“Abre o céu e diz ‘Vai Passar’“, repete suavemente uma das faixas do EP “Deriva”, de Luiza Brina. O material, que chega ao streaming na próxima quinta-feira (3), é uma provocação da artista e multi-instrumentista a esta espécie de prisão imposta pelo isolamento social. Em quarentena, ela criou 5 canções inéditas, todas em parceria com artistas afins.
Pela primeira vez assinando a produção e tocando todos os instrumentos – o que confere à obra uma exaltação da própria identidade, a proposta é lançar olhares distintos para os desdobramentos desta travessia a qual demos início em março.
Uma jornada aparentemente sem destino e que leva ao questionamento: “Se lançássemos garrafas ao mar, para encontrarmos depois-de-tudo-isso, que mensagem elas carregariam?”. Esse estímulo é o mesmo que inspirou a artista visual Sara Lana na criação da capa.
Sobre a criação, Luiza afirma o seguinte:
“Quando começou a pandemia, e as pessoas começaram a especular sobre possíveis futuros, e o que viria depois – um depois que, naquele momento, não imaginávamos tão distante -, me veio imediatamente a imagem da mensagem na garrafa lançada ao mar, e foi ela que dividi com os parceiros que criaram junto comigo as canções do “deriva”. O que estamos lançando para encontrar nesse depois? A ilustração da Sara Lana – uma das artistas visuais contemporâneas que mais admiro, e que tenho a sorte de ter como amiga – traduz com ironia essa mensagem (que posteriormente foi muito bem amarrada pelo projeto gráfico da Dan Pascoaleto): ali, a garrafa no mar não tem o aspecto romântico de costume. Ela é, na verdade, um coquetel molotov. Na deriva, o que ela periga encontrar é uma chama pronta pra explodir tudo”.
Com forte influência de instrumentos de corda e dono de uma elegância sonora ímpar, o projeto tem direção artística de Julianna Sá e traz Teago Oliveira, Arthur Nogueira, Julia Branco e Chico Bernardes como colaboradores. A primeira amostra reservou um encontro inédito entre as vozes e os violões de Luiza e Josyara, que fundiram sua arte de forma única no single “Oração 12”.
Representativo do agora, “Deriva” acaba sendo também um convite para se pensar nos mistérios que nos reservam o amanhã.
Autora de 3 discos solo já lançados, entre eles o elogiado “Tenho Saudade, Mas Já Passou” (2019), Luiza Brina tem se destacado na cena pop alternativa ao longo da última década.
Além de estar à frente da banda Graveola, com quem lançou 5 álbuns, a cantora mineira também foi responsável por parte dos arranjos do álbum “Soltar os Cavalos”, da colega Julia Branco. Dividindo-se entre vários projetos, Luiza também toca violão e guitarra na banda do cantor Castello Branco, entre outras coisas.
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“Deriva”, o novo EP da artista, chega nesta quinta-feira (3).
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