O horário nobre da HBO, reservado aos domingos, às 23h, estará ocupado nos próximos fins de semana por “Mare of Easttown“. Divida em sete episódios, a produção criada a escrita por Brad Ingelsby e estrelada por Kate Winslet chega com grande expectativa ao streaming.
No roteiro, marcado por um certo obscurantismo dos personagens e suas tragédias, a detetive Mare se debruça sobre a investigação de um assassinato local. Ao mesmo tempo em que assiste o próprio entorno ruir pouco a pouco.
“A Kate e eu nos olhávamos e dizíamos que não se vê isso em Los Angeles, não se vê isso em Londres. Era muito específico e tão impressionante que tentávamos honrar e dar vida àquele lugar”, diz o diretor, Craig Zobel.
A sinopse do próximo EP, a ser exibido no domingo, 25 de abril, reforça esse espírito ímpar da produção. A personagem inspecionará uma horrível cena de assassinato antes de informar o pai da vítima sobre o ocorrido. Quando um vídeo sobre a noite do crime vem à tona, Mare interroga suspeitos do caso e recebe friamente o detetive do condado Colin Zabel (Evan Peters), que foi convocado para ajudá-la.
“É uma espécie de drama que tem um elemento policial de mistério”, explica Zobel. Por e-mail, em entrevista, o cineasta revelou detalhes sobre a construção dos personagens, bastidores e desafios de se gravar durante a pandemia. Ele também falou sobre a essência do projeto, que tem tudo pra se tornar uma das grandes estreias de 2021 aos olhos da crítica.
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Papelpop: Como você chegou a ‘Mare of Easttown’?
Craig Zobel: Quando eu me envolvi nisso, a produção já tinha começado. O diretor original tinha precisado sair do projeto por motivos pessoais. Então, eu entrei logo após a produção ter começado a ser gravada. E fiquei no projeto durante mais de um ano.
O que fez com que você tivesse vontade de embarcar no projeto, ainda que em circunstâncias difíceis?
Eu li o roteiro e imediatamente gostei da história. Mas acho que o que de fato me atraiu foi que a HBO pôde compartilhar algumas, nem eram cenas, alguns takes e temas que já tinham sido gravados. Acho que muitos de nós sempre fomos fãs da Kate [Winslet]. Eu a adorava desde Almas Gêmeas, mas nunca a tinha visto fazer aquilo antes. Muito rapidamente pensei: “Ah, é uma escolha legal”. A Kate tinha encontrado uma nova personagem interessante que eu nunca a tinha visto interpretar, e espero ter sido capaz de captar isso na série. A Mare Sheehan é uma pessoa muito capaz, conseguiu carregar um fardo e mesmo assim fazer seu trabalho, e de certa forma tocar a própria vida em frente. Na essência, a série é sobre isso: sobre a capacidade de cada um. No texto ela é muito séria, mas com a Kate o interessante é que ela é muito engraçada e, ao mesmo tempo, um pouco mal-humorada – é uma abordagem tão única que eu logo fiquei atento, quando comecei a dirigir, para ver que rumo ela tomaria com aquilo.
Como foi dirigir sozinho uma minissérie inteira?
Foi a segunda vez que eu fiz isso. Antes foi na série “One Dollar”, na CBS All Access, que ninguém viu, mas eu me orgulho dela, e me deu muito mais noção de como fazer desta vez. De certa forma, você é responsável por ver a floresta e todas as árvores ao mesmo tempo. Na minha opinião, é bom que a série seja exibida uma vez por semana porque você sabe que as pessoas vão processar cada episódio, sem exagerar. Nesta história específica, considerando que é uma história de mistério, o desafio era poder estruturar tudo isso sem perder de vista onde as pessoas estariam. Grande parte das minhas conversas quase todos os dias com a Kate eram sobre isso.
E que tipo de série “Mare of Easttown” é?
Não se trata de uma série só sobre uma investigação policial. Não é processual. Eu diria que é uma espécie de drama que tem um elemento policial de mistério. Mas na minha cabeça é, na verdade, sobre essa mulher. É um retrato.
Quanto você acha que a personagem Mare é fruto do lugar de onde ela vem?
Eu acho que muito. Nós sempre brincávamos com Mare “of Easttown”. Repetíamos o título da série, porque ele era muito formativo para a história e para o que nós queríamos mostrar. A série tinha consultores técnicos locais. A Kate e eu nos olhávamos e dizíamos que não se vê isso em Los Angeles, não se vê isso em Londres. Era muito específico e tão impressionante que tentávamos honrar e dar vida àquele lugar.
Como você descreveria o mundo que estavam tentando criar?
Nós chamamos de “extraurbano”. Não muito suburbano e não rural, e sim como esses lugares dos Estados Unidos que estão fora de uma cidade, mas mesmo assim são bastante povoados. A Pensilvânia é um lugar louco. Não quero dar destaque a isso, mas quando estávamos filmando na Pensilvânia, estávamos esperando para ver o que aconteceria com os votos na Filadélfia, para descobrir o que tinha acontecido com a eleição presidencial. Há muitos tipos diferentes de personalidade. A Pensilvânia, desde o início do movimento sindical, era basicamente de trabalhadores. Então tinha esse clima – fica a duas horas de Nova York, mas parece muito longe de Nova York. Queríamos honrar isso. Eu sou do Sul, sou da Geórgia. Embora seja diferente, é claro, eu senti uma certa afinidade com a Pensilvânia, mesmo que fosse por vir de um lugar que não é totalmente cosmopolita e liberal, você sabe.
Como a pandemia da Covid-19 afetou as filmagens?
Todo mundo estava sempre com equipamentos de proteção individual. E tínhamos protocolos logísticos rigorosos, que foram respeitados. Nunca tivemos que parar como aconteceu com outras séries, e isso foi uma grande conquista. Vou ser sincero: eu acordava todos os dias apavorado pensando que naquele dia descobriríamos que deveríamos parar. Não tivemos. E ainda descobrimos como filmar em locações que, em termos logísticos, eram mais difíceis do que são habitualmente. Fomos capazes de ter mais de 350 pessoas trabalhando nesse período, e tenho orgulho disso.
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Os episódios de “Mare of Easttown” estão disponíveis na HBO GO.
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