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Entrevista: vocalista do Glass Animals fala sobre remixes, álbuns coesos e memórias do Brasil

Depois de termos conversado com Dave Bayley, da banda indie pop Glass Animals, sobre o álbum “Dreamland”, tivemos a chance de entrevistá-lo mais uma vez para falar sobre a repercussão do projeto e o recente lançamento de remixes da faixa “Heat Waves”. As novas versões da música vieram como parte de um EP que chegou às plataformas digitais no último dia 5.

No papo, o vocalista da banda, bastante conhecida por entregar discos coesos e imersivos, contou o que acha necessário para que remixes e álbuns sejam bons. Ali, ele ainda falou sobre a experiência de gravar uma das músicas do Glass Animals em linguagem de “The Sims” e relembrou bons momentos que viveu no Brasil. Foi aqui que ele comeu o melhor bife da vida, sabia?

Confira a entrevista na íntegra:

***

Papelpop: Oi, Dave! Recentemente, vocês lançaram alguns remixes de “Heat Waves”. Como acha que eles trouxeram um toque diferente à versão original?

Dave Bayley: Sempre amo quando as pessoas fazem remixes. Acho que elas dão às músicas interpretações diferentes. Definitivamente fico preso como alguém que produz e compõe, mas só pode apresentar a canção de um jeito. É muito legal quando uma pessoa que não tem não apego à letra, às palavras ou qualquer outra coisa apenas faz isso [finge empurrar algo]. Dá para mostrar aonde poderíamos ter ido. Pois é… Eu amo!

Antes você fazia remixes de músicas de outras pessoas e agora os outros fazem das suas músicas. Qual é a sensação?

Estranha!

[Risos] Por quê?

É esquisito porque nunca pensei que aconteceria. Nunca esperei isso. Verdadeiramente é uma honra. Eu amo fazer remixes de músicas de outras pessoas. É estranho…

Na sua opinião, o que faz um remix ser bom? O que alguém precisa ter em mente quando está fazendo isso? Existe algo que acha essencial?

Não acho que exista alguma regra. A única coisa é que o remix não seja muito parecido [com a versão original]. Se me mandarem algo que é basicamente a mesma coisa, vou ficar tipo: “Ah, isso é uma porcaria”. Todos deveriam poder adicionar o próprio toque, a própria interpretação à música. O centro da música é apenas os acordes e as linhas vocais. Isso pode ir para qualquer lugar. Posso transformar a música em dançante ou desacelerar, fazendo com que se torne uma balada. Dá para adicionar guitarras e virar uma faixa de rock psicodélico. É o legal do remix: poder ir em qualquer direção.

Legal! Agora queria falar sobre a forma com a qual vocês trabalham. O último álbum do Glass Animals foi lançado em agosto do ano passado, né? Foi cerca de quatro anos após o “How To Be a Human Being”. Em uma época em que tudo é tão acelerado, qual a importância de trabalhar bem cada uma das eras?

Eu ouço muitos álbuns que são apenas um monte de coisa junto sem relação alguma. Não faz sentido! Com um álbum, você tem a oportunidade de que cada canção adicione contexto às outras e consiga dizer algo maior, mais poderoso ao invés de lançar um monte de músicas não relacionadas. É por isso que amo discos. É por isso que pode demorar muito tempo para fazê-lo. Além do mais, sinto que você tem que ter uma grande ideia, porque um álbum é uma grande ideia com todas as faixas interligadas, os temas relacionados. Isso se espalha nos elementos visuais, shows ao vivo, clipes e tudo, criando um universo completo. É o motivo pelo qual demora um pouco. É preciso obter todos os detalhes, garantir que haja profundidade suficiente e dure por muito tempo. É por isso que é importante promover o álbum, fazer turnês. Você pode contextualizar tudo e mostrar as músicas por aí.

Por falar nisso, o Glass Animals tem lançado álbuns com estéticas e conceitos super definidos. Por que os visuais e o ato de explicar o significado das músicas são tão importantes para vocês? Isso muda a forma como tudo é recebido?

Eu espero que seja um pouco diferente. Esperançosamente, cada canção adiciona mais peso às próximas, sabe? Como se o todo fosse melhor do que algumas partes isoladas. Isso sempre foi uma coisa muito importante para mim, assim como a tracklist. Torna tudo coerente.

Vi que vocês gravaram “Tangerine” em Simlish, a linguagem de “The Sims”, para uma expansão. Me conta sobre essa experiência!

Foi tão estranho [risos]! Genuinamente. Eu costumava jogar muito “The Sims” e amo videogames. Quando me pediram para fazer isso, fiquei tipo: “Sim, por favor! Com certeza!”. Não tinha ideia do que estava me metendo. Tive que ter umas conversas no telefone sobre como dizer algumas palavras em Simlish. Foi muito engraçado, mas, no geral, agradável.

Obviamente também quero saber sobre a experiência de vocês no Brasil, que rolou graças ao Lollapalooza, em 2017. Tem alguma história legal sobre essa visita que os fãs ainda não sabem?

Foi muito divertido! Nós jogamos muito futebol, porque gostamos demais. Jogamos contra pessoas que eram bem melhores que nós. E, quando estávamos assistindo ao The Strokes, e Ronaldo estava lá. Foi meio louco, bizarro. O que mais aconteceu no Brasil? Passamos muito tempo apenas andando por aí, experienciando as coisas e comendo muito. Eu comi o meu melhor bife no Brasil. Muitos na banda são vegetarianos, mas todos quebramos isso e comemos bife. Estava incrível! Ah, e encontrei um dos caras do Rancid. Conhece essa banda?

Não…

Ah, é uma banda de punk rock! Uma banda maravilhosa de punk rock que eu amo.

Vou pesquisar sobre eles!

Isso [risos]! Eu o conheci em um elevador. Foi muito engraçado e incrível! Amo o Brasil. Mal posso esperar para voltar… O Lollapalooza foi na pista de Fórmula 1, né?

Foi!

Eu nem tenho carta de motorista, mas peguei uma van e dirigi o mais rápido que consegui na pista. Foi ilegal eu acho [risos]. Desculpa!

E quais são os planos da banda para 2021?

Há coisas a caminho. Fiz um remix que vai sair na sexta-feira [dia 12 de fevereiro] para outra banda. Tem mais remixes vindo depois disso. Mal posso esperar para lançar!

 

Ouça o novo EP do Glass Animals no streaming:

Spotify | Deezer | Apple Music

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