Muita gente ficou boquiaberta quando Mariana Volker, dona de uma voz que transborda de personalidade, subiu ao palco do The Voice Brasil. Sem surpresa, os técnicos viraram sua cadeira – e seria um ultraje se não o fizessem. Foi longe na competição e se converteu em um dos grandes destaques da sexta temporada, mesmo não tendo levado pra casa o grande prêmio.
O fato é que a artista seguiu trilhando sua história e na próxima sexta-feira (6) lança nos palcos do Rio de Janeiro o disco “Órbita” (Altafonte), seu debut que chegou às plataformas no último mês de novembro. Transitando entre sentimentos complexos e os anseios da própria felicidade, ela canta sobre o amor, a coragem e as vibrações sensíveis do universo – o que não é digno de espanto, levando-se em consideração que uma de suas grandes referências é Elke Maravilha.
Foi bebendo na fonte da artista, que nos deixou em 2016, que Volker criou a capa de seu novo disco, fruto de uma parceria com a fotógrafa Julia Assis. Entre feridas, cartas e gritos, ela canta como se procurasse seu lugar no mundo. Por e-mail, quisemos saber mais sobre este universo particular (mas nem tanto, visto que agora foi compartilhado com todos nós).
“Órbita” acabou de sair e eu imagino que você esteja muito feliz. O que esse momento significa pra você?
O nascimento de Órbita vem junto com um suspiro de alívio: finalmente consegui colocar no mundo um disco muito importante pra mim, que é cheio de representações, de superações e amor. Ele conta uma história, a minha história, de um período até aqui. É muito emocionante e gratificante.
Sou muito fã da Elke Maravilha e assim que vi a capa do seu disco saquei a referência ao ensaio emblemático que ela fez com o fotógrafo David Zingg, nos anos 1970. A ideia de fazer essa releitura foi sua, como foi?
Eu já namorava essa foto da Elke faz tempo. Ela sempre foi uma figura que me deixou muito fascinada. Vibrante, alegre, ela foi uma grande mulher, transgressora e potente. E na hora de pensar a capa estava com essa imagem na cabeça, eu me sentia no astral que aquela foto me passava. Achei que poderia ser um caminho interessante. Daí chamamos o Rafael Tepedino, que fez a direção criativa da foto, e ele adorou a ideia. A foto é da Julia Assis, beleza de Andressa Pontes, assistente de beleza Taiane Lima e assistente de arte João Schiavo. O dia da foto em si foi uma farra. Quilos de cabelo, eu deitada no chão, Julia numa escada sobre mim. Testamos alguns objetos sobre o cabelo mas no final preferimos ele como pano para uma galáxia.
Os dois clipes lançados nesta era mostram novamente uma grande preocupação sua com a parte estética. Gostaria que você comentasse um pouco sobre cada um deles, me contasse como foi o processo de produção, gravação…
“+Amor” não poderia ter sido diferente: uma produção mega colorida, com referências dos anos 90, com muita dança e luz. A música fala sobre corpos livres, sobre soma, respeito e amor. É uma ode à alegria, e por isso mesmo o clipe seria vibrante. Conversei muito com a Letícia Pires, que dirigiu o clipe, e pesquisamos várias referências de dança. Chamamos o Malcolm Freitas para fazer a direção de movimento e ele montou o balé maravilhoso, um elenco e equipe incríveis que nos ajudaram a amarrar tudo. Foi um processo muito bonito ver o clipe tomar forma e as pessoas serem contagiadas pela música e pelo que ela diz. A gravação foi praticamente uma grande festa, cansativa mas gratificante, foram 18 horas de set. E o resultado taí: esse clipe lindo! Já “Montes Claros” foi um processo diferente. Conversando com a Le Pires, que também o dirigiu, estávamos com a ideia de fazer algo minimalista e tínhamos pouco tempo para realizar o clipe. Ela veio com a referência de “Head Over Feet” da Alanis Morissette e na hora eu pirei. Era aquilo! Aquela sinceridade e sem edições, exatamente como foi gravada a música: um microfone só. Eu, o violão e os grilos ao fundo. Gravamos o clipe na sala da minha casa, de forma bem intimista. Uma equipe 3 pessoas e muita concentração.
Você disse em determinado momento que este álbum dialoga com as nossas angústias. Dá pra dizer que isso é uma maneira de tentar oferecer ao público uma maneira de se encontrar em nosso tempo, em meio a esse estado de desorientação geral?
Com certeza. O álbum fala sobre isso em vários aspectos. Abrir ele com “Labirinto” é para expressar exatamente o momento em que estava antes de gerar esse disco. Era uma angústia enorme, e a única saída foi mergulhar pra dentro e entender as minhas emoções, o que estava se passando ali para poder me curar e voltar ao meu eixo. O disco afirma o sentir, dança em cima das dores, arde, grita, mas também canta baixinho quando necessário. Precisamos mergulhar dentro de nós mesmos.
Imagino que ainda haja muita coisa a caminho. O que podemos esperar daqui em diante? Quando veremos “Órbita” nos palcos?
Já estamos preparando o show de lançamento e vai ser lindo levar aos palcos o disco completo, e contar essa história junto ao público. É, sem dúvidas, a parte mais gostosa do processo, poder tocar essas músicas ao vivo. Quero que as pessoas se divirtam e que dancem em cima das suas dores. Também estamos preparando mais coisas para o começo do ano. O trabalho não para!
O show de estreia de “Órbita”, vale ressaltar, acontece no Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, Rio de Janeiro. O disco já está disponível nas plataformas digitais. Faça seu aquecimento e ouça:
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