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Wood Harris e Ryan Hurst, do filme “Duelo de Titãs”, comentam ambiente racista nas gravações
Nesta segunda-feira (05), os atores Wood Harris (“Creed”) e Ryan Hurst (“Sons of Anarchy”) deram uma entrevista à revista GQ sobre os 20 anos do lançamento de “Duelo de Titãs”, filme estrelado por Denzel Washington. Na conversa, eles revelaram que o ambiente nas gravações era bastante racista.
Hurst exemplificou a situação contando sobre um caso em que uma “mulher branca” teria tratado os dois de maneira bem diferente:
“[Harris] me disse: ‘Só olha como ela te trata e como ela me trata’. Entramos, sentamos e eu estava conversando com ela e ela estava com os cotovelos inclinados na minha direção. Aí o Wood entrou e ela arrastou a cadeira para trás um pouco, se inclinou para trás, cruzou as pernas, cruzou os braços e o Wood olhou para mim e acenou.”
Apesar de não revelar nomes, Harris afirmou que essa não foi a única vez em que sofreu racismo no set de filmagens e que, por conta da internet, mais casos são trazidos à tona. “Minha mãe cresceu numa época em que não podia ir a um restaurante, eu não passei por isso. Às vezes, pessoas brancas podem entender algo, mas não desenvolver um sentimento por isso. Às vezes, o sentimento é o que te faz entender de verdade.”
“Por isso que o George Floyd foi tão paralisante para todo mundo em certo nível. Todos assistimos como a um filme sensacionalista e não sabíamos que iríamos ver um filme sensacionalista. Houve uma época em que você não veria ninguém morrendo online. Agora podemos assistir confortavelmente a um policial colocando o joelho em uma pessoa. Isso mostra o nível de escuridão que estávamos ignorando,” continua.
Harris e Hurst também comentaram que apoiam os protestos antirracistas nos esportes. “Duelo de Titãs” mostra justamente a história real do técnico Herman Boone (Washington), que tenta integrar negros e brancos no time de futebol americano da cidade de Alexandria (EUA), em 1971.
“A indústria de esportes é racista porque moramos nos Estados Unidos, que é basicamente fundado em princípios racistas. Se eu sou um cara branco, eu posso só assistir ao futebol americano na segunda à noite. Eu não preciso me preocupar com um cara levando uma joelhada por causa de uma cultura na qual eu não estou. Essas são as coisas em que as pessoas brancas não precisam pensar,” finalizou Harris.