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Falamos com Mateus Carrilho sobre “Pancada”, single que acaba de lançar com Mc Dricka

Como um gostinho do primeiro álbum solo, Mateus Carrilho lançou nesta terça-feira (1º) o single “Pancada” em parceria com Mc Dricka. Depois de já ter trabalhado com Pabllo Vittar e Duda Beat., o artista classifica esse como o feat. mais inusitado da carreira. “Eu nunca tinha trabalhado com alguém tão diferente de mim”, explicou em entrevista ao Papelpop.

A nossa conversa aconteceu por chamada de vídeo. Ali, Mateus falou sobre os bastidores de “Pancada” e deu alguns spoilers sobre o clipe, que está com a estreia marcada para quarta-feira (2) às 11h. A estética do vídeo parece misturar referências aos anos 2000 e o estilo “chavoso”, como define o próprio cantor.

Com muito carisma, o ex-integrante da Banda Uó também refletiu sobre o crescimento do pop nacional nos últimos anos, a importância da imagem dos artistas e o que aprendeu nos últimos meses. Ele encerrou o papo nos revelando qual meme melhor pode definir o novo single. Para ver se concorda, ouça “Pancada” na sua plataforma favorita antes de ler a entrevista:

Spotify | Deezer

***

Papelpop: Mateus, não dá para negar que você demorou para lançar música nova. Qual é a sensação de fazer esse lançamento depois de tanto tempo?
Mateus Carrilho: Cara, foi muito difícil. Além de todo o momento que estávamos passando e a falta de ânimo para realmente trazer algo novo, de não ver muito a luz no fim do túnel, eu estava passando por um processo de transição para criar as novas músicas do meu álbum. Ao mesmo tempo que a demora foi boa para que eu pudesse amadurecer tudo o que queria fazer com consistência, isso também criou uma ansiedade muito grande. “Pancada” foi uma das primeiras que eu fiz dessa nova leva de músicas que vou lançar como parte do meu álbum. Eu quis seguir uma trajetória natural. Não fui por estratégias do tipo “ai, aqui vai bombar mais”. Acho que “Pancada” começa a contar uma nova história e tem um romance, uma delicadeza, mas é agressiva ao mesmo tempo. Depois de um ano parado, eu não tenho mais paciência para vir com algo que seja mais leve. Eu estou com raiva. Quis chegar com essa porque acho que ela é uma porradona. É mais ou menos por aí… A ansiedade já passou. Agora eu estou muito tranquilo. Gravar o clipe foi super divertido e trabalhar com a Dricka está sendo uma experiência louquíssima, porque ela é uma artista que eu amo e gosto da voz, do estilo, da persona. Ela é de um universo completamente diferente do nosso. Ela está ingressando nessa primeira experiência de pop comigo e foi parceiraça. Eu respeitei muito quem ela é e o que queria fazer também. Deu super certo. Estou amando a experiência.

E como rolou a parceria com a Mc Dricka?
Então, eu cotei alguns nomes para fazer o feat… Na verdade, um dos primeiros nomes era ela, mas surgiram outros por causa de conversas e o envolvimento de uma grande equipe tentando bolar o que era melhor. No fim, acabamos voltando para a Dricka porque mais uma vez eu bati o pé. Estou nesse momento de querer fazer uma coisa que eu acredito. Decidi que ia ser ela e mandei uma dm. Cheguei lá no Instagram e falei: “Dricka, muito prazer! Sou seu fã. Quer fazer um feat. comigo?”. Ela não respondeu de primeira porque não visualizou. Por isso, mandei uma dm de novo do tipo: “Oi, você leu a mensagem, Dricka?”. Foi aí que ela mandou o telefone. Eu a chamei no WhatsApp e mandei a base, ela curtiu e seguimos em frente. Foi um convite por Instagram.

No Twitter, você comentou que esse foi o feat. mais inusitado que já fez. Pode falar um pouco mais sobre isso?
Foi meu feat. mais inusitado porque eu nunca tinha trabalhado com alguém tão diferente de mim em todos os sentidos, como classe social e recorte social. A Dricka é uma pessoa que vem de outro estilo, uma mulher sapatão fazendo funk, fazendo fluxo. Foi muito interessante eu ter ido lá conhecê-la. Eu fui gravá-la onde ela geralmente grava. Foi uma experiência totalmente inovadora porque, quando eu fiz feat. com a Pabllo, nós já éramos irmãos e a Duda [Beat] era uma pessoa que também era do meu universo. A Dricka foi realmente a parada mais “uau, nunca tinha me deparado com isso”, sabe?

