Encerrando as talks do primeiro dia de festival GRLS!, Astrid Fontinelle, Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro se reuniram para discutir a importância das escritoras negras para a literatura brasileira. O evento, vale lembrar, acontece neste sábado (7) na cidade de São Paulo.
Quem conduziu a discussão foi a apresentadora. Ali, ela questionou as duas escritoras se a procura pelo trabalho delas e de outras mulheres negras está em processo de crescimento depois de as lutas por visibilidade terem ganhado mais espaço em um mercado dominado por homens brancos.
Um dos maiores nomes da literatura negra no país, Evaristo revelou concordar com o fato de que o mercado editorial está cada vez mais diverso e destacou como isso é fruto de um trabalho de anos. Para ela, é somente aumentando a visibilidade de grupos minoritários que o público vai conseguir entender a realidade brasileira.
“Ainda faltam vozes nesse coro. Enquanto as mulheres negras e outros grupos minorizados não ecoarem, vai faltar gente. Não tem como ler uma nação se excluímos um pedaço dela. Com a força de nosso trabalho, nossa militância, vamos comer pelas beiradas. Mas a mudança está acontecendo e o mérito é nosso porque insistimos o tempo todo”
Além disso, a autora aproveitou a oportunidade para apontar as inconsistências que existem nessa sociedade que desvaloriza o trabalho da mulher negra.
“Porque não acreditar que elas são capazes na escrita se elas foram capazes de influenciar a língua portuguesa, que é um dos bens mais preciosos do Brasil? Acho que isso mostra como duvidam da nossa capacidade intelectual, duvidam da nossa capacidade uma. Isso é desumanizar mesmo”
Djamila Ribeiro, uma das mais conceituadas pensadoras afro-brasileiras, acrescentou que é fundamental divulgar o trabalho das escritoras que vieram antes dela e de Conceição. Ela ressaltou que promover mudanças exige esforço.
“A palavra ‘empatia’ ficou banalizada. Empatia exige esforço. Precisa sair da zona de conforto. é preciso mudar o opressor dentro de você. Quem me salvou foi a militância. É só coletivamente que a gente transforma as coisas”
A conversa foi encerrada com uma dinâmica em que todos na plateia tinham que escrever em um papel alguma coisa importante. Os papéis eram trocados entre as pessoas e depois deveriam ser rasgados. A intenção era promover uma reflexão sobre como os silenciados se sentem quando são impedidos de contar suas histórias.
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