O duo Cortesia da Casa fez o primeiro lançamento em 2021 grande estilo. A dupla divulgou, última sexta-feira (26), o álbum “Vilão Particular” e o clipe da faixa-título.
Após o hiato de quase um ano, Philipe Tangi e Renato Sheik estrearam seis novas composições que se aprofundam no talento e identidade dos dois.
O projeto surge depois do período de isolamento que acometeu todo o mundo em março de 2020. A dupla aproveitou o momento para repensar planejamentos artísticos, rever a carreira e dar início a uma nova fase.
“Vilão Particular” chegou com algumas experimentações, mas principalmente focado na black music e em faixas românticas. O clipe da canção que dá nome ao EP foi gravado no Rio de Janeiro e, assim como a música, tem a participação de Xamã e do grupo Sorriso Maroto.
O registro do love song acompanha a história de um casal enquanto apresenta performances dos artistas. Confira:
Na semana passada, conversamos com a dupla. Falamos muito sobre o projeto que já está no ar, o EP “Vilão Particular”, a trajetória do Cortesia da Casa e abordamos algumas questões de amadurecimento pessoal e profissional. Abaixo, você confere esse bate-papo completo.
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Papelpop: Como surgiu a ideia de fazer um EP no meio da pandemia? O que tem motivado vocês a criar nesses tempos?
Philipe: Antes da pandemia estávamos pensando sobre o que íamos fazer em nossa carreira. Continuar lançando single ou fazer um EP ou álbum. A pandemia acabou acontecendo e tivemos mais tempo para pensar. É uma ideia que a gente tinha há bastante tempo. Nosso primeiro CD é de 2017 e fomos lançando single atrás de single. Achamos que estava na hora de ter um novo formato de trabalho.
Já tínhamos muitas músicas. Costumamos fazer canções todos os dias. Eu moro aqui no estúdio, o Renato mora aqui do lado. Então, estamos aqui o tempo inteiro. Música tem de sobra. Lançamos seis agora, mas temos umas cinquenta.
Renato: É só uma pitada, só o começo (risos).
Papelpop: Sobre a criação do EP, podem falar sobre a ideia do trabalho, escolha do número de canções e também sobre o divertido título “Vilão Particular”?
Philipe: A gente costuma fazer todo tipo de música, mas quando pensamos em fazer um álbum mesmo, escolhemos faixas que são mais parecidas para ficar em um formato só.
Renato: São músicas que tem a nossa cara, nossa pegada. Para a galera que não nos conhece, pode conhecer a nossa identidade como artistas a partir do nosso jeito e estrutura.
Philipe: Tocamos de tudo: boom bap, rap, trap, acústico, até eletrônico…mas resolvemos ir numa linha só.
Sobre o título do disco, surgiu por causa da música-tema. Acabamos optando por ela. Até pensamos em outros nomes, mas achamos esse mais forte. Quando estávamos escrevendo, a música já tinha o Xamã. Ele tem uma música junto da Marilia Mendonça chamada Leão. A letra dela foi escrita para um single nosso, mas acabou utilizando com ela. Nos versões ela cita um “vilão particular”. Porém, gostamos tanto do nome que acabamos reutilizando em outro contexto.
Papelpop: Vocês disseram que querem demonstrar a própria identidade nesse novo projeto. Podem me falar mais sobre essa característica do EP? Existe algum gênero que antes não tinham explorado e que está presente?
Renato: A gente vem mais na linha do love song e da black music neste álbum. Só que pegamos alguns outros gêneros. Na “Vilão Particular”, por exemplo, conseguimos unir o pagode e o rap também.
Philipe: Trouxemos elementos dos outros artistas e unificamos na melodia. Durante as faixas vamos para vários lados, como o dançante ou o romântico.
Papelpop: Entre as seis composições, há uma história sendo contada que vai ser transmitida nos clipes também?
Depois do lançamento do EP e do clipe de “Vilão Particular”, vamos lançar vídeos de todas as músicas. Ainda não sabemos exatamente o período das divulgações, mas todas terão um clipe. Não vai ter uma narrativa ligada, já que existem diferentes tipos de música. Temos algumas para dançar, para balada, para chorar…outras para chorar um pouco mais (risos). Elas se conversam, mas não o suficiente para criar uma história ligada em todos os vídeos.
Renato: As músicas se complementam, mas os vídeos vão ser distintos.
Papelpop: A faixa que dá nome ao trabalho tem a participação do Sorriso Maroto e do Xamã. De onde surgiu a ideia para a letra e como foi a gravação do clipe?
No dia em que escrevi “Vilão Particular” estava aqui no estúdio. Eu moro aqui, né?! Sai do meu quarto e todo mundo estava trabalhando. Falei ‘vou fazer alguma coisa’. A ideia era criar uma música mais “rádio”. Procurei uma guitarra ou um violão. A música não tinha nem batida, era só voz e violão. Queria fazer uma canção mais radiofônica, estava faltando algo assim pra gente.
