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Agnes Nunes lança o single “Vish” e fala ao Papelpop sobre desilusão amorosa adolescente
Entre os lançamentos desta sexta-feira (15), está o primeiro single do álbum de estreia da Agnes Nunes. Ele se chama “Vish” e já veio acompanhado de um clipe dirigido por Dauto Galli que combina com o tom irônico dos versos compostos pela artista quando tinha apenas 16 anos.
Para entender a história por trás da música, nós batemos um papo com Agnes por videochamada. Ali, a cantora, que estava sentada no chão da própria casa, se abriu sobre frustrações da adolescência, amadurecimento e amor próprio. Alguns detalhes do disco que está por vir também foram revelados.
Antes de conferir tudo, que tal ver o clipe de “Vish”?
A entrevista segue abaixo:
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Papelpop: Parabéns pela nova música! Ela tem uma vibe bem narrativa, né? De onde surgiu a ideia de contar essa história?
Às vezes eu sou muito cabeça-dura. Eu gostava de uma pessoa e percebi que só escrevia música para ela. Acho que “Vish” foi a última música que escrevi para essa pessoa porque me dei conta que estava sendo cabeça-dura demais. Pelo amor de Deus! Já deu! Chega de música para essa pessoa! Eu escrevi justamente o que estava sentindo: um amorzinho super adolescente. Eu tinha 16 anos.
Ah, então faz tempo…
Faz! Eu usei o vocabulário que tinha na época. Acho que essa é uma das músicas mais expressivas que já escrevi.
Essa música vem como um gostinho do seu álbum. Em outra entrevista, você disse que o projeto vai ter “todas as suas versões”. Qual é a versão da Agnes que mais se destaca em “Vish”?
Acho que talvez uma versão trouxa [risos].
Eu achei interessante que, na letra, você fala de uma coisa triste de um jeito meio descontraído e quase divertido.
Sim! A letra é um pouco irônica. Não se essa é a palavra certa. A música tem uma tristeza no fundo, mas mostra alguém que está ali de pé, tipo “vamos seguir”.
E isso foi algo natural ou já era sua intenção desde o início?
Não. Foi uma coisa super natural. Foi o sentimento que estava sentindo na hora. Eu lembro até hoje. Eu arrastei a cama para o lado, sentei no canto da parede e comecei a compor. Eu ria e chorava ao mesmo tempo.
E o melhor é que a música já vai vir com um clipe. Tem alguma história legal dos bastidores para compartilhar com a gente? Pode ser algo engraçado, trágico ou sei lá… Imagino que por causa da pandemia as coisas foram mais complicadas.
Gravamos “Vish” antes da pandemia. Eu estava até mais novinha, com carinha mais de nenê. Eu tinha 16 anos quando gravei “Vish”. É uma música que estou muito ansiosa para soltar. Espero que todo mundo goste e se identifique porque não fiz nada além de usar a linguagem mais simples que existe. Eu fui a forma mais eu possível.
Por que acha que foi importante usar esse tipo de linguagem na música? Foi para ser mais você mesmo?
Não sei. Talvez eu estava tão intensa na hora que escrevi que pensei em não usar nada rebuscado… Eu me relacionei com a pessoa para a qual eu escrevi “Vish”. Na época, acho que acabei me moldando um pouco para estar no ambiente daquela pessoa. Eu usava palavras que eu não costumava usar e fazia coisas que não costumava fazer, por exemplo. Então, na hora de compor a música, foi meio que “ah, que se lasque, vou ser do meu jeito”.
Como estávamos falando do seu clipe, queria saber se você se inspira em outros artistas em relação aos visuais…
Sim, porque precisamos ter algumas referências para fazer algo. É tudo sobre referências! Então, eu geralmente dou ideias para o diretor, que também vem com as ideias dele, e a gente mistura tudo. A minha empresária é maravilhosa e também opina às vezes. Não diria que os clipes são muito baseados em referências, mas em junções de ideias. Apesar disso, eu gosto muito dos clipes da Sabrina Claudio, (EASY A), Beyoncé, Rihanna e tal. Eu tento juntar tudo e trazer para mim, fazendo referência a Agnes.
Eu gosto que você sempre está falando o quanto se ama. As pessoas não costumam muito verbalizar o amor próprio, né? Isso deveria ser mais praticado?
Acho que verbalizar o amor próprio é muito importante porque é lindo enfrentar o espelho e se autoafirmar. Para a gente, só basta a gente. Todas as meninas deveriam fazer isso porque aumenta muito a nossa autoestima. Às vezes eu me dou a liberdade de me sentir uma bosta, porque também sou ser humano. Apesar disso, sempre que tenho vontade e sinto que preciso, eu me autoafirmo. Minha afirmação de que sou suficiente para mim mesma é muito importante. É algo que tento passar para as outras meninas, porque somos maravilhosas. Eu sou assim, você e a Luciana [assessora presente na entrevista] também. Acho todas as mulheres lindas do jeito que são. Se eu puder, sempre vou nos enaltecer.
E você ficou mais famosa na transição da adolescência para a vida adulta, né? Acha que todas essas mudanças que rolaram na sua vida afetaram, de certa forma, seu processo de amadurecimento?
Eu sofri muito quando era criança. Você já deve saber. Sofri muito racismo e bullying. Eu precisei amadurecer um pouco mais rápido para conseguir entender as maldades do mundo e a forma como ele é. No fim, com certeza, essa coisa de ficar famosa influenciou muito na minha maturidade para eu poder lidar melhor com as pessoas e saber como me comportar em certos ambientes. Só que eu sempre sou eu! Em qualquer canto que estiver, acho que não consigo ser outra pessoa não. Não tem condição [risos]!
Você estava falando sobre bullying e isso tem relação com uma pergunta que queria fazer. Considerando a experiência que teve na infância, como acha que é a melhor forma de lidar com os haters na internet?
Às vezes eu ignoro. Só que, quando vejo uma pessoa muito ignorante que não sabe nem o que está falando distribuindo ódio de graça, costumo responder com amor. Acho que é isso que eles precisam: muito amor na vida deles e evolução.
Para fechar, me fala mais sobre o seu álbum de estreia! Dá para soltar alguns detalhes?
Como você falou, meu álbum tem todas as versões de mim. Modéstia à parte, está a coisa mais linda do mundo. Me emociono quando ouço, porque ele passa por diferentes fases da minha vida. “Vish” é da primeira fase. Aí vou amadurecendo, falo dos meus medos e da situação que estamos vivendo de uma forma poética. Agora estamos precisando de alguma coisa que esquente os nossos corações. Espero que o meu álbum venha para fazer isso.