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Misael conta detalhes do single “Tuwin” e reflete desafios do presente: “Não deixemos o medo nos limitar”

Misael é um dos grandes nomes da cena do rap atual. No final de março, o cantor divulgou o primeiro trabalho do ano, o single “Tuwin”, que tem produção assinada por Neguim, do grupo Pacificadores.

O lançamento veio acompanhado de um estiloso clipe, que atualmente está perto de atingir meio milhão de views.

Dirigido por Thiago Jorge, o registro foi gravado no Autódromo Internacional de Goiânia durante o Goiás Superbike, um dos maiores campeonatos de motovelocidade do mundo.

O vídeo conta com a participação do piloto argentino Franco Pandolfino. Nele, o rapper aparece cercado de modelos, imponentes e luxuosas motos, e amigos enquanto canta e dança.

Assista:

Misael faz rap em Brasília desde os 11 anos. Sua jornada artística, que também se envolve com o movimento do hip hop, é influenciada diretamente pelas vivências e experiências pessoais.

Recentemente, o Papelpop teve a oportunidade de conversar com o artista. No bate-papo, ele nos contou sobre suas inspirações, a composição e o simbolismo da faixa “Tuwin”, além de citar a forma como lida com o sucesso durante a juventude. Confira a entrevista completa abaixo.

***

Papelpop: Primeiramente, me conte sobre seu processo de composição. Sei que muitas músicas contam com forte pano de fundo, às vezes com cunho social, inclusive. Pode me falar sobre seu estilo?

Meu processo de composição faz parte do que está ao meu redor, do que está em em minha volta. Não apenas sobre o que eu mesmo faço, mas muitas vezes me inspiro nas histórias dos meus amigos.

Só consigo definir meu estilo pensando na minha trajetória. Onde ando, com quem convivo, tudo isso faz parte do meu estilo e também cria a forma Misael de ser. Não consigo definir apenas como romântico, por exemplo. Às vezes a gente tem nosso lado romântico, mas isso não quer dizer que não tenha um lado, digamos, triste ou até mesmo festivo. Então, como eu eu falo, defino meu estilo musical como o estilo Misael, único.

Papelpop: Neste ano, você abriu os trabalhos com “Tuwin”, que traz uma carga de festividades e fala também sobre os altos e baixos da vida. Pode falar um pouco mais sobre a composição da música?

Lançamos a “Tuwin” no começo do ano e foi o nosso nosso pontapé inicial para enfrentar 2021. Esse projeto todo já tinha sido aberto em 2019, quando tínhamos uma vida normal, longe de pandemia.

No meio desse som, faço uma espécie de protesto contra as pessoas que vivem falando de quem trabalha e cuida das próprias coisas. Uma reafirmação para as pessoas falarem “eu que trabalho, faço isso, e ninguém tem o direito de falar de mim”.

Papelpop: Vi que alguns dos seus clipes no Youtube contam com milhões de visualizações. Como é lidar com esse sucesso na juventude, isso estimula sua arte ou te dá alguma tensão?

Olhar os números com certeza estimula bastante. Saber que tem milhares de pessoas que estão te acompanhando, que escutam seu trabalho, é um dos melhores estimulantes hoje em dia falando termos de olhar digital. Você sabe que tem aquelas pessoas e vê que está indo para o lado certo, que as pessoas estão gostando do seu trabalho.

A tensão rola, sim, porque você tem aquele alto número de público, então existe uma responsabilidade maior a cada vez que esse número aumenta. Ainda tenho a responsabilidade de não querer errar, de tentar agradar e cativar esse público que conquistei. Assim, não dá para mudar da água para o vinho a partir do momento que você cria sua identidade. Existem essas tensões todas.

Papelpop: Sei que ao longo dos anos, vem lançando singles com parcerias poderosas. Para 2021, você tem novas colaborações no radar?

Em 2020 a gente planejou bastante esse assunto, mas a gente viu que poderíamos perder bastantes vendas de shows.  Já neste ano, a gente resolveu enfrentar tudo, mesmo não sabendo o que vai acontecer daqui pra frente por conta da pandemia. Decidimos encarar essa questão voltando ao normal ou não, porque batemos um papo com os artistas que estão colaborando com a gente e vimos que nós músicos não precisamos ter medo do que vamos lançar, independentemente do momento.

Se Deus deu a música pra gente,  temos que lançar. Então, em 2021 há coisas muito grandes para acontecer em relação a feats, colaborações. Posso adiantar isso, mas não consigo passar aqui os nomes…só dizer que estamos preparando coisas com grandes nomes.

Papelpop: Ainda no papo sobre o futuro, há planos para um álbum ou EP em breve?

Fazendo algumas lives no meu próprio Instagram, percebo que as pessoas por lá pedem bastante por um EP. Acho que é um momento muito forte desse formato na cena do rap. A partir disso, comecei a pensar na possibilidade.

Junta o pedido das pessoas com a quantidade de músicas que a realidade da pandemia me “forçou” a fazer, sabe? A gente juntou o útil com, digamos, o agradável (risos). A única coisa boa da pandemia, pelo menos no ponto artístico e musical, foi trabalhar mais internamente, ou seja, produzir mais músicas. Já que a gente tem tanta munição e as pessoas pedem, pensei “por que não, né?”. Então, podemos esperar um EP em breve.

Papelpop: Por fim, qual é o seu maior sonho como artista? Pode me falar sobre suas inspirações?

Acredito que 90% dos artistas musicais sonham em atingir um número maior de pessoas com sua música, porque a gente que canta com a alma, a gente que compõe, não faz isso só para nós mesmos. Fazemos isso para chegar nas pessoas. A nossa satisfação é de chegar em todos os ouvido, mostrar o nosso trabalho para as pessoas e falar “olha o que escrevi”. A gente compõe num momento especial, mas acredito que o ápice desse processo é quando outra pessoa escuta e admira, sabe?

No final da entrevista, Misael agradeceu ao Papelpop, aos fãs e aos membros da equipe. Antes de se despedir, compartilhou aprendizados que surgiram com os desafios da pandemia:

Entre as pautas que a gente conversou, queria falar sobre o medo dos eventuais problemas que a gente teve durante a pandemia. Para fazer show, por exemplo, algo que estava me travando e me privando de dar continuidade ao meu trabalho. Claro que no começo era tudo muito novo e sempre precisávamos de cautela.  Agora, o que eu tenho para tirar de tudo isso e passar para vocês, é que não nos deixemos privar por conta de um medo, que possamos enfrentar as paradas dentro do limite, sempre com respeito, mas sem medo do que as outras pessoas vão pensar ou reagir. Não deixemos o medo nos limitar.

***

Ouça “Tuwin” nas plataformas digitais:

Spotify | Deezer | Apple Music

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