Nesta sexta-feira (21) o DJ Bruno Martini lançou “Bend and Knee”, música feita em parceria com Timbaland e interpretada por Iza. A faixa abre alas para a chegada de seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Original”. A previsão de estreia é para o mês de outubro.
Em entrevista ao Papelpop, o artista contou um pouco sobre essa nova fase e chegou a revelar que esse não será o único trabalho com a cantora carioca no projeto. “Pra mim é muito gratificante ter um trabalho com alguém como ela”, disse. Ele também contou a história do featuring, falou sobre processo criativo, nova era e muito mais! Leia:
PAPELPOP – Qual é a história de “Bend and Knee”? Apesar da experiência, como foi trabalhar com esses dois grandes artistas?
BRUNO MARTINI – É uma música que eu já tinha há um tempo no meu estúdio. Uma música que foi escrita por mim junto com a Mayra [Arduini], parceira minha há muito tempo. A uns dois anos atrás, eu recebi um email do time do Timbaland, falando que eles tinham gostado muito de uma música que eu fiz que se chama “Living On The Outside”, em que eu canto e toco todos os instrumentos. Eu tava fazendo uma tour pelos Estados Unidos na época, quando chegou esse email. E aí, eles perguntaram se eu tinha mais músicas pra enviar pra eles. Eu subi um link com umas dez faixas que eu já tinha feito e mandei. Eles adoraram! Foi aí que eles perguntaram: ‘Cara, você não tem como vir aqui pra Los Angeles ficar um dia no estúdio com a gente?’. Respondi com um ‘Claro!’, porque o Timbaland marcou muito a minha geração. Quando eu era mais novo, desde que eu comecei a produzir e a pegar paixão pela música, eu usava ele muito como referência, sabe? Inclusive, na época que eu trabalhava na Disney, eu fiz um videoclipe em homenagem a uma das músicas dele. E, cara, quando eu recebi o convite, fui pego de surpresa e eu sabia que era um sonho que eu ia realizar.
Um tempo depois, nós fomos gravar e eu tava no mesmo estúdio onde o Michael Jackson gravou “Thriller”, pra você ter ideia. A primeira vez que a gente entrou no estúdio eu mostrei algumas músicas pra ele e tal, nós produzimos e rolou uma química muito legal, até que ele pediu pra ficar mais. Quando eu cheguei no Brasil, e eu já tinha umas sete músicas com o Timbaland. Daí eu precisava saber o que eu iria fazer com o material, isso há um ano e meio. E aí precisava chamar alguém pra fazer parte disso comigo e a primeira pessoa que veio na minha cabeça foi a Iza. Eu precisava mostrar esse trabalho pra ela, mas não sabia como chegar. Até que, através de amigos em comum, consegui mandar a música e ela se apaixonou, disse que queria muito gravar. E a música que eu mostrei foi Bend and Knee, que fala sobre empoderamento feminino, tudo o que ela defende, e não podia ter pessoa melhor pra interpretar essa música do que a Iza. Fiquei muito feliz quando ela topou participar porque eu sou muito fã do trabalho dela.
Ela veio pra São Paulo e a gente gravou juntos, e aí eu decidi mostrar outra canção que eu tinha feito com o Timbaland e ela se apaixonou. Então, ela também faz parte dessa outra música, que é a faixa-título do meu CD, “Original”. Fiquei muito contente! Obvio que eu sou fã das músicas dela, mas tudo que ela significa também, tudo o que a persona “Iza” tem de força no Brasil. Pra mim é muito gratificante ter um trabalho com alguém como ela.
Essa é uma daquelas músicas que, com certeza, a gente vai ouvir muito por aí e que é mais um passo da IZA na carreira internacional. Você tinha a intenção, desde o início, de produzir um hit?
Assim, muita gente me pergunta isso, principalmente depois do sucesso mundial de “Hear Me Now”. Depois de um tempo a gente fica um pouco perdido, porque você entra nessa e acaba perdendo um pouco da sua verdade e, no mundo democrático de hoje, onde a gente escolhe o que vai ouvir por meio das plataformas digitais, é o povo que decide o que vai ser um hit ou não. Pode até ser um pouco de arrogância falar isso porque a gente não decide o que todo mundo vai escutar. Então, eu prefiro entregar sempre um trabalho de qualidade, algo em que eu credite muito e que seja verdadeiro pra mim. Se fizer sentido pra mim eu já tô satisfeito!
