Quem assistiu ao intervalo do Super Bowl no último domingo (2) e prestou atenção no que a Shakira fez no palco sacou logo de cara que ela construiu o show usando várias referências da cultura latina. Uma desss viralizou tão logo ela e JLo saíram de cena: durante o hit “Hips Don’t Lie” a colombiana botou a língua pra fora e deu uma espécie de grito.
A imagem rodou o mundo e, claro, a cena virou meme.
O fato é que muita gente ficou se perguntando sobre o quê exatamente aquilo significava. Muitos pensaram que a situação foi na verdade uma brincadeira, outros chegaram a ridicularizá-la. O que era na verdade? A gente te explica voltando no tempo: o gesto reproduzido no Hard Rock Stadium, em Miami, não é uma novidade. Na “Oral Fixation Tour”, espetáculo que rodou o mundo entre 2006 e 2007, Shakira já havia introduzido o momento nos lives de “Hips Don’t Lie”. Àquela altura, a faixa não só era seu maior hit, como também a responsável por encerrar o show.
Aqui é possível ver quando ela e Wyclef Jean dividiram o palco, também em Miami.
Nos anos seguintes coisa semelhante aconteceu. Durante a “Sale El Sol Tour” (2011) ela empregou o grito em um dos momentos mais animados do show, quando fazia um número de dança do ventre em “Ojos Así”. Esta, aliás, é a canção de Shakira que mais bebe na fonte da música árabe. Repare só:
E é justamente aí que está o cerne da questão. Neta de libaneses, a cantora nasceu em Barranquilla, na costa do Caribe, na Colômbia. Na região citada existe uma forte influência da cultura árabe, que se funde também a outras etnias como a africana. O movimento executado no Super Bowl e em vários outros momentos de sua carreira tem nome e se chama zaghrouta. Quando alguém o reproduz significa que está em um estado de felicidade extrema e júbilo. Por isso mesmo a tal “ululação” é muito comum em festas e casamentos típicos.
Outra explicação levantada pela BBC nesta terça-feira (4) foi de que o grito também lembra muito os sons do mapalé, um ritmo musical típico da região de Barranquilla (e que já havia sido incorporado a “She Wolf” em remixes e versões ao vivo). Partindo desse pressuposto, vários colombianos se lembraram do barulho feito na dança “Son de negro”, originada na cidade de Santa Lucía e que surgiu nos rituais dos escravos africanos trazidos para a América.
Nesta segunda-feira (3), horas após a apresentação, a colombiana voltou ao Instagram para agradecer à Colômbia por ter dado a ela os ritmos e as referências que usou no seu halftime show. Um dos grandes momentos, aliás, acontece quando ela e JLo cantaram versos de “Waka Waka” e em seguida são cercadas por um grupo de dançarinas de champeta, outro ritmo tradicional do país.
“Quero agradecer à minha Colômbia por me dar o mapalé, a champeta, a salsa e os ritmos afro-caribenhos que me permitiram realizar o Super Bowl que sonhei por mais de uma década”.
Que viva nuestra latinidad!
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