Nos filmes do Homem-Aranha, essa franquia nova com o Tom Holland, a atriz Angourice Rice interpreta Betty Bryant, uma estudante no mesmo colégio de Peter Parker. Ela aparece toda fofa, de cabelinho no ombro, tiara na cabeça, uma aluna amiga de todos, escrevendo para o jornal da escola.
Corta para hoje, para o projeto mais atual da australiana de 20 anos de idade, a série da HBO, “Mare of Easttown”. Nesse drama policial estrelado por Kate Winslet, ela interpreta a espertíssima e muito madura Siobhan Sheehan. A diferença entre as duas personagens é gritante. O amadurecimento e a seriedade é notada.
Mare (Winslet) é a personagem principal da trama, uma detetive de uma pequena cidade que investiga um assassinato local enquanto vê sua vida desmoronar. Sua filha, a sensata Siobhan (Angourie Rice), é líder de uma banda de rock com os amigos na cidade e divide o seu tempo entre os ensaios da banda, o relacionamento com a namorada (vou guardar aqui o spoiler) e a tentativa de acalmar os ânimos de uma casa onde a família está despedaçando. Sua mãe, a detetive, é divorciada, carrega dramas pesados do trabalho e da vida, vive brigando com a avó, com o ex-marido e lutando pela guarda de seu neto. No meio dessa confusão, a personagem Siobhan tenta apaziguar as brigas e entender o lado da mãe (mesmo isto sendo muito difícil).
Angourie Rice conversou com o Papelpop diretamente de Melbourne, sua cidade natal, na Austrália, para falar sobre Siobhan. Para viver a personagem, a atriz, que também é podcaster, teve que aprender não só a cantar mas também como se comportar como uma rockstar.
***
Phelipe Cruz (Papelpop): Onde você está agora? Austrália?
Angourie Rice: Sim, estou em Melbourne!
Deve ser manhã, né?
Sim, agora são 8 da manhã!
Bem cedinho [risos]!
Na verdade comecei o dia lá pelas 5 horas, então você me pegou pra conversar num horário melhor [risos]!
Vamos falar sobre Mare of Easttown! Quando vocês começaram a gravar – foi tudo gravado antes da pandemia ou não?
Gravamos ⅔ da série antes da pandemia. Na verdade, estávamos no meio das gravações, em março, quando a pandemia começou, e paramos tudo! Tivemos que arrumar nossas malas e voltar para casa [risos]… Aí voltamos a trabalhar em setembro de 2020, o que foi bem estranho porque tudo mudou! Foi um processo completamente diferente, com medidas de segurança para toda a equipe e é… tudo mudou!
Eu sei que além de atriz você também é uma podcaster, como eu! Você pode nos contar um pouco mais sobre o projeto? Estou curioso!
Sim, sim! Claro! Eu tenho um podcast chamado “Community Library”, que é sobre livros, cultura pop e como estes se misturam. O objetivo é ter uma plataforma em que discutimos todos os tipos de livros: de Shakespeare até obras mais acessíveis. Trazer uma conversa mais acessível e divertida para todos! É sobre basicamente tirar o estigma de “lição de casa” dos livros [risos].
Falando sobre cultura pop, o Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o seu último filme da saga? Já terminaram de filmar?
Sim, acredito que terminaram as gravações recentemente?! Eu não sei [risos]! Tudo o que eu sei é tudo que já foi divulgado para o público, então… É tudo o que eu posso falar sobre!
Sem problemas! Entendi tudo [risos]! Em Homem-Aranha temos você em uma personagem completamente diferente de Mare of Easttown, em que você faz o papel de uma jovem bem mais madura e adulta – muitas vezes mais madura do que a própria mãe e avó! Como foi o processo para você se transformar na Siobhan?
