música

Francinne fala sobre nova era e como transformou a dor em arte no EP “Takedown”, lançado hoje (26)

Francinne está pronta para o descortinar de uma nova era. Nesta sexta-feira (26), a cantora lançou o EP “Takedown”, que marca um momento muito importante em sua trajetória artística e pessoal.

Recentemente, a gaúcha sofreu um “Takedown”, expressão usada para dizer que teve algo derrubado, para definir uma ruptura. No caso dela, trabalhos anteriores foram retirados das plataformas digitais. Fato este que a fez pensar em desistir da carreira. Entretanto, a partir da complexa situação, criou novas músicas para expressar as suas emoções e transformar a dor em arte.

Pautado pelo pop, o projeto foi produzido pela HITMAKER e conta com três faixas.  Além disso, chega com uma versão music vídeo com direção de Kenny Kanashiro e Direção Criativa de Felipe Garcia. As imagens foram gravadas em um galpão da Zona Leste de São Paulo.

O clipe de “Takedown” foi lançado há pouco e conta com um show de coreografias, looks e excelentes sacadas. O registro é recheado de referências e metáforas sobre tudo que a cantora viveu. Confira:

Durante esta semana, conversamos com a artista sobre o novo trabalho. No bate-papo, Francinne nos contou sobre suas motivações, comentou sobre o documentário “Framing Britney Spears“, deu uma pincelada no BBB21 e detalhou o que tornou o recente projeto possível. Confira nossa entrevista completa abaixo.

***

Papelpop: Fran, você tem enfrentado uma série de desafios pra seguir tocando a carreira. Como tem sido esse último ano pra você? Onde entra a música nesse processo?

Hoje eu me sinto renovada, cheia de força. Uma força que nunca imaginei que eu tinha. Confesso que cheguei a pensar em desistir, mas é uma metáfora que é engraçada: parece que estou no filme do Matrix, sabe? Que veio o tiro aqui e opa, perai…voltei!

Voltei mais forte, mais renovada e querendo ressignificar tudo. Eu tô bem! Estou melhor do que nunca!

Graças a Deus tenho uma equipe muito criativa! Minha equipe trabalha comigo desde sempre. Desde que comecei a entender o conceito de “takedown”, liguei na mesma semana pra Tali, uma compositora amiga minha, e falei: “quero uma música chamada takedown”. E ela concordou. Foi isso, algo que partiu de mim. Uma coisa que despertou em mim.

Papelpop: É interessante ver como a dor é uma emoção potente para se expressar, artísticamente. É uma forma de expurgo do sofrimento para muitos cantores. É assim que enxerga o surgimento de “Takedown”?

Totalmente! “Takedown” não é sobre uma pessoa. É sobre várias histórias, não só a minha, mas de várias mulheres e pessoas que já sofreram takedown na vida, na família, no trabalho. É uma coisa muito ruim que a gente sofre, mas que a gente precisa ver aquela luz, precisamos despertar para ressiginificar isso. Então eu quero inspirar as pessoas nessa ressignificação.

E eu não podia, depois de ter passado tudo que eu passei, cantar uma música falando “ai como a vida é linda, como as borboletas são coloridas, como as flores são cheirosas.” Eu precisava expressar minha dor de alguma forma. Sou uma artista. Mas digo, sem alfinetar ninguém, sem dar indireta para ninguém. Só quero fazer meu trabalho e botar para fora meu sentimento.

Cada um vai interpretar no seu mundo. Ao ouvir vão sentir e se colocar no lugar conforme o modo como passou aquele takedown na vida. Serve para inspirar também.

Papelpop: O projeto contempla três músicas. Elas juntas criam uma narrativa? O que pode nos adiantar sobre essas canções tanto em temática, quanto em ritmo e melodia?

São três faixas que contemplam uma certa narrativa, mas que são bem diferentes.

A “takedown” tem uma sonoridade mais forte, mais voltada para o K-Pop, que foi a referência que eu pedi, algo forte e marcante. Ela vem com referências de Stray Kids e BLACKPINK com batidas potentes que encaixam perfeitamente.

“Tu Perdeu” é um pop raiz, aquele que cresci ouvindo. Um pop que você vai ouvir e vai lembrar de BackStreet Boys, Britney Spears, Christina Aguilera, você vai voltar naqueles anos 2000, no auge daqueles clipes, daqueles breakdowns, é essa a energia. Letra forte, marcante e melodia super inspirada nessa época.

Já “Mesmo Sem Você” é uma balada em que mostro meu potencial vocal. Fazia muito tempo que não lançava baladas. Ela é muito sentimental e pessoal. Há muito tempo os fãs pedem uma música assim e agora é a oportunidade de entregar isso.

Como disse são três músicas que conversam entre si, mas são bem diferentes e que te levam para universos distintos.

Papelopop: O que almeja com essa nova era?

Eu almejo inspirar. Acho que hoje sou uma pessoa muito forte, dona do meu trabalho, finalmente, e quero que as pessoas se sintam assim, esperançosas. Que tenham uma luz no final do túnel, que se libertem, recomecem. Quero inspirar.

