A mexicana Danna Paola completou no último dia 23 de junho, em meio à pandemia e sem grandes alternativas de comemoração, 25 anos de idade. Recebeu mensagens de fãs do mundo todo, muitos deles brasileiros. Embora ainda seja jovem e, diga-se de passagem, um talento promissor, ela já circulou bastante no universo do entretenimento.
Além de atuar em produções como a série “Elite”, importante produção do catálogo da Netflix, a cantora tem trabalhado duro na produção de singles como “TQ Y YA”, faixa dançante que chegou às plataformas digitais na madrugada desta sexta-feira (27). A letra traz uma mensagem objetiva sobre as várias possibilidades do amor, livre de rótulos, preconceitos e julgamentos”.
“Meus fãs LGBTQ+ sempre me fizeram sentir como parte de um todo e eu agradeço muito”, diz Danna ao Papelpop. Uma semana antes ela havia sido convidada a participar da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo. Neste ano o evento foi realizado de forma virtual. “Tem sido importante sentir o apoio incondicional que eles me dão. Aprendi muitas coisas por parte da comunidade e fazer parte de um grupo que defende o amor universal, que é uma coisa que também defendo, é uma honra”.
A quarentena, embora seja parte de um período denso, tem feito com que ela não apenas reflita sobre pontos essenciais da convivência humana, como também explore novas coisas. Ações favoráveis à própria saúde física e mental, coisas que a rotina atabalhoada de pop star não permitia antes.
“Estou acostumada a trabalhar sem parar, no automático. De repente damos de cara com isso…”, explica, fazendo uma pausa. “Agora tento encaixar uma rotina de exercícios, cozinho muito, vejo um montão de séries, filmes, escrevo e leio. É encontrar uma maneira de levar”.
Do outro lado da tela eu a observo. Danna até tenta dar a impressão de que tem ido numa frequência menos intensa, mas não convence. Fala com energia e logo torna a comentar sobre o trabalho. “Como artista você tem que traçar metas. Jamais se colocar em zonas de conforto. Por isso sigo no estúdio trabalhando em canções, improvisando, gravando vídeos em casa. É um pouco complicado, mas tem funcionado”.
Duas faixas desta safra são “Sola” e “Contigo”. A primeira, lançada no fim de maio, é narrada sob a perspectiva de alguém desiludido com as falácias do amor romântico. “Eu a escrevi em fevereiro e não tinha nada a ver com a minha situação sentimental atual”, brinca. “É uma música que gosto porque fala desse sentimento de estar com uma pessoa, mas se sentir empoderada pra sair de algo que não faz bem”.
Como se dissesse basta, o single é uma versão moderna do velho ditado “antes só que mal acompanhado”. “É que estar solteira está na moda. Não existe esse amor à la Disney. A dor está aí e no fim nos faz mais fortes. Isso é genuíno”, explica ela, bem-humorada.
A outra dialoga com o Brasil. Traz participações pra lá de especiais, incluindo as cantoras Paula Fernandes e Luísa Sonza. Além delas, Sebastián Yatra, Cali y el Dandee, Greeicy, Lola Indigo, HRVY também emprestam suas imagens para o projeto, a fim de fazer com que as pessoas fiquem em casa. Tem dado certo. No YouTube a canção já conta com quase 30 milhões de visualizações.
“Foi muito interessante como surgiu essa música, porque ela nasceu em um dia cinzento e triste. O resultado, como vimos, foi algo completamente oposto. Eu quis fazer algo pra dançar na sala de casa e sair do fundo do poço”, diz Danna. “É sobre ver o lado positivo das coisas. É algo fácil de escutar, até meio altruísta, e pensando agora foi surpreendente como os colegas se uniram nisso”. Os lucros obtidos foram destinados a instituições de caridade no México.
Tendo começado a própria carreira ainda criança, ela tem observado em tempo real ao longo das últimas 2 décadas as constantes transformações da indústria. A crise mundial que enfrentamos, em suas palavras, apenas expôs isso de uma maneira mais intensa. “Ver isso acontecendo é muito ‘Black Mirror’”, diz. “É muito bizarro, nunca imaginei que chegaríamos nesse ponto. Era normal fazer uma live no Instagram, mas agora existe uma certa obrigatoriedade”.
Entre prós e contras, ela destaca um em especial: “Claro que é maravilhoso, posso falar com você de pijama, de qualquer lugar da minha casa. Mas é isto, encontrar novas formas de exercer sua responsabilidade enquanto artista e seguir trabalhando como se pode. É algo que vai seguir crescendo e muitas coisas vão surgir disso”.
Antes de desligar, toco no assunto “Elite”. Na pele da personagem Lu por três temporadas, ela saiu de cena no quarto ano. A ausência, segundo Danna, pode ser apenas temporária. ” Estou focada na música, mas nunca sabemos. Os produtores e roteiristas sempre entregam surpresas. Eu não me despeço”.
Ela mais uma vez faz questão de reconhecer a forma com que seu trabalho foi abraçado pelo público. “Criamos algo gigantesco e que sempre me agradecem por isso. Assim como nos graduamos na vida real, os personagens também acabaram tomando rumos distintos é interessante saber que há vidas paralelas nas telas”.
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