A pressão de ter que ser adulta, madura, foi algo que eu gostei muito em relação a Siobhan, que eu me identifiquei demais até. Ela tem que ser muito responsável em relação a assuntos muito adultos na sua vida – desde cuidar de uma criança de 4 anos de idade, até o relacionamento dos pais –, ela tem que ser a adulta da situação e eu me enxerguei muito ali porque eu cresci trabalhando em filmes, e mesmo jovem você tem que ter uma maturidade para poder entregar o que é essencialmente um trabalho “de gente grande”. Então isso foi muito interessante e legal em poder entregar através da Siobhan.
Eu senti exatamente isso assistindo! Teve algum desafio específico que você encontrou?
Todas as cenas com a banda foram muito difíceis para mim, porque eu nunca havia feito isso antes! Tivemos ensaios antes das gravações, tivemos que aprender músicas, como cantar, como me apresentar… E eu nunca havia feito isso antes profissionalmente! Eu gosto de cantar, mas nunca fiz isso na frente de outras pessoas, numa escala tão maior como a série fez ser, então realmente fiquei bem nervosa [risos]…
Porque não é apenas sobre cantar bem, mas também se você vai parecer e se comportar como uma cantora de verdade, certo?
Exato! É muito sobre o jeito que você se move, se apresenta. Quem nos ajudou a treinar isso foi a Michelle Zauner da banda Japanese Breakfast, e ela é super legal! Ela basicamente me ensinou a parecer uma rockstar, porque ela é uma! Então isso me ajudou demais!
Assistir apresentações da Taylor Swift te ajudou também? Sei que você é bastante fã [risos]…
[Risos] Definitivamente! Eu assisti muitos vídeos dela e também da banda Mannequin Pussy que é originalmente da Filadélfia e inspirou a banda da série, então isso também me ajudou demais!
Quero saber o que você acha que Mare Of Easttown? Sabemos que é um drama policial, mas ao mesmo tempo tem narrativa sobre maternidade, relacionamentos familiares. Eu só vi quatro episódios e acho que você viu mais do que eu [risos]… Qual a sua opinião?
Acho que é uma série sobre família e senso de comunidade. É o que une todas as pontas da narrativa pra mim, como uma comunidade lida com o luto, desde o nível individual até como um grupo de pessoas lida com isso. Porque o que acontece com uma pessoa em Easttown meio que acaba desencadeando em uma reação de todos ali. Então, para mim, eu acho que a série é sobre esse senso de comunidade.
Tem uma cena que Mare pede uma reunião familiar na mesa do jantar com você e a avó! Aquilo ali define bem o papel de Siobhan na família, aquela que vai unir e compreender… Já lhe aconteceu uma situação parecida com essa antes na vida? Como você se preparou pra isso?
Eu gosto muito que a Siobhan sente que ela é a cola de tudo, porque isso é o que a faz interessante! É onde a tensão familiar se encontra e assim como os riscos das suas decisões! Ela não sabe se a família vai sobreviver se ela for pra faculdade! Ela não sabe se a mãe dela é capaz de lidar com tudo, e isso me intrigou demais em relação à personagem. Agora em termos a me identificar com isso, eu sinto que sou muito apaziguadora na minha vida – não que eu tenha muitos problemas para resolver –, eu gosto de saber que todos estão bem e felizes e, caso não estiverem, é algo que eu vou querer consertar. Acho que a Siobhan tem essa característica também, e ela sempre coloca todos em primeiro lugar e assim acaba deixando de priorizar seu estado e sua felicidade, e é onde a tensão da personagem se encontra.
Minha última pergunta, porque o meu tempo está acabando: como é trabalhar com a Kate Winslet? Ela é mesmo incrível?
Ela é incrível! Eu amei trabalhar com ela! A Kate é uma lenda e eu a admiro demais, admiro sua carreira, o jeito que ela trabalha… Ela é muito generosa e gentil. Foi muito bom trabalhar com ela, eu aproveitei muito!
Obrigado pelo seu tempo, Angourie!
Eu que agradeço!
***
Os episódios de “Mare of Essttown” vão ao ar sempre aos domingos, às 23h, na HBO. Se você perdeu os anteriores, assista a qualquer momento no HBO GO.
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