Se você gosta de um pop suavinho, com uma pegada mais acústica, você vai adorar a Elana Dara. Aos 20 anos, a cantora curitibana já conquista milhares de fãs pela internet, desde o lançamento de seus primeiros covers no YouTube, em 2018. Hoje, Elana já conta com mais de 1,2 milhão de ouvintes mensais no Spotify e mais de 400 mil inscritos no YouTube.
Elana, que também participou do projeto Poesia Acústica, com Projota e Cynthia Luz, que ela considera uma das referências para o trabalho que tem feito, junto a Lagum, Charlie Brown Jr., Ed Sheeran, Billie Eilish e Coldplay. Às vésperas de seu novo lançamento, o single, “Falei de Você Pra Minha Mãe”, o Papelpop bateu um papo com a cantora por telefone. Vem conferir!
Como foi criar seu novo single, “Falei de Você pra Minha Mãe”?
Geralmente vem primeiro uma melodia pra mim, no violão, alguma coisa assim. [Mas essa] foi porque recebi um WhatsApp de uma pessoa falando assim, “hoje eu falei de você pra minha mãe”, literalmente. Aí já surgiu o refrão, com a melodia pronta. Eu já queria fazer uma música com bastante letra, mais acelerada. Aí eu peguei o violão e fiz. Pra mim, ou sai muito rápido ou não sai a música. Então, sei lá, em quinze minutos já tinha feito a música inteira. Aí fui pro estúdio com meu produtor e ele organizou a produção, de colocar uma guitarra atrás, uns elementos a mais… daí que surgiu a ideia do sambinha no meio da música. Porque eu sempre chego com uma ideia de violão e voz, um áudio de WhatsApp, sabe?
Gosto muito das harmonias de voz na faixa. Você cita Billie Eilish como uma de suas influências e ela também tem as produções bem focadas nas camadas de voz, né?
Desde sempre, adoro fazer harmonia vocal. Fico fazendo loops em aplicativo de celular, criando segunda voz. E depois que a Billie começou a estourar, e foi tão aceita, fiquei mais confiante de poder fazer isso em músicas que nem têm tanto a ver com as músicas dela, como meu single, que tem uma pegada mais rap. Mas mesmo assim consegui inserir uns elementos. Ela é uma puta referência pra mim. Sou muito fã mesmo.
E como descobriu você descobriu essas habilidades? Foi alguma coisa na escola, igreja…?
Desde pequena, sempre fui muito tímida. Minha irmã canta. Ela sempre fez a primeira voz e eu ficava de fundo, porque eu tinha muita vergonha e não queria que ninguém escutasse minha voz. Foi bem no feeling. Nunca fiz aula de violão e voz, nada. Fui pensando o que ficaria legal e fui aprendendo a fazer. E com o tempo, a timidez foi passando. Fiz meu canal de covers. E comecei a aprender a fazer minha voz em cima da minha própria, num aplicativo, com um microfone que ganhei dos meu tios. Aí percebi que era boa nisso! Hahaha
Sempre que estou no estúdio e alguém fala “dobra a voz aí”, já tenho muita coisa na minha cabeça. Às vezes meu produtor tinha que me cortar, porque se não ia longe [nas harmonias].
Você tem 20 anos, certo?
Acabei de fazer 20.
Você estar tão próxima ao universo do YouTube desde cedo te preparou nisso de se tornar menos tímida?
Com certeza! Na verdade, eu ia fazer arquitetura na faculdade. Comecei a fazer cursinho pra passar. E estava me entediando muito. Falei “vou fazer um canal”, mas quase ninguém sabia que eu cantava. Meus amigos que sabiam insistiram, mas eu ficava “ah não vai dar nada, nem vou perder meu tempo”. Mas queria fazer algo além de estudar e criei o canal. Aí fazia um vídeo por mês e acabei passando em arquitetura pelo Enem na metade do ano. Aí falei “ah meu, já que estamos aí, vou postar toda semana”. Então quando entrei na faculdade, meus amigos de lá já sabiam que eu cantava. Quando a gente ia fazer algum rolê, eles me davam um violão e me faziam tocar, o que foi me fazendo perder a timidez. Isso, na metade de 2018. No fim do ano, postei [um cover de] “Me Desculpa, Jay-Z” [do Baco Exu do Blues]. Meus vídeos geralmente tinham umas 5 mil visualizações. Esse, em uma semana, já estava com 10 mil. E eu fiquei “caramba” e comecei a ganhar um monte de inscritos. Eu queria conseguir que as pessoas ouvissem minha música, minha voz, meu violão, mas eu era muito tímida. Não cantava nem pro meu cachorro. Aí com o canal, as pessoas já sabiam e eu era meio que obrigada a cantar nos lugares. Aí chegou na metade do ano e decidi trancar a faculdade, focar a música e estamos aí.
