Adoráveis Mulheres

A evolução de Timothée Chalamet nos cinemas até chegar em “Adoráveis Mulheres”

Os olhos do mundo voltam-se ano atrás de ano para os sortudos vencedores do Oscar. Entre as várias categorias reveladas, volta e meia uma delas coloca na roda o nome de um jovem talento. Em 2018 quem mais atraiu os holofotes foi Timothée Chalamet, ator que aos 22 anos quase abocanhou a estatueta de Melhor Ator na maior festa de indústria cinematográfica. É mole?

Na ocasião, todo esse hype (merecido!) chegou graças à narrativa de “Me Chame Pelo Seu Nome”, onde dava vida ao doce Elio. O garoto, no auge da adolescência aos 17 anos, descobre o amor durante uma estadia de férias na Itália. Ao lado do ator Arnie Hammer, com quem divide a cena, ele vive um romance e experiencia sensações únicas, que vai guardar pelo resto de sua vida.

Não acaba aí. Logo na sequência, Chalamet voltou ao centro da conversa ao fazer uma aparição em “Lady Bird: A Hora de Voar”, longa que concorreu a 5 Oscars e teve na direção a maravilhosa Greta Gerwig. Não bastasse isso, o ator também deixou seu nome em filmes como “Lei & Ordem”, “Homeland” e “A Rainy Day”, mais recente trabalho do diretor Woody Allen em que contracena com ninguém menos que Selena Gomez. São onze anos de carreira, mas que parecem muito mais dados seu talento e agenda, sempre lotada! 

Por falar nisso, em 2020 seus compromissos estão absolutamente delimitados: seu primeiro filme a chegar aos cinemas é “Adoráveis Mulheres”, produção em que repete sua parceria com a cineasta Gerwig e tem tudo pra ser mais um sucesso. Na pele do galante Laurie, o ator se junta a nomes como Meryl Streep, Laura Dern, Emma Watson e Saoirse Ronan para remontar um dos mais importantes romances da literatura norte-americana. Nesta segunda versão do clássico “Mulherzinhas”, de Louisa M. Alcott, podemos ver com ainda mais audácia o desenvolvimento das irmãs March, que em plena Guerra Civil estadunidense desafiam os padrões e normas da época para viver sua liberdade.

A estreia acontece no próximo dia 09 de janeiro.

Ficou curioso, quer saber um pouco mais sobre sua jornada até aqui? Dá a mão e vem com a gente!

Filho de pai francês e mãe americana, Timothée Chalamet nasceu no bairro de Hell’s Kitchen, em Manhattan, Nova York. Quando criança, o ator tinha como sonho uma profissão bem distinta da sua: a de jogar de futebol! Entretanto, ao passar três anos estudando em um colégio em que a arte era pouco valorizada, decidiu se inscrever na La Guardia High School Music & Art and Performing Arts, instituição conceituadíssima na área de artes. Lá o ator viu que poderia transformar a vocação crescente em trabalho e logo começou a trabalhar em curtas metragens.

Em 2018, aos 13 anos de idade, vieram os dois primeiros: “Samuel” e “Garoto Palhaço”. O primeiro longa, pra valer, só chegaria seis anos depois: “Men, Women & Children”, comédia dramática do diretor Jason Reitman. Estrelado por Adam Sandler, Rosemarie DwWitt e Jennifer Garner, o longa segue a história de um grupo de adolescentes que cursam o ensino médio. Filhos de pais observadores, estes percebem o quanto a internet vem mudando gradativamente suas rotinas, de modo que vários temas são trazidos à tona em situações descontraídas. Estão na narrativa o vício em videogames, a anorexia, a infidelidade e a busca por fama, entre outras pautas.

A experiência serviu para que meses mais tarde Chalamet fosse convidado pra algo ainda maior: “Interstellar”, filme do ícone Christopher Nolan. Com Anne Hathaway, Jessica Chastain, Matthew McConaughey e Michael Cane no elenco, a produção é uma ficção científica elogiadíssima ambientada em um Planeta Terra à beira do colapso. 

Com as nossas reservas naturais chegando ao fim, um grupo de astronautas decide verificar em planetas vizinhos as possibilidades de transferência da população sobrevivente, o que garantiria a continuação da espécie. Esta é sem dúvida uma daquelas histórias que dão frio na barriga, que fazem a gente se apegar aos personagens. O de Timothée, por exemplo, era o jovem Tom, filho do astronauta Cooper – e dono de um desejo de se enraizar no lugar em que decidiu viver.

Após algumas produções de pouca repercussão como “Worst Friends”, “One And Two” e “The Adderall Diaries”, foi a vez de ganhar um pouco mais de destaque em “O Natal dos Coopers”. Nesta nova comédia, Chalamet interpreta o neto do casal Sam e Charlotte, que todos os anos organiza uma grande ceia no solstício de inverno. 

Em meio a esse clima super festivo, entretanto, os donos da casa se revelam prestes a se separar – o que não acontece antes deste último “Natal perfeito”. O que ninguém sabe ali é que há vários segredos e que a situação anda ruim pra todo mundo. O desenrolar dessa história nada mais é do que uma maneira especial de mostrar que embora planejamos, tudo pode tomar um outro rumo.

