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Falamos com Zeeba e Carol Biazin sobre “Cansei”, que acaba de ganhar clipe

Um dia após a chegada às plataformas digitais, “Cansei” ganhou um clipe/visualizer no Youtube. Cheio de metáforas, o vídeo mostra Zeeba e Carol Biazin dominando um cômodo com energias opostas, enquanto cantam sobre o fim de um relacionamento.

Para saber mais detalhes sobre o conceito das imagens, nós batemos um papo com os dois artistas. Durante a entrevista, ainda falamos sobre os perrengues das gravações, como aconteceu a parceria e o que é preciso para um bom feat.

Toda a conversa foi feita pelo Zoom. Juntos, Zeeba e Carol estavam no local onde foi gravado o clipe de “Cansei”, isto é, na casa dos avós do cantor. Ali, eles deram muitas risadas, já que o clima era de descontração apenas algumas horas antes do lançamento do single.

Já ouviu a música?

A entrevista pode ser conferida abaixo:

***

Papelpop: Pegando o gancho no título da parceria de vocês, vamos começar a entrevista com uma sessão de desabafo? Me falem uma coisa da qual vocês já estão cansados!

Zeeba e Carol Biazin: Pandemia [risos]!

Todo mundo já está cansado da pandemia! Nesses tempos difíceis, é ainda mais complicado manter a cabeça no lugar, né? Tem alguma frase que vocês usam para se motivarem, se manterem bem?

Carol Biazin: Eu nunca pensei em uma frase em si, mas costumo olhar para fora do que é meu e do que eu tenho. Às vezes a gente fica muito nessa de: “Ai, por que isso aconteceu comigo? Por que estou assim?”. Todo mundo está assim. Está todo mundo mal. E “Cansei” é muito massa porque acaba ajudando muita gente mesmo sem sabermos. É um entretenimento para a galera que está em casa há muito tempo. Acho que vai servir muito como uma inspiração ou algo motivacional para as pessoas.

Zeeba: Um otimismo, né? É louco que a música fala “cansei”, mas ela tem uma vibe de superação, uma coisa meio good vibes [cantarola “tá tá tá rá tá”]. Eu não tenho também uma frase [motivacional], mas costumo procurar ver as coisas legais no meio dessa loucura toda, sabe? Às vezes nós mesmos nos machucamos com pensamentos dentro da nossa cabeça. É fácil de fazer isso na pandemia, vendo notícias ruins o tempo inteiro na TV e tal. Até parei de ver notícia! Enfim, acho que o lance é procurar dar o nosso máximo, olhar para frente e visualizar as coisas boas. No meu caso, a criação o tempo de uma forma muito positiva. Eu nunca teria tempo de fazer um álbum com tanto cuidado como estou fazendo, além de pensar nos conteúdos visuais com calma. Isso é uma coisa boa da pandemia de certa forma…

Agora me contem: como surgiu essa parceria?

Zeeba: Bom, a gente se conheceu quando ela estava fazendo uma entrevista em uma revista da qual eu conheço o dono. Eu sou muito amigo do Claudio Mello [da Top Magazine]. Passei lá para dar um “oi” e ele me chamou para entrar. Ele é aquele cara que apresenta todo mundo que está passando. Nos conhecemos ali e passamos a nos seguir nas redes sociais. Aí eu estava fazendo um álbum com o Bruno [Martini] e começamos a ideia da “Cansei”. Quando a vibe começou a ir um pouquinho para o R&B, eu falei assim: “Nossa, essa música é a cara da Carol! Vou mandar para ela”. A Carol pirou na hora e começou mandando umas ideias. Nos juntamos no estúdio dias depois.

Carol Biazi: A criação foi rápida! No meio do ano passado, já estávamos com tudo pronto. Escrevemos e gravamos vozes no mesmo dia. Foi muito massa ter o Zeeba me convidando porque sempre quando rolava feat. era uma coisa que partia de mim. Querendo ou não, isso mostra que eu estou no caminho certo.

Na opinião de vocês, existe alguma regra para que um feat. seja bom?

Zeeba: Não! Acho que o som tem que estar bom. Você tem que escutar e pensar: “Isso está foda!”.

Carol Biazin: É! Tem que ser sempre isso. Se não bater de cara com a música, você apresenta outra proposta ou nega.

Zeeba: Já aconteceu isso com outro artista que estava fazendo um som comigo. A gente fez uma primeira demo. Eu não estava muito feliz, mas ele estava. Aí eu produzi com o Bruno de forma diferente, mandei e não deu. Às vezes não rola, mas não tem problema. Tem outras oportunidades. A música tem que estar funcionando e os dois devem estar felizes. Com a Carol rolou super de primeira. Foi um negócio rápido que encaixou demais. A Biazin tem um jeito de cantar que traz uma identidade muito única. Ela faz não ficar estranho cantar um R&B em português, sabe? Inclusive, quando você está escutando “Cansei”, quase nem dá para saber quando mudou o idioma se não está prestando atenção. Achei muito legal!

Eu ia falar justamente sobre isso. Achei a transição entre inglês e português super suave. Então, vocês acham que isso é por causa do jeito que a Carol canta?

Carol Biazin: Poder ser! Não sei também [risos].

Zeeba: Acho que sim. Tem também o lance da produção.

