Com cinco décadas de estrada e uma veia criativa absolutamente própria, responsável por meter o pé na porta do moralismo a fim de dissolver suas ambições de liberdade, Rita Lee se converteu em uma entidade do rock pop. Mesmo sendo modesta, a Nave Mãe sabe que influenciou distintas gerações, de Tom Zé a Anavitória.
“O que seria do pobre do tropicalismo se não fosse a Rita Lee? Ela é uma pessoa tão acesa, tão ligada, a mais fiel”, diz o cantor, responsável pelo disco “Tribunal do Feicebuqui”. Além dele, outros nomes como Marisa Monte, Letrux, Gloria Groove, Nelson Motta e os filhos João e Beto Lee ressaltam a importância de sua obra no podcast “Identidade Musical: Rita Lee”. A novidade é uma produção original da Universal Music e estreia na próxima terça-feira (27).
Com quatro episódios temáticos, a proposta percorre importantes fases da carreira. No primeiro capítulo, se debruça sobre o debut, passando em seguida ao sucesso meteórico que a coroou junto ao público, no início dos anos 1970. No terceiro e quarto episódios são protagonistas a influência pop de Rita na vida das pessoas e o amor transcendental por Roberto de Carvalho, que a fez gestar discos e filhos.
A artista participa brevemente, comentando as peripécias e iluminuras do próprio processo criativo. “Tinha filho mamando no peito, Roberto tocando ao piano, eu escrevendo, cachorro e gato passando (…) A gente era um vulcão, não parava [de compor]”.
Das novas gerações, destacam-se falas do duo Anavitória, que chegou a interpretar o single “Menino Bonito” em 2019. Ana Caetano chama a atenção para a solidez e integridade do discurso adotado pela artista ao longo dos anos.
“É muito real. Ela está sempre à frente, tudo que ela já soltou é muito atual. Rita abriu as portas pra coragem. Na época [em que ela estourou], era tudo muito novo pra mulher”.
Marisa Monte, musa que acaba de lançar o LP “Portas”, atribui por sua vez à mãe do rock o feito de ser explicitamente uma das primeiras grandes feministas na música. “Rita falava de emancipação, de liberdade da mulher dentro de um meio extremamente masculino”.
Participam ainda personalidades como Fernanda Abreu, Fernanda Takai e Marina Lima, além da comunicadora Sarah Oliveira, do produtor Guto Graça Mello e do jornalista e estudioso do legado cultural de Rita, Guilherme Samora. “Identidade Musical: Rita Lee”, com apresentação de Adriana Penna, estará disponível em todas as plataformas de streaming.
Junto ao podcast, a Universal Music prepara a estreia, em agosto, de uma reedição em vinil translúcido roxo do disco “Rita & Roberto”, lançado em 1985. Considerado um dos trabalhos mais obscuros do casal, o projeto rendeu entre outros sucessos “Vírus do Amor”, uma das primeiras canções no mundo a narrar em tom de homenagem a tragédia responsável por encerrar o século XX: o vírus HIV.
Com alma cinematográfica e narrativa ambientada nos dias mais frios da capital São Paulo, o projeto também entregou hinos pop com alma de B-side. O drama da suicida “Gloria F” e a sensual perseguição de “Vítima” são ótimos exemplos, para além da língua felina empregada em “Noviças do Vício”.
À ocasião dos 35 anos da estreia, Rita e Roberto comentaram detalhes do material e bastidores em entrevista ao Papelpop. Relembre clicando aqui.
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