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Capa da Vanity Fair, Viola Davis diz: “Sinto que toda a minha vida foi um protesto”

Viola Davis é a capa de julho/agosto da Vanity Fair e deu uma entrevista bem poderosa sobre a carreira e racismo em Hollywood. Ela, que se tornou a primeira mulher negra a ganhar um Emmy como atriz principal na série “How To Get Away With Murder”, contou como quis contribuir para os protestos antirracistas após a morte de George Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery.

Davis revelou que, por conta da Covid-19, ela estava com medo de ir aos protestos, mas achou outra forma de se manifestar: ela, o marido e mais alguns atores acamparam na Laurel Canyon Boulevard, em Studio City, com cartazes contra a violência policial.

Ao ser perguntada se ela já havia protestado assim antes, a atriz respondeu com orgulho:

“Sinto que toda a minha vida foi um protesto. Minha produtora é meu protesto. Eu não usando peruca no Oscar de 2012 foi meu protesto. É uma parte da minha voz, assim como me apresentar a você e dizer: ‘Olá, meu nome é Viola Davis’.”

Contudo, não foi sempre que viu valor na própria voz. Ela narrou: “Quando eu era mais jovem não exercia meu poder de falar porque não me sentia digna de ter uma voz”.

Foi o apoio e o carinho das irmãs Deloris, Diane e Anita, e da mãe, Mae Alice, que melhoraram a autoestima da atriz. “[Elas] me olharam e disseram que eu era bonita”, contou.

“Quem está dizendo a uma garota de pele escura que ela é bonita? Ninguém diz isso. Estou lhe dizendo, ninguém diz isso. A voz da mulher negra de pele escura é tão rica em escravidão e em nossa história. Se nos manifestássemos, isso nos custaria a vida. Em algum lugar da minha memória celular ainda havia esse sentimento – que eu não tenho o direito de falar sobre como estou sendo tratada, que de alguma forma eu mereço isso. Não encontrei meu valor sozinha.”

Em 2017, ela ganhou um Oscar por viver Rose Maxson em “Um Limite Entre Nós” – e também levou um Tony pelo mesmo papel. Ela interpretará Michelle Obama na série “First Ladies”, da Showtime, produzida pela JuVee Productions, empresa administrada pela mesma e o marido, Julius Tennon. Mas não são todos os papéis com que se orgulha totalmente. Viola comentou que sentiu que traiu o povo preto por ter vivido a empregada doméstica Aibileen Clark em “Histórias Cruzadas”.

“Não há ninguém que não fique entretido com ‘Histórias Cruzadas’ (ou ‘The Help’). Mas há uma parte de mim que parece ter me traído, e meu povo, porque eu estava em um filme que não estava pronto para [contar toda a verdade] ”.

Em 2018, Davis disse ao New York Times que se arrependia de ter pegado o papel. Ela ainda se arrepende, embora o sucesso do longa. Davis é efusiva nos elogios à escritora-diretora Tate Taylor, e ao elenco majoritariamente feminino: “Não posso descrever o amor que tenho por essas mulheres e o amor que elas têm por mim. Mas em qualquer filme – as pessoas estão prontas para a verdade?”

O filme foi criticado por mostrar uma narrativa de “branco salvador” e por transformar o racismo em uma farsa social. “Poucas narrativas também são investidas em nossa humanidade”, continua Davis. “Eles investiram na ideia do que significa ser negro, mas… está atendendo ao público branco. O público branco, no máximo, pode sentar-se e obter uma lição acadêmica sobre como somos. Então eles deixam o cinema e falam sobre o que isso significava. Eles não são movidos por quem nós éramos”, concluiu.

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