Quando conversamos com Illy por telefone em meados de outubro de 2019, ela disse o seguinte: “As coisas precisam ser ditas. Tudo continua do mesmo jeito, com o ‘high society’ cada vez mais down”. De fato, a afirmação não apenas se mostra como um reflexo dos nossos tempos como poderia muito bem ter sido feita há 30, 40 anos por uma outra artista que conhecemos bem: Elis Regina.
A pimentinha, que nos deixou em 1982, é sua grande ídola e ganha no fim deste mês um álbum de regravações. “Te Adorando Pelo Avesso”, como foi batizado em referência à faixa “Atrás da Porta”, deve percorrer grande parte de sua obra e traz 12 novas versões de clássicos como “Alô Alô Marciano”, “Querelas do Brasil” e “Fascinação”. As interpretações, aliadas a outras surpresas, chegam às plataformas de streaming no dia 23 de abril, quinta-feira.
A ideia é homenagear Elis sob um viés estético mais moderno, solar, dançante e com influências de gêneros genuinamente brasileiros como o funk melody e a batucada. Tudo isso, claro, sem deixar de lado a tradicional profusão de sentimentos provocada pela voz da intérprete original.
A capa do projeto, até então inédita, mostra Illy mais uma vez fazendo referência à musa. Para o clique, feito pelas lentes da fotógrafa Julia Pavin, foi usada como referência a capa do álbum “Elis 73”, que traz a artista dentro de uma moldura branca e vestindo uma blusa com lantejoulas. Aqui Elis é engolida pelo brilho, emanando raios de luz.
A tracklist não deixa a desejar. Serão 12 faixas e o destaque, para além da voz sinestésica de Illy, fica por conta das suas parcerias que escolheu: os amigos Silva e Baco Exu do Blues, que cantam em “Atrás da Porta” e “Me Deixas Louca”, respectivamente.
1. Alô alô, marciano
(Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Gabriel Loddo: Baixo, Synth;
Guilherme Lirio: Guitarras, Rhodes;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Afoxé, Pandeirola;
2. Como nossos pais
(Belchior)
Gabriel Loddo: Baixo, Harmond;
Guilherme Lírio: Guitarras, Synth;
Pedro Fonte: Bateria, Bateria eletrônica;
Marcelo Costa: Congas, Pandeirola;
3. Me deixas louca (participação Baco Exu do Blues)
(Paulo Coelho / Armando Manzanero)
Gabriel Loddo: Violão;
Guilherme Lírio: Baixo, Rhodes, Synth, Guitarra, Afoxé;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Bongo;
4. Dois pra lá dois pra cá
(Aldir Blanc/ João Bosco)
Gabriel Loddo: Baixo, Coro, Falas;
Guilherme Lírio: Guitarra, Glockenspiel, Rhodes, Coro, Falas;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas, Bongo, Clave, Reco-reco;
5. Atrás da porta (participação Silva)
(Chico Buarque e Francis Hime)
Illy: Voz;
Gabriel Loddo: Clarinete;
Guilherme Lirio: Baixo;
Pedro Fonte: Caixa;
6. Trem azul
(Lô Borges e Ronaldo Bastos)
Gabriel Loddo: Baixo, Rhodes, Caixa clara;
Guilherme Lírio: Guitarras;
Pedro Fonte: Bateria; Marcelo Costa: Timbal;
7. Fascinação
(Maurice de Féraudy e Dante Pilade “Fermo” Marchetti)
Guilherme Lírio: Violão, Guitarra, Baixo, Synth, Coro;
Gabriel Loddo: Atabaque, Prato, Coro;
Marcelo Costa: Atabaque;
Pedro Fonte: Bateria eletrônica, Caixa, Atabaque;
Antonio Neves: Trompete, Trombone;
8. Vida de bailarina
(Dorival Silva e Américo Seixas)
Gabriel Loddo: Baixo;
Guilherme Lírio: Guitarra, Glockenspiel;
Pedro Fonte: Bateria eletrônica, Bateria;
9. Na baixa do sapateiro
(Ary Barroso)
Gabriel Loddo: Baixo;
Guilherme Lírio: Guitarra, Rhodes;
Pedro Fonte: Bateria, Timbal;
Marcelo Costa: Berimbal, Timbal, Pandeirola, Afoxé;
10. Ladeira da preguiça
(Gilberto Gil)
Gabriel Loddo: Baixo, Reco-reco;
Guilherme Lírio: Guitarra, Synth;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas, Caxixi, Ganzá;
11. Querelas do Brasil
(Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
Gabriel Loddo: Guitarra, Caixa, Pandeiro, Repique;
Guilherme Lírio: Baixo;
Pedro Fonte: Bateria, Timbal, Repique;
Marcelo Costa: Surdo, Timbal, Repique;
12. Vou deitar e rolar
(Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
Gabriel Loddo: Guitarra, Pandeiro, TanTan, Tamborim, Agogô, Garrafa, Reco-reco;
Guilherme Lírio: Baixo, Caixa clara;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas;
No segundo semestre de 2019 o álbum ganhou seu primeiro single, “Alô Alô Marciano”. O clipe da canção, dirigido por Pedro Henrique França, é um projeto riquíssimo em referências, que vem para reforçar os questionamentos da dupla Rita Lee e Roberto de Carvalho, compositores da faixa e amigos de Elis. Foi na voz dela que a faixa se transformou em um hit.
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