Nesta sexta (28), a mamãe de primeira viagem Katy Perry lançou “Smile”, o quinto álbum de estúdio da carreira. Contando com 12 faixas, entre elas singles que a artista vinha trabalhando desde 2019 como “Never Really Over”, “Harleys In Hawaii” e “Daisies”, o trabalho é cativante, tem algumas canções fortes pra gente dançar na festinha do Zoom e é bem otimista.
Na verdade, tão otimista que dá até um up da realidade do Brasil em 2020, tipo um mantra inspirador pra que tudo de fato fique bem, né? “Smile” tem o conteúdo das letras todo baseado na superação de obstáculos de uma forma que parece bem honesta, especialmente se pensarmos em um lugar de estabilidade emocional no qual a artista está atualmente.
Desde o trabalho anterior, “Witness”(2017), a artista tem adotado uma postura bastante sincera sobre os sentimentos e inquietações que tem sobre a vida e a carreira. À época do lançamento, ela chegou a fazer uma grande live, como uma espécie de “Big Brother”, no qual passou quatro dias sendo transmitida ao vivo no YouTube. Nessa transmissão, conversou com outros artistas e até com profissionais da psicologia sobre saúde mental, problemas com o abuso de álcool e a relação conflituosa que já teve com os pais.
Além da superação dessas questões, Katy iniciou o trabalho num momento em que tinha tido uma pausa no relacionamento com o atual noivo e pai de sua filha, Daisy Dove Bloom, o ator Orlando Bloom. Entre os produtores escolhidos pra pincelar os sons dessa paleta de sentimentos estão grandes nomes como Oscar Görres (Troye Sivan, Tove Lo e Allie X), Charlie Puth e Zedd.
O aguardado momento chegou! Vamos lá? Dá o play e vem descobrir o que achamos!
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“Never Really Over” é a faixa que abre o disco. Sendo um single lançado em maio de 2019, foi uma das músicas pop mais potentes da temporada. No disco enviado pela gravadora algumas semanas antes do lançamento de “Smile” ao Papelpop, é interessante notar que a versão final da faixa é a 15a tentativa de mixagem. Dá pra imaginar Katy e a equipe matutando até chegar nas camadas de vocais super diretas e cheias, que são já uma característica das produções da artista.
“Cry About It Later” vem com um sintetizador mais pesado e presente, com a letra que já entrega a proposta de todo o disco: “Vou chorar por isso depois, porque hoje vou é me divertir”. É também sobre se entregar de novo ao amor, fica na cabeça demais, especialmente na parte que entram as guitarras e algumas vozes com efeitos sintéticos (vocoders). A produção é complexa!
“Daisies” é uma das melhores canções pop do ano, na qual Katy nos entrega vocais mais presentes e também deu uma grande pista do nome da filha, que acaba de nascer.
“Not The End Of The World”, como o nome já diz, é um grande “vamos com calma, porque não é o fim do mundo”, com estética mais épica e cinemática, a instrumentação numa pegada mais noturna quase como do hit “Dark Horse”, de 2013. A faixa ainda tem uma interpolação de uma canção já bem conhecida em samples, que é “Na Na Hey Hey Kiss Him Goodbye” do grupo Steam, de 1969.
“Smile”, a faixa-título, nos presenteia com uma festa. A produção tem uma pegada meio disco, com instrumentos de sopro em ritmos sincopados criando aquela atmosfera sonora que dá um up no nosso dia, algo que Katy faz muito bem desde “Birthday”, lá do álbum “Prism” de 2013.
Falando em faixas que remetem um pouco a canções do “Prism”, “Champagne Problems” é uma das que mais ficam na cabeça, trazendo uma sensação meio deep house que flerta com a disco music, parecido com “Walking On Air”, que é a favorita de muitos fãs. A letra vem através de uma persona opulenta, que diz que os únicos problemas que ela tem tido agora são de decidir entre coisas boas (o que é mais ou menos a tradução da expressão “champagne problems”, do inglês).
“Tucked” é a música apaixonada do disco, mais ou menos. Porque é sobre ela fica com o boy “enfiado” na cabeça dela o dia inteiro, mesmo ela querendo esquecer. Traz uma pegada meio produções do icônico produtor italiano Giorgio Moroder.
“Only Love” traz a letra mais profunda e emocional de todo o trabalho, na qual Katy diz que “ligaria pra minha mãe e pediria desculpas por não telefonar pra ela”, numa pegada muito gostosa. Ela brada por amor e completa que quando partir desse mundo quer deixar todo o ódio para trás.
“What Makes a Woman” é também um acerto. Começa com uma guitarra dedilhada e um vocal mais jogado pra um lado “do fone”, meio retrô gravações mono dos Beatles, e tem uma letra sobre como não dá pra definir categoricamente a pluralidade que é ser mulher.
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Katy Perry lançou o primeiro álbum, “One Of The Boys”, em 2008 e o disco a fez ser uma das figuras definitivas da cultura mainstream e da música pop. Talvez um elemento decisivo pra isso ter acontecido é que ela escreveu esse primeiro disco querendo colocar muito sentimento pra fora, pegar um violão e fazer uma música honesta como sua heroína, Alanis Morissette, fez em “Jagged Little Pill” (1995). Dá muito pra sentir que essa intenção se mantém mais de uma década depois, já no quinto álbum.
“Smile” talvez não tenha faixas que marquem uma geração, um feito que “Teenage Dream” conseguiu, mas tampouco dá a impressão de ter tido essa intenção. Ele é sobre honestidade e otimismo e nos molda dentro dessa proposta. Katy Perry usa a linguagem já estabelecida entre as referências oitentistas do pop e faz bonito.
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