A paixão do brasileiro pela música colombiana certamente vem de outras eras. O sentimento, nós apostamos, começou no fim dos anos 1990 com as constantes visitas de Shakira ao país. De lá pra cá, muita coisa mudou, outros ritmos vieram e fomos apresentados a uma infinidade de artistas nascidos em um país hermano, tão próximo e que cada vez mais tem algo a oferecer.
Um nome que vem ganhando espaço nas paradas de sucesso não somente de países latinos, mas também na Europa, é o duo Cali y El Dandee, formado pelos irmãos Alejandro e Mauricio Rengifo. Nascida na cidade costeira de Cali – que, inclusive, anos mais tarde lhes daria um nome – a dupla começaria a fazer sucesso no início desta década com com canções de amor.
Duas das primeiras foram “Yo Te Esperaré” e “Gol” – detentoras do título de segundo e quarto lugar no taking de vídeos mais vistos na Espanha em 2011.
De lá para cá seus números triplicaram, surgiram muitas canções de amor, várias colaborações com nomes importantes, mas acima de qualquer coisa, ambos tiveram consciência de algo essencial para seu amadurecimento como artista: mais do que nunca era necessário mudar.
Foi por isso mesmo que a dupla resolveu compor a faixa “Solo Mía”, uma canção divertida que foge de seu padrão lírico convencional. Para ajudá-los nesta tarefa foi convocada uma outra dupla legitimamente colombiana – os cantores Greeicy e Jhay Cortez. Juntos, eles registraram um clipe cheio de efeitos especiais e que reflete a vivacidade de seu trabalho.
A fim de conhecer quais são suas ambições para esta nova fase da carreira, bem como entender um pouco mais sobre o status atual da música colombiana a partir de sua perspectiva, conversamos com Maurício por telefone na última quarta-feira (17). O papo completo você confere abaixo:
Papelpop: Vamos começar falando de “Solo Mía”, sua colaboração com Greeicy y Jhay Cortez. Como surgiu esta canção?
Maurício (Dandee): Existia uma urgência da nossa parte, já há algum tempo, de produzir um novo som e uma nova forma de música, sem nos preocuparmos necessariamente em querer fazer nosso público dançar, ou mesmo imprimir na letra uma história romântica. Queríamos algo mais divertido, algo que as pessoas pudessem escutar e se desligar por um tempo. Bem, Jhay Cortez é um dos artistas que mais admiramos, muitas das canções dele estão entre as nossas favoritas, então quisemos convidá-lo. Greeicy, por sua vez, é de Cali, nossa cidade. Gostamos muito dela, sentimos que sua capacidade vocal e sua energia no palco tem muito futuro. Para nós é uma honra, creio que ambos nos ajudam a alcançar nossa meta, que era perder um pouco disso, a seriedade.
Essa descontração está impressa também no vídeo, que possui muitos efeitos… como foi a experiência de gravá-lo?
Este vídeo é bem particular. É o primeiro que gravamos aqui, fazia 36ºC no dia anterior e todo mundo estava preparado pra gravar, tínhamos planejado várias tomadas externas e de repente, às 6h da manhã, prestes às filmagens começarem, caiu um dilúvio brutal. Mudamos os planos e conseguimos fazer tudo parecer uma festa. Há muitas cores, muitas bailarinas, muitas pessoas bonitas… Foi muito bom registrar isso e, claro, foi uma experiência diferente.
E tem dado resultado né? Vocês possuem grandes números no YouTube… muito tem sido dito a respeito da importância do videoclipe. Dá pra dizer que esse formato tem ganhado força novamente e ajudado o artista a chegar a novos públicos?
Claro, 100%. É a história, certo? Como artistas, precisamos entender que boa parte do cenário atual se definiu com base no uso do vídeo. Hoje muitos artistas hão de concordar com isso e temos um grande interesse como produtores de música que os clipes dialoguem com a faixa, interligando sua história contada. Como estamos pregando a ideia de gastar um tempo consigo mesmo se divertindo neste material, isso teria que se refletir nas telas e acho que é o que emociona as pessoas. É ver algo e se identificar. Não é só entreter.
Falamos da Greeicy há pouco… Vocês tem uma lista extensa de colaborações e que abrange grandes nomes da música latina. Podemos citar Anitta, a própria Greeicy, Sebástian Yatra e Maité Perroni. Mas qual seria a colaboração dos sonhos?
Uau (risos). Não sei se poderíamos escolher um só, mas acredito que do mundo latino, Carlos Vives, Luís Fonsi e Daddy Yankee são nomes com quem gostaríamos de trabalhar. A nível internacional… Kanye West, sem dúvida. É um pouco cômico isso, porque todos eles teriam algo de diferente a acrescentar ao nosso som. Estamos sempre em busca de pessoas que possam agregam e que admiramos, na mesma proporção.
Vocês são consolidadamente um dos grupos mais versáteis e promissores de Colombia. O seu som é bem diverso, mas ainda há algo que ainda não experimentaram e que gostariam?
Funk! Sem dúvida funk! Não estou dizendo isso porque você é brasileiro, mas nós adoraríamos fazer algo nesse estilo, achamos que um ritmo que nasce nas ruas e que tem contato com ela todo o tempo é algo muito frutífero. O samba também é algo que nos deixa muito felizes ouvindo e que até já cogitamos a possibilidade de fazer algo com brasileiros, algo mais cru. Quem sabe no futuro?
No início dos anos 2000 nós vimos a Shakira ganhar o mundo ao começar a cantar em inglês, agora temos outro fenômeno, Maluma, que recentemente se tornou parceiro musical da Madonna. Vocês também são gigantes nos streamings… dá pra dizer que as pessoas tem prestado mais atenção na música colombiana?
Mmmm… Eu acho que a Colômbia sempre teve um talento impressionante, entregando ao mundo artistas que sempre tiveram vontade de serem grandes. O problema é que há vinte anos a realidade era outra. Para que se possa criar, é necessário tranquilidade, paz e por que não uma economia e um suporte econômico. Isso foi melhorando e a realidade de nosso país agora é outra. Há crianças que estão nos colégios, há uma grande ajuda da internet também para que estes sons sejam popularizados. Quando eu tinha 5, 8 anos, me lembro de ver Shakira na TV e me sentir inspirado. Carlos Viver provocava o mesmo impacto em mim. Estes artistas fizeram germinar um sentimento muito positivo por parte do mundo em nossa Colômbia e me encho de orgulho em dizer que agora também assumimos esta responsabilidade. Por isso temos tanto prazer em criar, é uma forma de agradecimento a tudo aquilo que temos a liberdade de fazer hoje.
Para fechar, indique três nomes da música colombiana que todos devem conhecer.
Difícil, mas vamos tentar. Eu acho que Camilo, amamos como canta, como compõe… Jhay Cortez, porque tem um som incrível e… Greeicy, que é uma estrela mundial, mas ainda falta muito para que consiga ganhar o mundo… ela merece, tem um talento e tanto e tem muito o que dizer.
Ouça “Sólo Mía”, single mais recente de Cali y el Dandee, em todas as plataformas digitais:
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