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Claudia Leitte fala de Madonna e memória afetiva em novo episódio de série documental
Quando Claudia Leitte decidiu voar no Carnaval de Salvador em 2020, aquele que seria o último antes de o mundo fechar, foi montada uma força tarefa que envolveu um cuidadoso time de criadores, testes incessantes e um intenso trabalho técnico. O resultado foi um giro 360º: a apresentação histórica, inspirada no poder feminino, transformou em espetáculo o mesmo recurso que uma década antes, no Rock in Rio 2011, acabou tornando a artista protagonista de um meme.
Os bastidores dessa operação que a levou a tocar o céu do Farol da Barra, um dos mais tradicionais pontos turísticos da capital soteropolitana, são revisitados na série documental “We Can Do It”. Dividida em episódios curtos, com cerca de 20 minutos cada, a narrativa propõe um resgate de importantes momentos de sua trajetória – o que, em um ano sem Carnaval, acaba soando como uma excelente alternativa à nostalgia.
Ainda que o capítulo da vez seja conduzido em um esquema à la “jornada da heroína”, é curioso observar a forma com que Claudia decide não esmorecer ao ser confrontada por adversidades que, ali, se materializaram na forma de problemas de logística, bem como questões técnicas, entre elas falhas no microfone e a própria força da gravidade.
“Estava muito em paz ali em cima quando o microfone labial despencou”, diz ela em um dos trechos. “Quando ele caiu, pensei: ou eu enfrentava o problema ou deixava ele me derrubar”.
Trata-se de um registro complexo, que revela as engrenagens de um árduo trabalho desenvolvido ao longo de meses e pensado em todas as esferas possíveis por várias cabeças. Em suma, um esquema que mira o showbizz tradicional, mas que segue respeitando particularidades da arte pop brasileira.
O figurino da artista, inspirado no corset Jean Paul-Gaultier do show “Blond Ambition” (1990), um clássico do repertório de Madonna, é outro ponto que merece destaque. Mesmo embasando teoricamente a escolha, o fator afetivo é o que mais pesa – e, portanto, legitima seu desejo para a celebração.
“Quando era pequena, cortava meias das minhas tias e fazia luvas”, diz em tom de brincadeira. “Ia me apresentar nas garagens da vizinhança querendo ser ela [Madonna], ela era o ícone, tinha um discurso muito feminino. Feminista também. Era uma mulher de curvas com músculos, uma feminilidade e uma força que definiram uma imagem. Meu apelido era Madonninha. Eu voava na garagem, com minhas meias que eram luvas. Por isso ela é a mulher da música que escolhi pra homenagear”.
Positiva ao extremo, Claudia não abre margem para críticas puristas que, eventualmente, a “crucificariam” ao ponto de não permitir um intercâmbio entre o axé e o pop, gêneros aos quais se dedicam as respectivas artistas – e que, cá entre nós, são parentes bem próximos.
O episódio completo pode ser conferido no canal de Claudinha no YouTube a partir de meio-dia.