Sempre rola uma história boa nas gravações dos clipes, né? Queria que compartilhasse uma com a gente…
A Dricka chegou para gravar o clipe de ressaca [risos]! Tem essa história… E a gente tinha uma outra locação também. Gravamos o videoclipe em um desmanche por causa dos carros amassados e da música chamar “Pancada”. Eu falei: “Ai, é uma simbologia”. Só que a locação mudou poucos dias antes do videoclipe. Eu quase tive um desmaio porque estávamos há meses fazendo reuniões. Para minha surpresa, a locação nova foi muito melhor e entregou muito mais. Acho que o videoclipe está… eu detesto essa palavra, mas vou usá-la só para expressar níveis técnicos altos de qualidade… está gringo o videoclipe. Apesar disso, é claro que é um clipe 100% nacional e a minha ideia sempre é fazer uma coisa brasileira porque sou pop Brasil total desde a Banda Uó. Eu estou com uma equipe muito massa. A minha maquiadora é louca, o meu stylist é gente boa para caralho. Rolou muita química. Foi um set no qual todo mundo se divertiu.

Soube que o clipe de “Pancada” tem referências estéticas interessantes ligadas à moda. Como você gosta bastante do assunto, pode explicar mais?
Eu sou muito ligado à moda realmente. O videoclipe tem uma pegada 2000 que bebe um pouco de anos 1990 porque, por exemplo, pensamos muito em Aaliyah e Ciara para os looks da Dricka. Trouxemos essas referências. Para os meus looks, trouxemos muita coisa chavosinha que eu apresento desde o [clipe de] “Privê”, que tem o óculos na cabeça. Acho que o clipe tem uma vibe anos 2000 versus chavosa. Está muito lindo! É um dos videoclipes dos quais eu mais gosto do figurino porque não é só sobre eu estar montado com um look bonito. Acho que desta vez o meu stylish trouxe elementos que trazem um pouco de mim porque sou do interior do Brasil, cresci no subúrbio. Pelos figurinos, você consegue ler uma essência desse lugar.

Em outra entrevista, vi você falando que “artista tem que ter cara de artista”. Isso me fez pensar em qual é o papel da imagem, da “identidade visual” de um artista no trabalho dele, sabe?
Essa brincadeira do “artista tem que ter cara de artista” é porque acho que as pessoas, principalmente os fãs, querem ter um encanto assim. Eles querem sentir o que eu sentia quando via a Lady Gaga, o Freddie Mercury, a Britney Spears. O artista, principalmente o pop, tem que trazer o visual porque é a identidade que ele carrega. Acho super importante. Hoje eu analiso o mercado pop nacional e vejo que evoluiu muito de dez ou cinco anos para cá. É uma coisa impressionante! O pop nacional deu um boom. Temos um mercado, videoclipes, figurinos e tem até tretas que alimentam o mundo pop. O visual está ali para complementar. Não é só sobre a música. Não é só ir lá e fazer o show. É o espetáculo como um todo e o figurino diz muito sobre quem você é.

Uma coisa que gosto em você é que não parece se levar muito a sério especialmente nos clipes. Você inventa personagens, vira cowboy e sei lá. Acha importante ser assim?
Eu acho que sim porque é sobre se divertir principalmente no que me proponho a fazer. É um trabalho sério porque tem um investimento alto, não é barato. Fazer um clipe é um investimento altíssimo, por exemplo. A divulgação de uma música, figurino, preparação de show, trabalhar com produtor, tudo é um investimento alto. [Ser artista] é um trabalho que tem muito peso de trabalho mesmo. Acho que nós, como artistas, temos que levar entretenimento para as pessoas e, por isso, temos que curtir e nos divertir. Fazendo um trabalho mais sério, se aquilo é sobre você, tudo certo. Acho que é sobre ser sincero com você mesmo e não se levar tão a sério. Eu aprendi isso com os meu ídolos. Isso é fundamental para que se tenha uma carreira longa e uma saúde mental em dia.

Fazendo um paralelo entre os Mateuses da nova era e do que veio antes. O que mudou? O que aprendeu?
Muita coisa mudou de verdade. Eu não sei se as pessoas vão notar isso com tanta clareza, mas existe uma firmeza e segurança muito maior. Meu pós da Banda Uó foi muito rápido e eu não tive tempo para raciocinar sobre o que eu realmente queria. Eu tive que pensar rápido e estava bem inseguro sobre a situação toda. Eu disse que só lançaria um disco quando tivesse certeza e confiança. Então, este é um momento mais maduro, em que sei onde estou pisando e estou disposto a ser o que sou. Se for para ser algo que não sou, sinto muito, mas não vai rolar.

Como eu sei que você é ótimo com memes, me diz um que descreveria bem “Pancada”!
Olha, “respeita a mamacita”! É esse o meme de “Pancada” [risos].

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