. A gente absorve muito quando é criança, né?
Soube que ainda criança, além de estar rodeada por música, você ainda fez aulas de dança, algo que continua na sua vida até hoje. A dança supre de forma diferente da música a sua ânsia por se expressar?
Com certeza! A liberação de energia é muito instantânea e primitiva na dança. Nós ficamos em um estado bem físico e espiritual também. Graças a Deus eu consigo juntar todas essas coisas em uma arte só. Eu gosto muito de cinema, audiovisual. Acho que, se eu não estivesse trabalhando como artista musical, estaria provavelmente no audiovisual ou na moda. Eu achei um trabalho no qual consigo expressar todas as minhas facetas. Eu tenho muitas personalidades. Eu tenho ascendente em gêmeos, então gosto de passear por elas. É por isso que sou meio onipresente, porque gosto de fazer as coisas. Sei que uma hora vai ficar muito cansativo e impossível por causa da demanda, mas estou aproveitando enquanto posso.
Como artista, você apresenta uma Jade forte, poderosa, sensual e às vezes até agressiva. Existe alguma parte da sua personalidade que as pessoas jamais imaginariam que existisse a partir do seu trabalho?
Eu sou muito coração, uma pessoa acolhedora, carinhosa e profunda. Eu gosto de fazer os outros se sentirem à vontade. Então, eu sempre procuro tratar com muito carinho a minha equipe, minha família e meus fãs. Eu sou muito próxima deles. Eu gosto de pessoas trabalhando em conjunto, dessa magia e harmonia que acontece quando você está em sinergia com toda a equipe e seus amigos. Para mim, isso não tem preço. É a melhor coisa quando todo mundo se olha assim: “Caramba, a gente conseguiu”. As pessoas acham que eu vou chegar, abrir a porta, começar a dançar e cantar “vadia, louca, depravada”. Gente, eu sou normal! Eu choro, tenho sentimentos, sou uma pessoa vulnerável, reflexiva e, às vezes, introspectiva. Eu gosto de ter o meu espaço, meu momento para chorar e fazer poesias. Procuro ser essa pessoa forte, que é o que sou desde muito pequena, mas eu também não deixo de explorar esse lado sentimental e frágil de ser vulnerável, humana, olhar no olho da pessoa e me conectar com ela de fato. Eu não quero nunca perder isso. Eu sempre seleciono muito bem as pessoas que estão ao meu lado porque, se um dia eu começar a perder isso, quero ser avisada.
Para ir encerrando, me fala mais sobre a nova era! Está me lembrando um pouco “Reputation”, da Taylor Swift.
Essa minha nova fase não é nada mais nada menos do que a melhor versão da Jade. Vou colocar todas as cores na prateleira para as pessoas verem. Esse single, em específico, é, sim, uma era meio “Reputation”. Eu acho que a ideia não é nem de vingança, mas é no sentido de “consegui, bitch” e como um alerta também para os próximos do tipo “não mexe comigo, porque sou muito boazinha e cordial, mas, quando é para ser escrota, eu sei ser escrota”. Sobre as próximas músicas, eu não vou dar muito spoiler porque não posso. Só que eu não vou ficar só em uma personagem, porque eu sou muitas (risos).
Ouça o novo single da Jade nas plataformas digitais.