O Emmy 2019 é sem dúvida a noite de honrarias e reconhecimentos mais incrível da televisão norte-americana. Na edição deste ano, como era de se esperar, existia um favoritismo sobre produções como “Game of Thrones” e “Chernobyl“, ambos lançamentos já encerrados pela HBO (maior indicada da noite) e que suscitavam certa nostalgia por parte do público.
A primeira delas faturou 12 das 31 categorias em que estava indicada – entre as quais está a principal da noite, Melhor Série Dramática, e Melhor Ator Coadjuvante, prêmio entregue ao ator Peter Dinklage. Ele agradeceu em um breve, mas maravilhoso discurso, pela atitude inclusiva da comunidade artística que o permitiu trabalhar ao lado de artistas tão incríveis.
“Me sinto honrado de participar de uma comunidade que fala de tolerância e diversidade. Nenhum outro lugar me receberia assim no palco. Foram 10 anos de muito suor, atores e colegas incríveis. Tive muita sorte, trabalhamos bastante, rimos também. Faria tudo de novo”.
“Chernobyl”, por sua vez, também foi elevada ao mais alto escalão da TV ao receber o prêmio de Melhor Minissérie. Além desta estatueta, a narrativa, que remonta os eventos do acidente nuclear ocorrido na antiga União Soviética em 1986, também abocanhou Melhor Roteiro e Melhor Direção em Série Limitada.
“The Marvelous Mrs. Maisel” também não marcou bobeira e veio mostrando a que veio. Dominou a maioria das categorias de comédia, fechando seu saldo em 8 prêmios.
Mas não teve jeito… quem roubou a cena e se provou de uma vez por todas um ícone foi a atriz Phoebe Waller-Bridge, responsável por dirigir, protagonizar e roteirizar “Fleabag”, série original da Amazon Prime Vídeo. No total foram 4 estatuetas somente neste domingo (22), incluindo Melhor Roteiro, Melhor Atriz e Melhor Direção em Série de Comédia.
Em seu discurso de agradecimento, Waller-Bridge agradeceu pela honra de estar ali e contou que sua escrita vem de um lugar “difícil e doloroso” – mas que o processo acaba se tornando recompensador a partir do momento em que se recebe o devido reconhecimento.
“Escrever é uma coisa muito difícil e dolorosa. Mas faço isso justamente por conta disso. Tudo vale a pena por isso, gostaria de dizer do fundo do meu coração”.
Por falar em discursos… eles deram o tom da noite, marcada pela defesa da arte e de causas sociais. Pra começar, o ator Billy Porter, o Pray Tell de “Pose”, arrasou em sua fala. Usando um terno Michael Kors cravejado por 155 mil brilhantes e 55 mil diamantes, ele subiu ao palco deslumbrante pra receber o prêmio de Melhor Ator em Série de Drama. A conquista sinalizou a primeira vitória de um homem abertamente gay e negro na categoria.
Com o microfone em mãos, ele falou de forma emocionada sobre as dificuldades que enfrentou para chegar até ali, fazendo uma longa lista de agradecimentos. Pra começar, o ator usou uma frase do poeta negro James Baldwin.
“Eu preciso respirar. A categoria é… amor! Ele [Baldwin] disse que levou muitos anos pra vomitar todo o lixo que ensinaram sobre ele mesmo. Eu tenho o direito de estar aqui, todos nós temos esse direito. Agradeço aos meus colegas, é uma honra estar aqui respirando o mesmo ar que vocês. A minha mãe, Clarenda, não existe mulher mais resiliente e forte. A minha irmã, ao meu marido, ao meu agente, que há 29 anos me ajudou a acreditar em mim mesmo. Agradeço à FX, ao elenco de “Pose”… Ryan Murphy, você me viu e acreditou na gente. Muito obrigado. Nós somos o povo, somos o povo e mudamos a estrutura molecular do coração e da mente das pessoas que vivem no planeta. Não parem de contar isso”.
Quem também proporcionou um momento forte a partir de seu discurso foi Jharrel Jerome, astro da série “Olhos Que Condenam”, da Netflix. Aplaudido de pé, ele foi o primeiro ator afro-latino a levar pra casa o prêmio de Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme – devidamente dedicado aos Cinco do Central Park – grupo de jovens negros que inspirou a narrativa.
O troféu, aliás, foi entregue pelas mãos da preciosa Angela Bassett.
“Estou aqui na frente das pessoas que me inspiraram. Obrigado a Ava DuVernay, Netflix, minha equipe, minha mãe, porém, mais importante, isso é para os homens que conhecemos como os Cinco Inocentados. Isso é para Raymond, Yusef, Antron, Kevin e Korey.
Por fim, a atriz Patricia Arquette, vencedora da categoria de Melhor Atriz Coadjuvante em Série Limitada, fez um apelo à comunidade artística. Ela iniciou sua fala lamentando a morte da irmã, Alexis Arquette, mulher trans e vítima de complicações da AIDS, e pediu que a Academia dê mais atenção e trabalho a pessoas da comunidade.
“Muito grata por trabalhar aos 50 anos, tendo a melhor parte da minha vida. Isso é maravilhoso. Perdi a minha irmã e as pessoas trans ainda estão sendo perseguidas. Choro todos os dias, Alexis, e vou chorar todo dia por você. Até que a gente mude o mundo pras pessoas trans não serem perseguidas. Deem um trabalho a eles. Temos em todos os lugares.”
Ao som de “Time After Time”, clássico de Cyndi Lauper, Halsey apareceu à frente de um piano pra homenagear membros da indústria que nos deixaram em 2019. O segmento é um dos mais emocionantes da noite a cada edição e trouxe no telão os nomes de figuras como Luke Perry, Stan Lee, Cameron Boyce, Doris Day e Peggy Lipton.
MELHOR SÉRIE – DRAMA
Game of Thrones
MELHOR SÉRIE – COMÉDIA
Fleabag
MELHOR TELEFILME
Black Mirror: Bandersnatch
MELHOR MINISSÉRIE OU SÉRIE LIMITADA
Chernobyl
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE – DRAMA
Jason Bateman (Ozark)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE – COMÉDIA
Harry Bradbeer (Fleabag)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Johan Renck (Chernobyl)
MELHOR ATOR – DRAMA
Billy Porter (Pose)
MELHOR ATOR – COMÉDIA
Bill Hader (Barry)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Jodie Comer (Killing Eve)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA
Phoebe Waller-Bridge (Fleabag)
MELHOR ATOR COADJUVANTE – DRAMA
Peter Dinklage (Game of Thrones)
MELHOR ATOR COADJUVANTE – COMÉDIA
Tony Shalhoub (The Marvelous Mrs Maisel)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – DRAMA
Alex Borstein (The Marvelous Mrs. Maisel)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – COMÉDIA
Julia Garner (Ozark)
MELHOR ATOR EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Jharrel Jerome (Olhos que Condenam)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Michelle Williams (Fosse/Verdon)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Ben Whishaw (A Very English Scandal)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Patricia Arquette (The Act)
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE – DRAMA
Succession
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE – COMÉDIA
Fleabag (Episódio 1)
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Chernobyl
MELHOR PROGRAMA DE ESQUETES
Saturday Night Live
MELHOR PROGRAMA DE VARIEDADES
Last Week Tonight with John Oliver
MELHOR REALITY SHOW
RuPaul’s Drag Race
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