Não desejo o topo do topo. Bem, óbvio que todo mundo almeja o topo, mas meu objetivo principal é inspirar e ressignificar essa palavra ruim (takedown). Tanto que agora eu amo essa palavra. Até abri uma empresa com esse nome e estou muito orgulhosa desse trabalho em conjunto da minha equipe.

Papelpop: Você comentou sobre o K-Pop há pouco. Pode me falar como o gênero entra nesse trabalho, vamos ter referências visuais? Como isso entra no trabalho? 

Eu como grande admiradora de videoclipes e estética, sempre me encantei com os clipes de K-Pop. São aqueles registros que a gente sempre tem um sonho de fazer, mas é meio impossível, já que requer um investimento de milhões.

Sempre me inspirei nos meus clipes, sempre botei uma pitada. Para isso quis trazer o Steven, que é um diretor que edita meus clipes, ama K-Pop e tem esse olhar. Estou trazendo muito da estética na dança e na movimentação de câmera e, de certa forma, na musicalidade.

Como vocês sabem assinei com uma empresa coreana e a gente vai fazer um projeto para a Coréia do Sul. Estou fazendo aulas de coreano, cantando músicas na língua e fazendo aquela preparação. Então, uma coisa que eu já curtia veio agora com tudo e estou amando muito conhecer mais sobre a cultura, assistir os dramas coreanos, saborear a comida…é uma cultura que me encanta, que está encantando muitos brasileiros, e com certeza vai inspirar outros artistas nacionais também.

Papelpop: Músicas do seu repertório não estão mais disponíveis nas plataformas de streaming e isso me lembra muito o que aconteceu com a Taylor Swift. Já passou pela sua cabeça a possibilidade de regravá-las?

Não, o que foi, já foi. Não tenho interesse nenhum em reviver isso. Me machuca, não quero nem ouvir. Até falei para alguns amigos que quando aconteceu tudo isso, eu não conseguia ouvir minha voz, fiquei traumatizada. Não tenho interesse nenhum em divulgá-las, cantá-las ou em regravá-las.

Papelpop: Há uns dois anos você falou com o Papelpop sobre a sua admiração pela Britney, vocês duas tem muitas semelhanças pra além do aspecto físico. Assistiu o doc. “Framing Britney Spears”?

Assisti e chorei. Me emocionei porque é curioso como tudo aquilo aconteceu com ela e a gente se deu conta só agora. Eu como fã me senti culpada por até ter julgado ela naquela época em que ela cortou o cabelo, que era baladeira…me sinto péssima por tê-la criticado. Ela só era uma mulher querendo viver e ser feliz. Por que ela não podia sair, ir pra balada? E outra, ela raspou a cabeça porque ela não queria que as pessoas fossem atrás dela. Não queria ser interessante para os paparazzi.

Ver tudo isso que ela está passando, nós fãs todos nos sentimos culpados por demorarmos a perceber o quanto ela estava sofrendo e ela deu muitos sinais. Até mesmo em um documentário anterior tinham evidências muito claras da relação completamente abusiva que estava vivendo.

Fico muito triste, mas vejo uma luz no fim do túnel. Acho muito importante o movimento #FreeBritney, sou totalmente adepta. Espero que ela saia dessa e possa ser feliz, de qualquer forma. Se ela quiser ser feliz da casa dela, sem fazer shows, eu vou apoiá-la.

Queria muito que ela fosse na TV e falasse como está. Ouvir isso da voz dela seria tranquilizador. Sabemos que existem várias audiências, que o pai ainda tem controle sobre o dinheiro…é complicado.

Papelpop: O que diria para mulheres que passaram ou passam por questões como as que viveu, que a própria Britney ainda enfrenta?

Quero dizer que a gente precisa ouvir nosso coração. Precisamos saber se a gente está feliz onde estamos. Nós temos que saber e sentir.

Se a gente não está feliz, temos que fazer alguma coisa para mudar isso. Conversar com amigos, pessoas próximas. Uma conversa vai te abrir o horizonte. Às vezes muitas mulheres estão cegas como a gente viu a Carla Diaz no BBB21. Não julguem ela! Todos nós já fomos Carla Diaz.

Ache essa força interior e saia dessa. Seja feliz, que é o que mais importa, e não se acomode. Porque você não merece sofrer. Merece ser feliz, ter suas coisas, fazer o que você gosta e te faz bem.

Espero que “Takedown” seja um hino de empoderamento para você ter coragem de sair da zona de conforto, ir pra cima, crescer, evoluir, fazer coisas que nunca imaginaria fazer pra ser uma pessoa melhor e ser feliz.

“Takedown” é sobre isso: ressignificar, se libertar e dar a volta por cima.

Muito obrigada!

***

Depois dessa conversa, nada melhor do que conhecer as novas faixas de “Takedown”. Ouça nas plataformas digitais:

Spotify | Deezer | Apple Music

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