A cidade de Chernobyl, situada na antiga União Soviética, foi palco em meados dos anos 1980 do maior acidente nuclear do mundo. Naquela ocasião, dezenas de pessoas morreram e milhares ficaram fisicamente debilitadas graças à contaminação do solo e do ar após a explosão de uma central elétrica em uma usina.
Mais de 30 anos se passaram e ainda hoje o caso é objeto de estudos e trabalhos voltados para o uso seguro da energia nuclear. Para além disso, existem inúmeras produções do cinema e da TV que buscam reconstruir os eventos que marcaram para sempre a história daquela região.
No último dia 10 de maio a HBO embarcou em mais uma viagem a esse lugar a partir de uma nova série. Dirigida pelo sueco Johan Renck, responsável por “Breaking bad”, “Vikings” e “Motel Bates”, “Chernobyl” narra os esforços de homens e mulheres munidos de coragem e heroísmo que tem como únicos objetivos descobrir as causas e minimizar ao máximo os efeitos da catástrofe.
A fim de entender um pouco mais sobre essa produção, que traz no elenco nomes como Jessie Buckley, Stellan Skarsgard e Jared Harris, o Papelpop conversou com outra gigante da dramaturgia presente no projeto, a atriz Emily Watson. Na narrativa, ela dá vida a uma cientista que é convidada para participar dos trabalhos de contenção dos danos.
Por e-mail Watson comentou sobre a composição de sua personagem, a maneira com que os eventos na cidade a impactaram e claro, a experiência de desenvolver um trabalho sério ao lado de velhos conhecidos. Vem ler!
Papelpop: Oi, Emily! Quem você interpreta e qual o seu papel nessa tragédia?
Emily: Olá! Eu interpreto Ulana Khomyuk, uma personagem criada a partir de um grupo de cientistas. Ela é do Instituto Bielorusso de Energia Nuclear, então ela está longe no momento do desastre. Mas os alarmes disparam e Ulana trabalha de fora do lugar de onde a radiação vem. Ela é muito inteligente e determinada, mas o modo com que eles combatem o fogo desencadeia uma explosão secundária. Aí sim, ela se dirige para Chernobyl e convence-os a se tornar um membro confiável da equipe. O personagem de Jared Harris pede a ela para que vá a fundo no que aconteceu e as coisas tomam um rumo sombrio quando ela encontra o material que foi redigido. A personagem se dá conta de que houve falhas e que todos sabiam, o tempo todo.
Craig Mazin, responsável pelo roteiro, disse que tinha seu nome em mente desde que escreveu o piloto…
Sim! Eu fiquei extremamente lisonjeada quando ele me disse isso. Acho que Craig foi uma das muitas pessoas que foram enganadas por minha aparência inteligente (risos). Mas foi um desafio tão encantador ser alguém que apenas joga a sua cautela ao vento nesse tipo de sociedade, que fala a verdade onde isso é proibido. Acho que o jeito que Craig coloca isso na série é muito credível e poderoso.
Suponho que você fez muitas pesquisas para desempenhar esse papel?
Sim. Eu li toda a história da Bielorrússia e percebi que o país era provavelmente o lugar mais perigoso do mundo para se viver no século XX. Um dos filmes que Johan Renck quis que todos assistíssemos, apenas como ponto de referência era “Come And See”, uma produção feita nos anos 1980 sobre um grupo de nazistas que vivia em uma aldeia lá. O que eles faziam era devastador. Minha personagem teria sido uma criança pequena naquela época, então ela teria crescido com os mais extraordinários níveis de trauma e desumanidade. Para sobreviver, ela tinha que ser durona.
E como foi trabalhar com Jared Harris e Stellan Skarsgard, seus colegas de cena?
Eu já havia trabalhado com Stellan em “Breaking Waves”, meu primeiro filme. Foi uma experiência muito profunda. Ele me deu alguns conselhos de valor inestimável, os quais ficaram guardados comigo ao longo de toda a minha carreira. As primeiras tomadas foram um pouco estranhas porquê tínhamos tido uma experiência antes, mas logo em seguida, foi como se fôssemos velhos amigos. Quanto a mim e Jared, nos demos bem imediatamente. Eu desci do meu quarto no hotel em uma manhã e ele estava sentado lá. Eu deveria estar nos ensaios, mas então apenas conversamos e rimos, até bem tarde. Ele não deixa passar nada e é bem duro consigo mesmo.
E como Johan Renck desempenhou sua função de diretor? Foi legal?
Bom, ele é bem escandinavo, o que é ótimo (risos). Ele é um daqueles caras com energia ilimitada, então está sempre disponível para todos e é bem positivo, muito claro no que deseja. Ele assume os riscos e faz as coisas de maneira interessante, mas nunca fica confuso. Geralmente terminávamos o dia porque ele sabia exatamente o que queria. Todos os dias foram divertidos, na verdade.
Na sua opinião, “Chernobyl” é um resgate da história ou ainda tem alguma relevância para o dia de hoje?
É mais algo sobre a propriedade da verdade e a natureza da energia, em como a controlamos. Parece que ambas as coisas são desesperadamente urgentes, que história está correndo diante dos nossos olhos. Então eu diria que o que fizemos é um trabalho politicamente astuto e muito relevante, sim.
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