A pouca receptividade com que a crítica abraçou o longa se mostrou em doses infinitamente maiores em “Me Chame Pelo Seu Nome”, produção do diretor Luca Guadagnino que arrebatou plateias ao redor do mundo e deve ganhar uma sequência em 2020. Exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Sundance, em janeiro de 2017, o longa é um romance daqueles, capazes de fazer qualquer um sair apaixonado da sala de cinema. 

No verão de 1983, em plena Itália, o jovem Elio conhece o visitante Oliver, assistente acadêmico de pesquisa de seu pai. Ligados por uma série de gostos em comum e sua herança judaica, os dois rapazes iniciam uma paixão que tem como pano de fundo a paisagem paradisíaca do local. Os prêmios não foram poucos. Além de ser listado pelo American Film Institute como um dos melhores filmes daquele ano, “Me Chame Pelo Seu Nome” levou pra casa os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Cinematografia no Critics’ Choice Awards. 

No Independent Spirit Awards, uma das mais importantes honrarias do cinema independente, levou outros seis prêmios aos quais estava indicado, entre eles o de Melhor Filme. E quando ao Golden Globes? Tome nomeação a Melhor filme de Drama, Melhor Ator em filme de Drama para Chalamet e Melhor Ator Coadjuvante para Hammer. No Oscar, por fim, venceu Melhor Roteiro Adaptado. 

Este pode ser considerado um marco na carreira de Chalamet, mas não deve ser o único responsável por seu mérito. Logo na sequência, tá lá o garoto de novo tendo outro papel de destaque em “Lady Bird: Hora de Voar”, outro hit do cinema naquele mesmo ano! 

Estrelado por Saoirse Ronan (com quem repetiria a parceria em “Adoráveis Mulheres”, anos depois), Laurie Metcalf, Tracy Letts e Lucas Hedges, a narrativa está centrada na jovem Christine McPherson, aluna do último ano do colégio. O que ela mais deseja? Entrar pra faculdade a milhas de distância de Sacramento, Califórnia – ideia prontamente rejeitada por sua mãe. A garota, que tem uma personalidade fortíssima e exije ser chamada de “Lady Bird”, não se deixa vencer pela situação e resolve ir embora a qualquer curso.

Enquanto isso não acontece, ela vai se dedicando aqui e ali às obrigações que tem com o colégio, a seu primeiro namorado e, claro, a vários rituais que só a transição entre a adolescência e a vida adulta podem exigir. Levemente cômico, ótimo pra reflexão e absolutamente genial, “Lady Bird” é um filme primoroso – e que só evidencia o quão versátil é Chalamet quando está em cena.

Vamos dar um pulinho em 2018? Tempo presente! Neste ano o reizinho (já podemos chamá-lo assim? Já podemos!) se entregou a um novo desafio: encarnar o protagonista de um drama biográfico. Sob a direção de Felix Van Groeningen, “Beautiful Boy” narra a história do jornalista David Sheff, respeitado por onde quer que vai por seus trabalhos. Vivendo com uma segunda família, Sheff descobre que seu filho mais velho é viciado em metanfetamina e o acontecimento abala completamente a estrutura da casa em que vivem.

Na tentativa de entender o que rola com o garoto, que ao longo de toda a sua vida teve carinho e bem estar, ele passa também a estudar o poder destrutivo da droga. Nic, o personagem de Chalamet, enfrenta cada um dos ciclos de transformação que um dependente químico passa, lutando para deixar de uma vez por todas de se entregar ao vício. Drama dos bons, pra fazer a gente chorar – e entender de uma vez por todas que Chalamet é um dos melhores atores de nossa geração.

Vamos de romance? Dois jovens chegam a Nova York prontos pra um fim de semana e acabam se encontrando, numa feliz (depende da perspectiva, né?) ironia do destino por conta de um mau tempo. A partir daí eles decidem seguir juntos em uma série de aventuras comandadas por Woody Allen e o principal: fazendo a descoberta de que a vida só pode ser vivida uma vez.

Com o protagonismo nas mãos, mais um papel icônico pra conta. Em parceria com a Netflix, Chalamet dá um baile em um filme cheio de momentos empolgantes ao dar vida ao rei Henrique V, coroado após a morte de seu pai. Com a missão árdua de comandar a Inglaterra, ele precisa amadurecer rápida e bruscamente a fim de manter sua nação segura diante da Guerra dos 100 Anos, uma batalha travada contra os exércitos franceses. Sua atuação aqui está em outro nível, mostrando o ator pela primeira vez em um filme com muita ação e cenas antológicas. A gente bem queria ser princesa por um dia, né?

Agora, pra abrir o ano maravilhosamente bem, ele é Theodore “Laurie” Laurence, um dos galãs de “Adoráveis Mulheres”. O longa, que chega aos cinemas em 9 de janeiro de 2020, resgata mais uma vez nas telas do cinema o fabuloso romance de Louisa M. Alcott e que tem como protagonistas as irmãs March, revolucionárias, libertárias e acima de tudo empoderadas! Quem são elas nesta nova versão? Florence Pugh, Saoirse Ronan, Emma Watson e Eliza Scanlen – todas jovens atrizes que recebem a responsabilidade de assumir papéis que outrora foram de nomes como Winona Rider, Claire Danes, Rini Alvarado e Kristen Dunst.

Com o ano só começando, o que será que os planos de Timothée nas telonas nos reservam?

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