Nesta quarta-feira (12) a cantora Majur lançou o single “Andarilho”, uma faixa delicada em que canta sobre afeto e intimidade. O lançamento, à la voz e violão, entrega uma letra que narra a relação da artista com um amor, com quem divide a vida há cerca de 12 anos.
Na mesma tacada chega também um videoclipe, que traz lindas imagens captadas em um cenário com cortinas gigantescas e paisagens de flores.
O lançamento marca um novo momento para Majur, já que é a primeira faixa escrita por ela ao violão, uma proposta ainda não experimentada em suas faixas.
Além disso, “Andarilho” é a primeira amostra de um álbum de estreia (ainda sem nome ou data de lançamento divulgados), como conta a própria ao Papelpop, numa entrevista por telefone. Leia a conversa completa:
PAPELPOP – Como surgiu “Andarilho”?
MAJUR – “Andarilho” é uma música criada pra celebrar o afeto, que tem nome e endereço. Para além da minha família, minha mãe e meus irmão, tem uma pessoa muito importante na minha vida, que é Rodris, que é minha melhor amigue e está comigo há 12 anos. Nesse momento de pandemia e quarentena, passamos por esse processo de fortalecer as relações de afeto e com quem a gente troca. Achei que era um momento oportuno de falar sobre a importância da troca do afeto e também sobre como Rodris é importante na minha vida, porque é uma pessoa que sempre me acompanhou e deu coragem sobre como eu iria me expor, fazer tudo isso. Depois da minha mãe, é ele na terra. Rodris também é uma pessoa não-binária, que atende como “ele” e como “ela”, diferente de mim, que só atendo como “ela”. O clipe vem com algumas referências que são muito importantes, sobre as partes da minha vida. Escolhi a cor rosa, porque lembra afeto e “rosa” lembra “Rodris”. E vai ter uma história sobre esse rosa, por onde eu estiver e andar, vai sempre ter o rosa. Num dado momento, estou toda de rosa e isso representa um momento da minha vida em que tive muito afeto das pessoas do meu lado. É uma surpresa, mas a faixa faz parte do meu disco. Ainda não temos uma data específica, mas é a primeira canção que canto que faz parte do meu álbum.
Você comentou sobre como você e Rodris têm uma relação há 12 anos. Escrever uma faixa sobre alguém tão especial e íntimo é mais fácil?
O difícil não é escrever, porque eu poderia nem parar de escrever. São muitos sentimentos e muitos anos. A relação não só com Rodris, mas com todos meus amigues, são de muita coisa, constância e movimentos. O rolê é conseguir parar de escrever. Consegui formular através de uma canção esse sentimento que representa afeto, né? E no clipe, trazemos esse afeto pela imagem.
Como você se sente antes de um lançamento?
É uma loucura! Só pra você entender, neste momento estou lavando o cabelo falando com você! Hahaha isso, porque preciso estar também pronta pra daqui alguns horas fazer um ensaio fotográfico. Tem muita coisa acontecendo além do lançamento, entrevistas… está bem corrido. Estou olhando o clipe a toda a hora e vendo se está tudo certo. Estamos felizes com o resultado!
É muito especial que “Andarilho” fale de afeto, especialmente vindo de uma artista trans no atual contexto da indústria da música, né? Em que alguns artistas não têm tanta responsabilidade com o poder do alcance.
Repostei essa semana uma parte do Átila Britto, com algumas manas trans da arte, a Linn da Quebrada e a Liniker. E postei como “respeite nossa existência”. Toda essa comoção ao redor de uma pessoa pública que fez algo errado é necessária, mas é uma coisa que faz parte do nosso cotidiano diariamente. Não é só essa pessoa que fez, muitas fazem todos os dias. E agora a gente quer falar sobre o contrário. Sobre como as relações de afeto e amor não têm um tipo de pessoa específico, uma cor, um tamanho… o amor e o afeto são coisas que qualquer pessoa pode ter por qualquer outra. E é uma escolha. Por isso é importante lembrar as pessoas de que respeitar é uma escolha, ter relações afetivas ou de raiva também é uma escolha e a gente está tentando fazer as pessoas escolherem o lado bom. Pra gente mudar alguma coisa nesse circuito que vivemos. Mas sinto que as pessoas estão mais abertas para entender e também mudar, está todo mundo entrando. É bom ter esse pico de pessoas que aprecem e fazem esse erro, pra serem exemplo pra outras.. E que bom que a Marília Mendonça se colocou na internet pedindo desculpas e prometeu que vai também fazer ao vivo na live dela. Fiquei maravilhada.
E dessa vez, parece que a internet não foi direto “ao cancelamento”, mas foi um tanto propositiva em ajudar a Marília a entender o erro, né?
Sim! A cultura do cancelamento não é uma coisa que conheço tanto, mas tenho observado como as pessoas têm parado pra pensar sobre o cancelamento. E acho que o fato da Marília rapidamente reconhecer o erro dela e ir falar na internet, fez as pessoas verem que ali aconteceu o processo de entendimento. Ela entendeu que ela estava sendo transfóbica no comentário. Inteligente, estratégico e espero que seja a realidade, que ela tenha mesmo mudado. Esperando ansiosos pelo pedido de desculpas na live dela, né?
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“Andarilho” também está nas plataformas de streaming.
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