Ouça “Bend and Knee”:
Vemos muitos artistas comentando sobre como é difícil prender a atenção das pessoas em um álbum e muitos deles chegam a abrir mão de um projeto como esse, já outros apostam no trabalho pois desejam passar uma mensagem, um propósito. Qual é a principal mensagem desse novo disco?
Cara, eu acho que isso até pega no que eu tava falando com você. Original é, simplesmente, ser você mesmo! Eu fiz várias parcerias durante minha carreira e muitas delas foram bem sucedidas até agora, mas chegou num ponto em que eu venho preparando uma coisa que sou eu. Eu quero mostrar as minhas influências nas músicas, mostrar o que faço no estúdio, o que gosto de ouvir… eu sou um cara muito eclético. Por mais que a gente tenha o costume de colocar artistas em caixas, tipo: ‘Esse é eletrônico, só faz isso’, etc, a gente já tá em 2020 e cada vez mais a música vai se juntando. Então, você vê hoje o funk com uma batida de hip hop, com outra coisa, com influência do reggaeton… é uma mistura e eu sempre fui assim na minha carreira. Comecei tocando guitarra quando tinha oito anos de idade, quando tive uma banda de rock quando tinha 12/13 anos, ouvia Led Zepplin, com 15 anos comecei a trabalhar com a Disney, onde passei oito anos, sempre fui fã de hip hop, muito fã obviamente de música eletrônica… sempre ouvi de tudo. Então, eu acho que com o álbum eu consegui, de fato, expressar quem eu sou e colocar as minhas influências da música pra chegar ao que eu sou hoje. Eu vou fazer 28 de idade, comecei minha carreira profissional com 15/16 na Disney, então, ao longo desses 12 anos, o álbum mostra quem é o Bruno Martini, o som que ele gosta de ouvir, as influências, de onde ele veio… eu acho que o álbum conta um pouco da minha história através de música.
Uma vez eu vi você falando que não existe fórmula pra um sucesso, porque é tudo arte. Então, eu queria saber: qual é o seu processo criativo? Você faz tudo de forma intuitiva?
Cara, isso é muito louco! Cada pessoa tem o seu processo, sabe? Eu tive a oportunidade de ficar três meses na Europa fazendo show e, durante esse tempo, eu trabalhei com vários produtores de vários artistas diferentes e cada um tinha um método de trabalhar, inclusive, o Timbaland. Não existe um certo e errado quando você faz arte, só que eu sou muito coração. É óbvio que eu estudo muito! Eu acho que todo mundo tem acesso ao que você quiser aprender com YouTube, vídeos, tudo o que você procura tem lá, e fazer música é muito mais acessível. Hoje você vê jovens fazendo músicas com laptop, fazendo som demais… então, todo mundo tem acesso a tudo, só que eu, Bruno, sou muito coração. Quando eu tô fazendo algo e aquilo não me arrepia, eu não consigo fazer. Às vezes, vários artistas me procuram pra produzir e eu prefiro não participar de sessões no estúdio porque, às vezes, a energia não bate. Eu sou muito de energia e se ela não estiver certa eu não consigo fluir. Então, toda minha arte tem muito coração, diz muito a mim… ou são histórias que eu passei, histórias que algum amigo passou, ou que eu vivenciei. Eu prefiro contar a minha história através da música.
Eu vi no seu Instagram um TBT com o Zeca Pagodinho, sugerindo um possível remix da clássica “Deixa A Vida Me Levar”. Foi só uma brincadeira? Como você vê essa fusão mais “ousada”, digamos, de gêneros muito brasileiros com o eletrônico? Porque a galera tá mais acostumada com funk, pop…
[Risos] Ia ser muito legal! [Risos] Eu sou muito fã do Zeca! Esse encontro aconteceu na minha gravadora, Universal. Ele tava lá, a gente sentou, batemos a maior resenha e conversamos. Ele é um cara muito legal, muito querido! Ali foi uma brincadeira mesmo que eu postei, mas, obviamente, se rolasse eu adoraria fazer parte disso. Ele é um ícone da nossa música brasileira e eu ficaria muito contente em fazer parte disso!
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