Já faz um tempinho desde que Christine and the Queens tem sido vista circulando no spotted do pop. Este é na verdade um nome escolhido pela francesa Héloïse Letissier para a sua persona musical, que entrega letras bem elaboradas em inglês, francês e italiano, além de ter um som que transita entre o futurismo e o retrô. Como se tudo isso não bastasse, ela também é uma artista completa que investe pesado em visuais de tirar o fôlego, coreografias elaboradas e na fluidez total da arte, que não se prende nem mesmo aos estereótipos de gênero.
Em fevereiro de 2020, Christine reforçou ainda mais o coro de elogios que já vinha recebendo nos últimos anos (e que a levou a tocar em alguns dos principais palcos do mundo como o Coachella, o Primavera Sound e o Glastonbury) ao lançar o que podemos chamar de sua obra prima até então: o EP visual “La Vita Nuova”. Gravado em Paris ao lado de um time de bailarinos impecável, este trabalho traz algumas de suas melhores canções (e uma collab daquelas com Caroline Polachek).
Apesar de ter uma história relativamente recente, antes de chegar até aqui seu caminho foi longo. Vamos fazer uma retrospectiva da carreira da artista até aqui? A gente garante: os motivos para que você se apaixone por ela são muitos!
Nascida em 1988, numa cidade chamada Nantes, na França, desde muito nova Chris se viu apaixonada por literatura – talvez esta tenha sido uma das grandes influências que recebeu dos pais, ambos professores universitários. Ainda na adolescência, ela lia textos de Judith Butler (importante filósofa e teórica dos movimentos feminista e queer).
Daí mesmo vem o caráter questionador do pop que produz, que envolve a criação de personas e a exploração de universos até então vistos como tabu. Chris transforma todo esse conhecimento e experiência num cancioneiro rico em referências, apresentadas de forma rebelde, sensual e levemente irônica.
Assumidamente pansexual, ou seja, um indivíduo que aprecia e é atraído por pessoas de todos os tipos de gêneros ou orientações sexuais, Chris também esteve envolvida na comunidade queer desde muito cedo. Tanto que parte de seu nome artístico, “And The Queens”, surgiu por uma história que envolve este universo. Ainda jovem ela foi expulsa da faculdade onde cursava teatro por falta de adequação às regras da instituição. Após passar por um um término de relacionamento, ela decidiu se mudar para Londres, onde conheceu um famoso clube noturno da capital chamado Madame Jojo.
Lá, fez amizade com uma família de drag queens que a inspiraram a criar esta persona. Você pode vê-la contando essa história enquanto é montada por pela famosa Milk logo abaixo:
A partir desse encontro com as queens de Londres, que a inspiraram a embarcar em um outro rumo de sua vida, ela voltou à França e monta um estúdio em casa, onde começaria a experimentar o trabalho de produção musical. Desde o início, suas referências principais foram David Bowie, Kanye West, Kendrick Lamar e Michael Jackson. Quanto o assunto é composição? Philip Glass, Patti Smith, Fiona Apple e Kate Bush. TUDO, NÉ? <3
Esses experimentos evoluíram para o primeiro lançamento da artista, ainda completamente independente, o EP “Miséricorde” (2011). A partir disso, Christine ganhou espaço na cena francesa e conseguiu um contrato com o selo independente Because Music, com o qual lançou seu primeiro disco três anos depois, intitulado “Chaleur Humaine”, todo produzido por ela. Naquele ano ele seria considerado um dos melhores álbuns de estúdio lançados no país pela crítica especializada. Dele você precisa ouvir “iT” e “Christine”/”Tilted”.
Esta última, fruto de uma colaboração com o produtor Ash Workman, conhecido por trabalhar com o grupo inglês Metronomy, é um ótimo jeito de mostrar como o trabalho da cantora utiliza os idiomas como portas de comunicação, ainda que não se prenda a nenhum deles. Como grandes divas internacionais como Shakira e Laura Pausini, Chris busca fazer lançamentos simultâneos em inglês e francês.
A partir daí, a artista atraiu tanta atenção que inspirou nomes como MARINA, Lykke Li e Tame Impala a convidá-la para fazer os atos de abertura de suas respectivas turnês. O famoso “tá bom pra você?” hahahaha
Como se isso não fosse o bastante, ela também recebeu a benção da rainha Madonna. As duas já tinham se encontrado em 2015 em um show da “Rebel Heart Tour” em que a cantora a convidou para subir ao palco em um determinado momento. Mas foi em 2020, durante a “Madame X Tour” no teatro Le Grand Rex, que ela ouviu a seguinte frase, com M sentada em seu colo:
“Eu amo tudo o que você faz”.
Inspiração pra vida né? Mas corta pra 2016 que não acabou ainda. Após lançar uma versão deluxe de seu primeiro disco, Christine começou a trabalhar num outro projeto. Lançado em setembro de 2018, o disco “Chris” foi um acerto só: mais madura do que nunca em suas composições (nas quais ela brinca ainda mais com o personagem Chris e suas experiências de hibridez de gênero) ela cria uma sátira do machismo e da própria sexualidade. O clipe de “5 Dollars” é um ótimo exemplo disso.
Versátil ao extremo, o projeto também entrega baladas lindas como “La Marcheuse” e a música do ano de 2016 pela revista Time, “Girlfriend”. A dança contemporânea e a performance tiveram ainda mais espaço nesta era para serem expressadas a partir de então, como acontece no clipe de “Comme Si”:
Foi assim que seu show recebeu elogios por onde quer que passou. Glastonbury, Coachella, Primavera Sound… todos se renderam a ela. Você talvez até já tinha ouvido falar de Chris antes de ler este post, caso seja fã de “RuPaul’s Drag Race”. Em 2019, ainda colhendo os frutos de seu trabalho mais recente (e extenso) de estúdio, ela foi convidada pela Mama Ru para participar do episódio final da 11ª temporada onde perfomou “Sissy That Walk”. A música é uma das mais icônicas do repertório da drag queen.
Agora vamos às colaborações! Uma das mais memoráveis (e precisas!) foi feita com Charli XCX, que a convidou para colaborar em um dos singles de seu mais recente álbum, “Charli”. A faixa em questão é “Gone”, que também ganhou um clipe sensacional. Nas imagens, a dupla se liberta de amarras enquanto vê o cenário ao seu redor ser destruído pelo fogo e pela água.
Em “La Vita Nuova”, trabalho que dá início a uma nova fase de sua vida, Chris resgata episódios tristes como a perda da mãe no último ano. O EP começa exatamente com uma faixa sobre como tem se sentido difícil atravessar determinadas situações. A faixa em questão é “People, I’ve Been Sad”.
A canções de agora foram apresentadas junto a um curta-metragem lindíssimo todo baseado em dança contemporânea e atuação com direção do artista audiovisual francês Colin Solal Cardo (que também dirigiu o clipe de “Gone”). Na divulgação do curta, Héloïse conta que a criação desses visuais foram um processo muito catártico, porque todo o trabalho é pautado em uma perspectiva de vulnerabilidade e intimidade.
Quer uma dica nossa? Preste bastante atenção na faixa título do projeto, que conta com uma parceria com a igualmente bárbara Caroline Polachek.
Lave suas mãos, tire os sapatos e dance em casa ao som de Christine and The Queens!
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