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No Brasil, Keane fala ao Papelpop sobre novo disco e revela amor pelo país

A banda inglesa Keane esteve em São Paulo no último domingo (01) para apresentar canções de seu disco mais recente, o “Cause and Effect”, além dos hits atemporais de mais de 15 anos de carreira do grupo. Para um Espaço das Américas lotado de fãs que sabiam as letras de todas as canções, a banda – liderada pelo vocalista Tom Chaplin -, entregou uma setlist de 26 músicas, incluindo “Somewhere Only We Know” e “Everybody’s Changing”.

A apresentação contou com vários momentos de conversa com o público, que acendia as luzes do celular e gritava “lindo, tesão, bonito e gostosão” aos músicos. A galera também riu bastante de quando Tom contou que estavam hospedados no mesmo hotel que Shawn Mendes e que, naquela manhã, haviam dividido a academia com o cantor.

Antes dos caras entrarem no palco, nesta que é a terceira vinda do grupo ao Brasil, o Papelpop bateu um papo com o Tom no camarim. Este, aliás, que parecia um lugar de muito conforto aos integrantes da banda: ao entrar no espaço, encontramos Tim Rice-Oxley se aquecendo ao teclado e logo indica que quem entrevistaríamos, seu companheiro de banda, estava na outra sala, sentadinho num sofá.

Vem ver o papo com a gente:

Já faz quinze anos desde o lançamento do primeiro disco de vocês, o “Hopes and Fears”. Muito provavelmente a forma com a qual vocês veem os processos de criação mudaram desde então. Recentemente vocês divulgaram um novo trabalho, o EP “Retroactive”, que é feito de demos de algumas canções já conhecidas pelos fãs. Tornar público o processo de criação é reflexo de uma mudança na forma com a qual vocês veem seu trabalho?

É ótimo poder compartilhar isso com quem é super fã da banda. Quando era mais novo, eu adorava achar gravações não oficiais (bootlegs) de shows e demos [de outros artistas]. Ou até as lado-B, que eram bem comuns, aquelas canções menos polidas. Mas é muito legal pra dar essa visão interna de como são os processos. A gente sempre tenta compartilhar essas curiosidades, porque as coisas que vão pra rádio são sempre o mais perto da perfeição possível, mas é interessante mostrar o caminho.

Ainda sobre deixar tudo bem polido, tem alguma canção da discografia de vocês que te faz querer que algo nela fosse diferente?

Na verdade, eu nem ouço muito nossas músicas. A gente escreve, grava e aí tocamos as músicas por tantas vezes, que… não é que ficamos cansados, mas a gente sabe BEM como elas são! Hahaha já passamos bastante tempo nas nossas próprias canções. Mas não fico muito pensando em mudar as coisas do passado. Em geral, fico bem satisfeito com o que temos lançado nos últimos anos. Mas na preparação pra essa turnê, depois de termos ficado tanto tempo longe da estrada, a gente teve que reaprender algumas canções do “Strangeland”. E consigo perceber que minha voz [no disco] está diferente. Foi um momento complicado na minha vida, porque eu estava usando muitas drogas e aí percebo que não estava cantando tão bem quanto estou agora, sabe? Então isso me dá um pouquinho de frustração, mas não me deixa mal. Teria feito melhor se fosse agora, mas é como as coisas funcionam. Não dá pra mudar. Mas em geral, fico maravilhado com como nossas canções soam.

Sobre o disco mais recente, “Cause and Effect”, como surgiram as canções? Vocês tiveram uma pausa de seis anos antes do lançamento. As composições vieram nessa pausa ou depois, com a banda já junta novamente?

As canções são as histórias da vida do Tim nos últimos quatro ou cinco anos, ou até mais. Elas documentam esse período da vida dele que foi difícil, porque além da separação da banda por seis anos, ele terminou um casamento. Ele sentiu todas essas incertezas na vida dele, o que foi bem assustador. Mas ele continuou escrevendo músicas nesse período, que acabaram entrando no disco, como “You’re Not Home”, “Thread”, “Strange Room”, elas são sobre esse tempo bem sombrio. E depois, algumas músicas foram feitas refletindo sobre o momento também. 

Esta é a terceira vez de vocês no Brasil. Quando vocês descobrem que vão tocar aqui, qual a coisa que mais deixa vocês animados?

Vir pro Brasil em si! É uma pena que às vezes a gente vem pra países incríveis assim, aí chegamos num dia, tocamos e já partimos no avião para o próximo. Então é meio frustrante que a gente acaba não vivendo esses lugares incríveis nos quais estamos, mas nessa turnê, a gente tentou conseguir uma imersão nos países. Então a gente fez uma pausa no Rio antes [da vinda a São Paulo], pra pegar uns dias de folga, só apreciando a comida, a praia, pegar um barco e passear no oceano, jogar futebol com as crianças locais… o que foi muito divertido! Estar aqui é brilhante, divertido, tem um tipo de calor humano que é muito real. E nos shows, a gente sabe que a galera é sempre muito apaixonada. Temos fã clubes bem sérios por aqui no Brasil, o que é muito fofo. Eles sempre fazem comemorações aos nossos aniversários, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância, eles pensam em nós. “

Com certeza, deu pra sentir todo esse amor no show, que teve uma energia deliciosa <3

Fotografia por @MusiekComunicacao

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