A criação da letra foi meio “Chico Xavier”. Às vezes é alguma coisa que já aconteceu, mas estava em nosso subconsciente, sabe? Depois, mostrei para o Renato e dali nos baseamos na história anterior da música (da letra do Xamã) e assim seguimos com essa temática.
Fizemos o clipe com a Centaurus Produções. Queríamos fazer um registro bem cinematográfico, bem bonito. Pegar o dia, o sol do Rio de Janeiro, que é basicamente o que se passa na música. Não queríamos fazer algo noturno…
Renato: Exato, a faixa é viva, bem colorida, que chama atenção.
Philipe: Sim, foi demais! Satisfação máxima. O Xamã é nosso amigo de longa data, desde quando a gente ia pra batalha de rimas juntos. E o Bruno (do Sorriso Maroto) é sensacional, é o cara! Tratou a gente super bem. Vamos até fazer churrasco juntos depois da pandemia.
Papelpop: “Uhhh Lá Lá” foi a última canção lançada, há quase um ano. Como foi o processo artístico e pessoal que permeou esse período até o lançamento de “Vilão Particular”?
Renato: Utilizamos esse tempo todo da pandemia para pensar e reestruturar nossos planejamentos. Quando começou, ninguém estava preparado, claro. Tudo que estávamos planejando foi por água abaixo. Então revisamos o que estávamos fazendo e começamos de novo. E isso leva um tempo para acontecer.
Na minha parte artística, foi um momento bom para pensar na vida, no que estamos passando, e até se aprimorar nos estudos, escrever mais, ler mais. Isso sempre ajuda, né? Então, foi um tempo bacana pra gente parar, analisar e focar na criação de uma parada mais certa, mais concreta.
Philipe: A gente começou a arriscar algumas coisas a mais porque dava tempo. Alguns artistas até continuaram lançando trabalhos, só que a gente aproveitou esse tempo de outra forma. Pensamos, “como a gente não vai fazer show, então vamos aproveitar esse tempo para arriscar.” Focamos em melhorar o jeito de cantar, aprender mais, estudar pessoas com diferentes tipos de canto e pegar referências, do louvor ao rock pesado. Utilizamos esse tempo e aproveitamos. Ficamos em casa e caímos pra dentro dos estudos.
Renato: Querendo ou não, eu e ele somos muito alternativos na questão sonora. Ele coloca uma coisa nova para eu ouvir e eu fico ‘caramba, que coisa f***’! Isso acontece direto. Eu também apresento muitas coisas para o Philipe. Então, a gente sempre aprende juntos.
Papelpop: Existe algum gênero que antes não tinham explorado e que está presente no EP?
Philipe: Em “Vilão Particular” a gente experimenta coisas novas. Parece que já tocamos algo assim, mas é diferente. Já “Desculpa” é um lo-fi. Eu não conhecia antes. Vi um amigo editando um clipe e ele estava ouvindo um tipo de música diferente. Fiquei curioso e ele me disse que era um som para estudar, se concentrar…Comecei a ouvir e falei “pô, isso dá para cantar “.
Papelpop: “Soul Rap”, o álbum anterior de vocês, foi lançado em 2017. Desde então vocês tem lançado diversos singles com algumas parcerias. O que mudou de lá para cá?
Renato: Foi uma mudança e tanto! Vou te falar, deste primeiro CD para cá tudo mudou. A nossa vida, o nosso trampo, o jeito de pensar, de ser, tudo. Enquanto isso, a nossa forma artística englobando tudo.
Philipe: Na época, a gente foi praticamente “obrigado” a lançar esse CD. Acontecia uma pressão e as pessoas sempre perguntavam pra gente quando teríamos um álbum. Assim, a obrigação surgiu da gente mesmo. E aí, corremos atrás sozinhos e conseguimos.
Renato: Surgiram várias tretas até o lançamento. Íamos lançar em um formato diferente para a época, que pouca gente tinha, era um lyric video animado do álbum inteiro. Um dia antes do lançamento, a casa do nosso amigo que estava fazendo a produção foi inundada. Uma enchente molhou o computador e perdemos todo o trabalho. Foi uma baita correria.
Philipe: No final foi algo bom. Se alguém depois perguntasse se tínhamos um CD, já podíamos falar que sim. Começamos amadurecer naquela época, entregamos um trabalho sólido. Hoje em dia temos outra cabeça, na época não estudávamos música pra valer. Eu fazia os trabalhos porque gostava mesmo e o público também curtia. Agora, estudamos bastante e preferimos sempre a qualidade no lugar da quantidade.
Renato: Só tenho a agradecer àquela época. O que fizemos de certo, de errado, tudo foi fruto de aprendizado.
Papelpop: Se “Vilão Particular” fosse uma novela ou um filme, qual seria?
Philipe: “Senhora do Destino”? “Avenida Brasil”? “Laços de Família”!
Renato: “É isso! “Laços de Família”
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Ouça o EP “Vilão Particular” nas plataformas digitais:
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