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Entrevista: CyberKills cria movimento envolvente no experimental “Travessia”, EP de estreia
“Travessia” é o nome do EP que abre a nova era do CyberKills. Lançado na última quinta-feira (12), o projeto de Rodrigo Oliveira (SP) e Gabriel Diniz (PB) conduz uma narrativa sonora a partir de uma obra totalmente instrumental.
Durante essa semana, o Papelpop conversou com os músicos sobre o compilado de estreia, que chega na sequência de remixes oficiais para artistas como Pabllo Vittar, Linn da Quebrada, Jup do Bairro e Gloria Groove. Na trilha de colaborações, a dupla já conta com mais de 1.5 milhão de execuções no single “Hit de Carnaval”.
Em conjunto das novas canções, um psicodélico visualizer também foi divulgado. No vídeo, toda a estética proposta pelo duo transborda na tela. Antes de ler a entrevista completa, confira o registro audiovisual:
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Papelpop: Vocês deram o nome do EP de “Travessia” por conta da jornada de vocês como grupo. Como foi essa travessia de vocês rumo ao lançamento do EP?
Esse título veio de um processo de superação durante esses quase 3 anos de superação. Durante muito tempo éramos só nós dois a alguns longos quilômetros de distância. Em janeiro deste ano, pudemos nos encontrar pessoalmente pela primeira vez e, para isto, tivemos que nos deslocar. Foi um esforço que nunca imaginávamos que pudesse ser possível no contexto da pandemia. Mudanças, viagens, concessões para que o projeto seguisse vivo. Isso tudo foi inspiração para que o EP tomasse forma. Antes mesmo desse encontro, em janeiro, já estávamos trabalhando indiretamente no Travessia. A música “Refém”, por exemplo, foi refeita a partir de um instrumental que estávamos experimentando com Gloria Groove. Em “Sina”, de repente o Rodrigo conseguiu reproduzir no serum o mesmo sintetizador de Break The Ice de Britney Spears. Enfim, sem muitas intenções nos deparamos com várias demos que combinavam sonoramente entre si.
Papelpop: Tendo trabalhado com Pabllo Vittar, Mia Badgyal, Linn, Gloria Groove, Jup e tantos outros, é diferente surgir agora com um lançamento autoral?
Completamente. Há uma pressão grande sobre como as pessoas vão encarar apenas as figuras Gabriel Diniz e Rodrigo Oliveira sem ninguém ao lado como suporte e apelo naquele material. Também nos dá 100% liberdade de experimentar com apenas nossas aprovações. São processos diferentes, mas ambos extremamente importantes e significativos. Em relação a criação, é desafiador não ter um rumo para começar a produção, não ter uma melodia pronta ou um vocal de guia. É literalmente começar do zero sem saber o que virá pela frente. Estamos conquistando nosso público de pouco em pouco e independente de números, sentíamos que já estava na hora de lançar um material solo sem depender de ninguém.
Papelpop: O EP tem três faixas e não tem participações, apenas música instrumental por vocês serem produtores. A gente vê isso com vários artistas lá fora, mas aqui isso é muito novo! Vocês imaginam como vai ser a experiência do público ao ouvir o EP no dia a dia?
Pensamos MUITO nisso, a figura do produtor muitas vezes é colocada para trás ou escondida pelos bastidores. Muita gente até trata como se não fosse artista da mesma forma, sabe? Aqui dentro também tem esse processo, mas eu vejo mais como experimentações no soundcloud e bandcamp. Pretendemos sempre termos nossos materiais solo como parte da nossa carreira, de forma que todos tenham seus lançamentos como qualquer outro. Acho que o público vai começar a sentir e ouvir elementos que não conseguem distinguir quando tem uma voz por cima. “Apenas” toda aquela composição de instrumentos e harmonias. Sentimos que o EP pode funcionar mais para um público muito específico, é bastante experimental. As pessoas vão ouvir desde hardstyle até um dubstep de pagodão baiano. Então se a mente estiver aberta, acreditamos que vão amar. O que importa de verdade é que tanto Gabriel quanto Rodrigo estão satisfeitos com o resultado do trabalho, e se 2 gostaram, com certeza quem nos acompanha vai gostar.
Papelpop: Pelas redes sociais, sei que vocês estão sempre muito atentos aos nomes emergentes da música. Para vocês, quais são os artistas nacionais e internacionais que já apontam para o futuro da indústria?
Estamos sempre de olho no movimento, um olho no peixe e outro no gato, né? Quem agrega algo ao que estamos construindo sempre terá um espaço nos nossos projetos. Acreditamos muito no potencial da Mia Badgyal, estamos totalmente imersos no universo dela, experimentamos muitas coisas que não vemos a galera pop fazer por aí. Ela vai trazer um pop bem oposto do que costumamos ouvir e já estamos orgulhosos do resultado. Marina Sena também é um nome incrível, além de Duda Beat que, a cada trabalho, tem evoluído mais. O clipe de Nem Um Pouquinho é uma obra de arte. Podemos apontar também Teto Preto, Boombeat, Linn da Quebrada, Urias, Tantão e Os Fita e Frimes. Lá fora temos prestado bastante atenção em nomes como Shygirl, Bree Runway, girl_irl, Slayyyter, Vince Staples, Sega Bodega e Jimmy Edgar. Basicamente nomes do que chamamos Hyper-rap, talvez seja um spoiler do EP2?
Papelpop: Falando em futuro da música, vocês também flertam muito com a PC Music! Como artistas que estão trazendo o gênero para o Brasil, vocês sentem que está ficando mais popular por aqui? Tem outros artistas nacionais procurando trazer a PC Music pra cá?
Essa vibe PC Music, principalmente essa rotulação tem caído um pouco no uso. O termo acabou virando um gênero, mas acho que foi mais uma porta de entrada para que as pessoas sentissem a vontade de experimentar, especificamente, dentro do pop. O rótulo acaba sendo muito menor do que a arte em si. Como já mencionamos temos Mia, Frimes, Urias, Boombeat apontando pra esse futuro e experimentando bastante!
Papelpop: Tem algum lançamento de vocês, seja em participação ou do EP, que dá orgulho para vocês? Ou que marcou bastante na carreira?
Podemos mencionar três em específico: Buzina, Nave Cor de Rosa e Hit do Carnaval. O primeiro pelo impacto, logo no início da carreira, com o maior nome LGBTIA+ do país num álbum lotado de gente talentosa. Com certeza foi o que formou o CyberKills e deu a certeza que aquilo ia funcionar. O segundo pela qualidade do material, a evolução nas técnicas de mixagem. É um projeto 100% pra pista e temos certeza que ele vai ter um momento incrível para brilhar quando as coisas voltarem ao normal. O terceiro pelo fato de ver tanta gente consumindo, cantando e compartilhando. De ver o quanto Poty e Kaya viram ali uma oportunidade de celebrar a amizade delas e a gente esteve junto. Há vários remixes já prontos que estamos muito ansiosos para que possam ouvir, fiquem de olho que além do EP, estamos cheios de materiais guardados.
Ouça “Travessia” no streaming:
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