Carol Biazin: Sim! A produção tem uma ligação com Zeeba, já que a música está dentro de um álbum dele. Então, esse lance da transição entre os idiomas tem uma ligação comigo e com ele. É uma coisa nossa. E isso faz sentido porque fizemos tudo juntos.

Já que estamos falando de bons feats., quais são os favoritos de vocês feitos por outros artistas?

Zeeba: Deixa eu pensar… “Rolê” [parceria de Carol Biazin e Gloria Groove]!

Carol Biazin: Que massa! Obrigada. Vou dizer a do Zeeba com a Manu. Aquelas que jogam de volta [risos]! Eu ia citar aquela da Doja Cat com a SZA.

Zeeba: “Peaches”, do Justin Bieber com Daniel Caesar e Giveon, também é muito boa. Ah, e tem uma que saiu agora muito boa dos Gilsons e Jovem Dionísio.

Eu também queria saber mais sobre os bastidores das gravações do clipe de “Cansei”. Rolou alguma coisa engraçada, um perrengue?

Zeeba: Você foi a primeira a perguntar de perrengue. Aqui, quando está quente, fica um bafo! É que fica na parte de cima da casa, que tem madeira. Nas gravações, eu estava suando sem parar. A cada corte tinha que secar a minha testa [risos].

Carol Biazin: E eu estava com uma roupa básica daquelas que a gente usa para ir no mercado [risos]. Então foi super tranquilo para mim também. Acho que o calor foi o maior perrengue. Como a gente fez um visualizer/clipe bem minimalista, a equipe era bem reduzida até por conta do momento que estamos vivendo. Então, foi super organizado. Gravamos tudo o que precisava ser gravado e não faltou nada.

Zeeba: O Cesinha, que é o diretor, é muito fera. A gente está com a ideia de ter os visualizers para as músicas do álbum. Vão ser todos gravados aqui, na casa dos meus avós, que faleceram na pandemia. O espaço estava muito vazio. A gente quis dar uma luz para ele. Cada clipe vai ser em um ambiente da casa. Vai ser essa a ideia das próximas coisas que farei como parte do álbum. Aliás, a casa da minha mãe é vizinha daqui. Eu até ia lá roubar umas comidinhas e coisas da mamãe durante as filmagens de “Cansei” [risos]. Aqui é um ambiente bem gostoso e agradável de gravar.

Acham que um clipe pode mudar a forma como uma música e a mensagem dela é recebida?

Carol Biazin: Eu acredito muito nisso.

Zeeba: Com certeza! É só ver “Modo Turbo” [de Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Anitta]. Se não tivesse o clipe, acho que seria outra música. Inclusive, é interessante o esquema que faremos com “Cansei”, lançando o clipe inteiro um dia depois. Assim, você escuta a música e tem uma concepção, mas o clipe ainda pode te trazer uma coisa nova.

E por que, de todos os objetos do clipe, a torradeira foi usada na capa do single? Fiquei curiosa…

Carol Biazin: A torradeira foi feita até antes do clipe, né?

Zeeba: Foi! Não sei se foi uma ideia minha ou do próprio Cesinha… Foi do Tom! Ele é do meu time. Eu acho que a torradeira simboliza o lance da canseira, da torrada queimada por ter ficado tanto tempo lá. É muito do que a música fala. Ela fala de um relacionamento que está no fim, mas vai sendo levado com a barriga por ambas as partes. As duas pessoas estão com energias diferentes no mesmo lugar, contaminando uma à outra. Uma coisa que a gente quer deixar claro é: não existe o certo e o errado. Cada um está na própria brisa. Quando acaba, fica tudo branco e um novo ciclo começa. A música também tem essa vibe de superação, de um fim que é positivo.

E me falem sobre os planos para 2021! Eu sei que o Zeeba tem um álbum vindo aí e a Carol tem um feat. com a Luísa Sonza para lançar. 

Carol Biazin: Faltam lançar duas músicas do meu álbum. Eu ainda não vou falar em qual ordem elas vão sair, porque quero segurar essa informação o máximo que conseguir. Falta “Raio X”, que é um single solo, e também a da Luísa, a mais esperada. A galera não sabe muito bem o que vem. Vai ser uma parada meio doida. Vai surpreender muita gente. Já está tudo quase pronto. Faltam algumas coisas para serem gravadas. Além disso, já tem música que estou escrevendo e produzindo fora do álbum, porque as coisas têm que ser muito rápidas. Estou também prospectando outras parcerias que tenho muita vontade de fazer. Não tem nada que eu possa falar com muita clareza, mas posso dizer que ainda tem esses dois singles para alimentar o final do álbum “Beijo de Judas”.

E você, Zeeba?

Zeeba: Bom, eu tenho esse álbum que está por vir e algumas parcerias internacionais das quais estou participando. Tem coisas que estão demorando para sair por causa da pandemia, porque a galera lá de fora já se programa pensando em turnê, show etc. Para quem me conheceu na eletrônica, eu ainda vou fazer coisas assim com artistas internacionais, mas meu foco é o álbum. A ideia é apresentar uma nova fase do Zeeba e mostrar para a galera que eu sou compositor, cantor e posso migrar entre os estilos. Quero mostrar meu lado mais indie, pop ou sei lá.

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