Quem é fã da Madonna sabe que quase todas as datas do calendário rendem uma comemoração relacionada ao seu catálogo de estreia. Nada mais justo, afinal, são quase 40 anos de estrada que envolvem muitas histórias, controvérsias, conceitos e atitudes admiráveis.
Hits então… Só na parada Dance Club Songs, que ranqueia as canções dançantes com melhor desempenho segundo a revista Billboard, o nome dela apareceu 50 vezes entre 1983 e 2020.
Com certo tempo livre e a iminência da estreia de uma cinebiografia, projeto diga-se de passagem dirigido, roteirizado e produzido pela própria Madonna, a equipe da cantora resolveu dar uma agitada em seu catálogo digital.
Além de EPs e maxi-singles que chegaram ao streaming pela primeira vez (ver aqui “Like a Prayer”, “Erotica” e “Human Nature”), clipes até então disponíveis em baixa qualidade foram remasterizados.
O mais recente deles, “Nothing Really Matters”, destacou, novamente, o lado conceitual da obra da rainha. Abaixo, você confere um compilado, em ordem cronológica, de vídeos que fizeram história. Coisa fina do audiovisual que marcou época e foi exibida à exaustão na MTV. É pra matar a saudade e reparar numa riqueza de detalhes que, nós apostamos, você certamente nunca reparou.
O disco “Madonna” (1983) fez certo sucesso nas discotecas de Nova York e foi responsável por dar um impulso à carreira daquela jovem artista. Entretanto, quando “Like a Virgin”, fruto de uma parceria com o produtor Nile Rodgers, chegou ao topo das paradas, Madonna garantiu mais espaço e mostrou que não jogava pra perder.
Um dos grandes sucessos do LP seria “Material Girl”, uma canção irônica, de alma juvenil, que zoa o discurso capitalista. No clipe, filmado em Los Angeles, ela reencarna a Marilyn Monroe de “Os Homens Preferem as Loiras”. Por falar em homem… foi no set de gravação que ela conheceu o ex-marido, o ator Sean Penn.
O mundo parou quando Madonna decidiu romper com todos os limites da moral e dos bons costumes. Recusando as subordinações impostas pelos acordos sociais, a artista mergulhou de cabeça nas próprias fantasias. Um dos fragmentos dessa ode ao desejo é o clipe de “Erotica”, uma obra de arte que se propõe a desvendar, por trás de filtros e películas sépia, cada particularidade do sexo.
A cena antológica da artista pedindo carona nua em uma highway está lá.
Após os sucessivos escândalos do clipe “Justify My Love”, do documentário “Na Cama com Madonna” e da era “Erotica” (que envolveu estreias de livro, filme, disco e turnê), tava na hora de fazer aquela limpeza na imagem. Com Babyface, Dallas Austin e Nellee Hooper, Madonna criou “Bedtime Stories”, um elegante disco de baladas.
O carro-chefe era “Secret”, faixa que como o próprio nome aponta versa sobre confidências românticas. O registro visual, dirigido pela cineasta Melodie McDaniel, traz a artista caminhando pelas ruas do Harlem e, em um segundo momento, cantando no lendário clube Lenox Lounge. Entre os figurantes está um jovem Michael K. Brown, hoje estrela de “Lovecraft Country”.
O que esperar de uma parceria entre Madonna e Björk? Ainda que tenha dado a entender em entrevistas à época que a roupagem dada pela rainha do pop a sua composição acabou não sendo beeeem a esperada, a cantora islandesa não pode negar: Madonna sabe como fazer uma canção pop e mais, como usar referências de arte a seu favor.
Em “Bedtime Story”, faixa que inspirou o título de seu até então LP mais recente, a artista mergulha fundo nas referências surrealistas ao empregar, a partir de rascunhos em storyboard, acenos para pinturas de ídolos como Leonora Carrington, Frida Khalo e Remedios Varo.
Há também uma rica simbologia ligada às religiões cristã e islâmica, que se baseia em conceitos chave como vida e morte e nascimento e renascimento. Let’s get unconscious, honey.
De longe a canção mais “cabalística” do catálogo de Madonna, “Frozen” foi subiu alguns degraus no quesito conceito. Lançada em fevereiro de 1998, a faixa destacou não apenas o envolvimento da cantora com os estudos judaicos, mas também uma maturidade contida nas primeiras letras escritas após o nascimento da filha Lourdes (Lola).
Essa mescla de beats melódicos, violinos e sintetizadores tornou o clipe oficial um dos mais belos registros daquele ano. As filmagens aconteceram em uma locação itinerante no congelante deserto de Mojave, na Califórnia, e trazem como protagonista uma deusa gótica que se despedaça e se transfigura, ora em várias de si mesma, ora em animais como corvos e cães.
Obcecada pela cultura oriental, ela embarcou em mais uma viagem ao oriente, desta vez homenageando a cultura japonesa. Olhando, de novo, para a complexidade do tema vida e morte, Madonna criou uma narrativa visual que a coloca dentro de uma caixa, cercada por androides.
Inspirada pelo romance “Memórias de uma Gueixa”, a cantora disse no ano da estreia, em entrevista ao falecido jornalista Larry King, que a ideia surgiu a partir daquela que havia sido sua “musa inspiradora pelos últimos seis meses”. As cenas, captadas em um reator nuclear desativado nas imediações do Royal Institute of Technology, em Estocolmo, na Suécia, reafirmam sua parceria com o estilista Jean Paul Gaultier. É dele o famoso quimono vermelho que, uma semana antes, a vestiu na cerimônia de entrega do Grammy.
Egoísmo, amor e maternidade são os temas que regem a letra.
Após um merecido descanso, a Madonna festeira estava de volta! Em “Music”, faixa-título do projeto lançado em 2000, a cantora convida as amigas Niki Harris e Donna Delory pra dar um rolê. Programão, coisa fina! Imagina só pegar a limusine e sair pela cidade? No comando do possante estava o comediante Ali-G, que solta o som e faz a festa das garotas ser um recado pros machistas de plantão: mulheres também podem se divertir. Inclusive, sozinhas!
Realizando o sonho da artista em transformar o mundo em uma grande pista de dança, “Hung Up” se converteu em uma febre internacional. Sucesso nas rádios por sua letra chiclete e o uso do sample de “Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)”, clássico do ABBA, a canção puxou os trabalhos do LP “Confessions on a Dancefloor”. Batizou uma das eras mais bem trabalhadas da carreira.
No clipe, Madonna interpreta… Madonna. Uma mulher cheia de fôlego que se prepara, intensamente, pra vencer uma competição de dança. Ao longo dessa jornada, como que dotada de uma força magnética, ela arrasta companheiros que praticam desde o parkour até jogos eletrônicos como o Just Dance.
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