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Você precisa conhecer o som e o poder de RUBY, nova aposta do pop nacional

“Cresci em uma igreja evangélica muito rígida, em que não podia passar maquiagem, usar esmalte, vestir blusa sem manga”, conta RUBY, cantora belo-horizontina que vem chamando a atenção por sua voz melódica, presença imponente e composições pegajosas. Por incrível que pareça, seu passado foi bem diferente da garota estonteante que aparece nos clipes. “Cresci sem vaidade. Meus pais são pastores e minha tia sempre acobertava pequenos momentos de libertação aos fins de semana. Na casa dela eu ouvia Beyoncé, Rihanna, Shakira… também usava roupas da minha prima, era uma festa”.

Embora só tenha dois singles lançados, a jovem tem somado uma legião de fãs que pouco a pouco reconhece nela a figura de diva – tal qual a de artistas que a inspiravam quando adolescente. O fato é que pouco a pouco Ruby vai galgando seu espaço na cena e bençãos não faltam. Além de BK, com quem lançou na última sexta-feira (3) o single “Quero Mermo”, a artista firmou uma frutífera parceria com Papatinho.

“Ele sempre foi muito generoso, desde a primeira vez em que entrei no estúdio. Lá me sinto muito em casa, livre para poder criar e fazer o que acredito”, explica. Descoberta pelo produtor carioca, um dos mais requisitados da música brasileira e que tem em seu currículo trabalhos com Ludmilla, Anitta e Cardi B, Ruby tem ainda 3 canções pra lançar ao seu lado. Essa explosão criativa fez com que ambos se conectassem, vivenciando uma frequência que poucos parceiros musicais conseguem explorar tão bem.

Estritamente cuidadosa com suas criações, a artista faz parte de um movimento fresco da cena mineira que exporta novidades para palcos de todo o país. “Fico feliz de ser um desses artistas que estão crescendo aos olhos do público, dando novas perspectivas além do que se vê no Rio e em São Paulo. É importante dar ouvidos, dar voz para músicos que estão começando, independente do lugar em que nasceram”, diz.

Além de bandas como Rosa Neon e Lagum, suas conterrâneas, também ganhou espaço nos holofotes o rapper Djonga, o qual RUBY não poupa elogios. “Ele é uma grande referência, tenho muita vontade de colaborar”. Ela também destaca uma identificação de ideais. “Existe um discurso muito contundente com tudo o que acredito.”

É por meio das letras profundas, bem como da dimensão necessária que o colega dá às pautas de representatividade, que RUBY se diz cativada. “Existe nas composições de Djonga uma realidade escancarada, que fingimos não ver. Me reconheço muito, enquanto mulher preta, e tenho um papel a desempenhar. Crianças e jovens daqui a algum tempo vão ser artistas no futuro e precisam se ver representados. A população negra soma mais da metade do Brasil, a unica deficiência que temos é a de não conseguir reconhecê-la em locais privilegiados”.

Sua admiração pela black music não para por aí. Após se dizer devota de Nina Simone, fico curioso e quero saber o que entra em suas playlists além dos já citados. Embora seja de uma geração em que o digital é seu principal meio de diálogo com o público, RUBY brinca e responde a pergunta revelando que tem vinis em casa.

“Na real, o nosso MPB é muito rico, embora não seja tão valorizado aqui no Brasil quanto deveria. Tenho alguns discos do Tim Maia em casa, adoro Djavan também”. Com dois singles na manga, a jovem faz planos para o futuro. Conta também que sonha com uma colaboração especial. “Eu sou apaixonada por [Jorge] Ben Jor. Tenho uma música, inclusive, que acho que dá super certo com o estilo dele. Já pensou?”.

Nós também falamos sobre as superproduções empregadas na gravação de seus clipes. Em “Chapadin de Amor”, por exemplo, ela deslocou uma equipe enorme para Cabo Frio, interior do Rio de Janeiro, pra uma gravação que envolveu carros, ballet e jogos de câmera. “Foi muita gente, me surpreendeu e validou ainda mais a seriedade do meu trabalho. Principalmente por ser o primeiro clipe”.

Dois mil e vinte ainda está no começo, há muito o que mostrar. Mas busco saber de RUBY, exatamente dela, o que esperar para o futuro. “Ter muita coerência entre o que eu falo e o que eu faço. Quero passar a minha verdade, mostrar que não só a música, que existe uma pessoa que está por trás com suas lutas, que cruzou uma estrada longa até a gravação do primeiro single”. Para ela, a humildade é uma palavra chave. “Tô chegando agora e não quero ditar regras de um jogo que ainda estou entrando.”

 

“Quero Mermo”, assim como os demais trabalhos de Ruby, está disponível também nas plataformas digitais.

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