Que massa saber disso! Você começou o curso de arquitetura. Tem algum paralelo que você cria entre a música e o curso?
No ensino médio, fiz técnico em engenharia mecânica. Tinha certeza que ia fazer isso na faculdade. Mas aí no terceirão, minha professora de artes, maravilhosa, veio conversar comigo, tipo “Elana, você quer mesmo fazer algo totalmente voltado pra exatas? Você tem uma linha artística muito legal”, porque eu sempre desenhei. Nos trabalhos dela, eu me empolgava e fazia além, sabe? E ela sugeriu que eu fizesse arquitetura pra fugir um pouco das exatas. Mas nunca foi meio sonho de infância, assim. Era mais um “vamos no que der”. Mas a arquitetura me ajudou a desenvolver o desenho, com certeza. Tanto é que as capas dos meus singles sou eu que faço. Quero conseguir levar o desenho e a música juntos, porque hoje não vejo muita gente fazendo isso. Por exemplo, a Billie mesmo: ela que produz os clipes dela. Eu não tenho conhecimento nenhum de áudio e vídeo, mas tenho esse conhecimento de desenho, então tenho uma sensibilidade pra esse tipo de coisa. Levei a parte artística da arquitetura, não a parte de construção.
“Falei De Você Pra Minha Mãe” é uma bem direta de amor, né? Você já sentiu medo de estar se jogando muito numa situação?
Eu sou uma pessoa meio sem coração, na verdade. Às vezes, fica até complicado pra mim escrever sobre amor, porque eu não me apego, de fato. Tanto que essa música veio de algo que alguém tinha falado pra mim. Então tenho que me colocar no lugar das pessoas e pensar o que aconteceria se eu estivesse sofrendo de amor, porque pra mim é muito difícil. Acho que sou meio blindada pra essas coisas, não sei hahaha
Não sei se tem a ver com meu signo. Não sei nada disso, mas um monte de gente fala que meu signo é meio frio.
Qual é seu signo?
Aquário! Então aceitei. Tenho outras áreas da vida nas quais sou mais intensa, mas o amor não é minha praia não.
Mas você sente que sua parte criativa seria beneficiada se você se apaixonasse mais profundamente? Muito muito do pop é sobre amor e sofrer com ele, né?
Exato. Eu não sei, porque nunca estive nesse lugar, mas acho que sou muito boa em replicar sentimentos. Mas às vezes sinto alguma coisa e penso “se eu tivesse sentindo isso vezes um milhão, o que eu falaria?”, entende? Mas nas músicas em geral, é muito difícil escrever ao pé da letra. É comum você ter que multiplicar o sentimento, para que as pessoas entendam o que você quer passar, sabe?
Isso de praticamente colocar um amplificador em todos seus sentimentos te faz ter medo de que talvez as pessoas te achem doida, exagerada, ou algo assim? Como você se sente sobre essa exposição?
Ah, acho que a gente está nessa vida da música pras pessoas acharem a gente doido mesmo. Todo mundo que tem uma veia artística é meio maluco. Todo artista precisa criar de algum jeito e se você não sai da mesmice, ou não cutuca esse lado criativo, não sai nada novo.
O que a gente esperar de lançamento seu num futuro próximo?
Agora que larguei a faculdade, vai vir muita coisa. Estou com várias referências… Chorão, eu quero muito muito [fazer referência a ele] no meu próximo single. Provavelmente vão ser mais singles e, mais pra frente, um EP pra ter repertórios pra shows. Mas tem um monte de coisa engatilhada, feats… vai rolar! Esse ano vai ser muito foda.
E quais os temas dessas novas canções? O que tem te inspirado ultimamente?
Meu, tenho escrito sobre romance, óbvio, porque a galera gosta. E sobre problemas pessoais, timidez, insegurança, sabe? Eu quero que as pessoas se sintam representadas com coisas que eu possa falar sobre.
Agora uma última pergunta: sendo uma pessoa tímida, como está sendo ter sua vida mudada? Você lida tranquilamente com isso? Você encontrou bastante gente que admira já?
Aconteceu muito. Fui parar nuns rolês nada a ver. Esses dias, fui parar na casa do Ronaldinho Gaúcho. Não sei como.
Mais um dia normal?
Mais um dia normal! Eu não sou muito de tietar, de chegar e falar “meu deus, sou seu fã”, mas eu olho e penso “caraca, essa pessoa é real”. Caí de paraquedas nessa vida aí. Nos eventos, você encontra pessoas que você via quando era pequena e fico “onde eu vim parar?”, mas aí tento nem encarar muito. O que eu faço é só mandar mensagem pros meus amigos dizendo “mano, essa pessoa está do meu lado agora, que doideira!”. Mas eu me divirto!
A nova canção de Elana Dara, “Falei de Você Pra Minha Mãe”, sai nesta próxima sexta, 20/03.
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