Com letras que exaltam o poder feminino, Ashnikko está entre os artistas que ganharam destaque após viralizarem no TikTok. A música “Stupid”, lançada pela cantora em 2019, já foi usada em mais de 10 bilhões de vídeos no aplicativo.
Você provavelmente já ouviu a canção. Então, bora ver o clipe!
O som da Ashnikko é cheio de referências ao início dos anos 2000. Essa é uma das razões pela qual a artista decidiu acrescentar uma releitura de “Sk8er Boy”, da Avril Lavigne, na mixtape que ela pretende lançar em fevereiro de 2021.
Super espontânea, a cantora norte-americana bateu um papo com a gente para falar sobre como a vida dela mudou nos últimos meses, enquanto tenta ampliar discussões sobre liberdade sexual feminina e saúde mental. No fim da entrevista, ela até deu conselhos para superar um término.
Confira!
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Papelpop: Primeiramente, gostaria de te dar os parabéns pelo sucesso de “Stupid” e tudo o que veio depois! Mas me conta, como tem lidado com a fama? Acha importante acompanhar o que as pessoas falam sobre você na internet?
Ashnikko: Eu acho que, definitivamente, não. Sinto como se a minha experiência na internet fosse igual a de todos os outros, mas intensificada mil vezes. Isso apenas reafirma a minha crença de que estar nas redes sociais não é bom para você independentemente de quantas pessoas estão comentando na foto que você publicou. Realmente não é bom. Tenho certeza. Todos nós vimos “O Dilema das Redes” na Netflix e sabemos que as redes sociais são venenos. Eu verdadeira não olho os comentários.
E você fala muito abertamente sobre saúde mental em entrevistas etc. Ver outras pessoas falando sobre isso te ajudou ou justamente a ausência disso fez você assumir tal postura?
De onde eu venho, ainda existe um certo estigma relacionado a falar sobre saúde mental e tratar isso como um problema real porque não dá para ver doenças mentais. Quero dizer, você pode ficar doente, mas a depressão não causa dores físicas. É isso que me faz tão aberta sobre o assunto. É por causa da criação que recebi. Eu defendo bastante a acessibilidade da assistência em saúde mental para todos.
Outro tema bastante importante nas suas músicas é a liberdade sexual feminina. Você acha que ter crescido em um ambiente conservador fez com a sua vontade de falar sobre o assunto aumentasse?
Sim, definitivamente! Eu sou a jovem rebelde da família (risos)… Ter um histórico conservador faz você também se tornar um conservador ou um rebelde liberal, que é o caminho que segui. Eu definitivamente gostaria de ter tido uma educação sexual adequada na escola ao contrário de apenas ouvir pregarem a abstinência. Nos filmes e na mídia é visível que o prazer, a sexualidade e o orgasmo feminino ainda são tabus. São coisas muito censuradas.
Você já ouviu o funk do Brasil, né? Ele tem muitas mulheres incríveis que falam sobre prazer feminino sem eufemismos.
Quem você me recomendaria?
Ah, tem a MC Rebecca…
Vou anotar aqui! Porque eu adoro o funk brasileiro, mas preciso encontrar novos artistas. MC Rebecca e quem mais?
A Valesca Popozuda.
Ok, legal! Vou dar uma checada nisso. Vou mesmo!
Mas você disse que já gosta de funk. O que costuma ouvir?
Bom, eu não conheço o funk suficientemente para ser fã de algum artista, mas já ouvi bastante porque toca nas baladas.
Ah, sim… Entendi! Agora, voltando para o seu trabalho, queria dizer que acho muito legal como a sua música mistura agressividade com vulnerabilidade. Como mantém esse equilíbrio?
Você tem que balancear. Você não pode ser uma dessas coisas o tempo todo. Todos somos multifacetados, criaturas com emoções. Acho que existe força em ser capaz de ser vulnerável e aberta em relação aos seus sentimento, mas também existe força em ser agressiva, corajosa e barulhenta. Há força dos dois lados, com certeza.
Essa dualidade presente no seu som também reflete nos clipes. Arrisco dizer que eles até a intensificam. Você concorda? Acha que, sem os clipes, as mensagens das músicas seriam recebidas de um jeito diferente?
Sim! Quando estou escrevendo músicas, muitas vezes já tenho o clipe na minha cabeça – o que me ajuda a criar um mundo totalmente novo durante a composição. Só que também gosto de trabalhar com diretores que são capazes de interpretarem a música de um jeito diferente. É muito interessante quando eles vêm com ideias diferentes das que eu tinha em mente.
Pensando na mixtape que você está prestes a lançar, intitulada “Demidevil”, me diz: ela vem cheia de referências a artistas dos anos 2000, né? Soube que tem homenagens para Britney, Avril Lavigne etc. Qual o significado disso para você?
A mixtape tem muitas referências (risos). Eu apenas amo a produção musical do início dos anos 2000. Eu amo Avril, Britney e Kelis. Para mim, elas são grandes inspirações musicais desde a infância. Acho que tem algo muito especial sobre a música que fez você querer ser artista. Esse é o tipo de música que fica com você a vida toda! Sinto que, obviamente, o início dos anos 2000 foram super formativos em relação ao que eu gosto e o tipo de música que gostaria de fazer no futuro.
Para fechar, como o seu maior hit é sobre o fim de um relacionamento, queria pedir alguns conselhos. Me conta o que acha essencial para superar um término!
Ok, me deixe pensar… Escreva cartas amor para você, tire fotos suas chorando. Essa é boa! Tirar fotos chorando é como gosto de lidar com isso, porque faz você se questionar o motivo daquilo. Eu tenho uma galeria completa no meu celular somente com fotos minhas chorando (risos). Eu não sei o porquê, mas ajuda por alguma razão. Por último, sugiro algo drástico, como pintar o cabelo ou cortá-lo. Sei que dizem: “Não faça isso!”. Só que eu acredito fortemente que cortar o cabelo ou pintá-lo de uma cor completamente diferente após um término é ótimo. Apenas jogue-os fora, sabe? Mude!
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