Foi aos 22 anos, grávida do seu primeiro filho, que Lauryn Hill, ex-Fugees, concebeu o único álbum da sua carreira solo e fez história com The Miseducation of Lauryn Hill — obra prima que completa 20 anos nesse sábado (25).
Desbancou Madonna e seu Ray of Light em 1999 se tornando a primeira mulher a receber 5 Grammys numa única noite — além de ser a primeira artista de Hip-Hop a ganhar o prêmio de Álbum do Ano, foi, à época, a mulher que mais vendeu discos na semana de lançamento (mais de 400.000 cópias), estreou em 1o lugar entre os Billboard 200; foi eleito um dos 500 melhores álbuns de TODOS OS TEMPOS pela NME e pela Rolling Stone, e entrou na lista dos 100 melhores álbuns do Consequence of Sound.
Mas, muito mais do que história, Lauryn Hill fez uma declaração socialmente feminista e pessoalmente feminina extremamente forte ao falar sobre alegria, decepções, otimismo, falou de si, falou da vida, falou dos seus antigos companheiros de banda. “Enquanto muito do hip-hop segue um padrão, Lauryn Hill dos Fugees saiu com um álbum de estreia que não aceita limites”, escreveu o New York Times na época do lançamento do disco. “Ela faz rap, ela canta; ela usa rhythm-and-blues, pop, reggae e gospel; ela equilibra pregação e memórias, romance e auto-afirmação, materninade solteira e uma carreira. Sra. Hill pode soar justa ou absolutamente desprotegida e de coração partido; através do álbum, sua graça faz jus à sua determinação”.
“The Miseducation of Lauryn Hill é uma declaração de independência”, publicou a Pitchfork. “É uma carta de término para a rotina de merda de ter de lidar com homens que não conseguem parar de machucar as mulheres que os amam. E é uma carta de amor para uma pessoa liberta, maternal, e para Deus”.
“Eu queria escrever músicas com letras que me movessem e tivessem a integridade do reggae, a batida do hip-hop e a instrumentação do soul clássico”, afirmou a própria Lauryn Hill, que fez resolveu não usar computadores pra melhorar o som do álbum. “Eu queria ouvir a grossura do som. Você não consegue isso com um computador, porque é tudo muito perfeito. Mas o elemento humano, é o que me faz arrepiar. Eu amo isso”.
Drake e Cardi B já samplearam Ex-Factor; Nicki Minaj usou a frase “To survive is to stay alive in the face of opposition”, de Forgive them Father, no seu Yearbook; Kendrick Lamar usou a ideia de INTERLÚDIOS de Miseducation em seu primeiro álbum, além de dizer que o disco de Lauryn era “simplesmente genial pra mim”; Beyoncé chegou a fazer uma versão da música ao vivo — além de mais de uma vez declarar a importância que Lauryn Hill e o álbum tiveram pra sua carreira: ela foi uma das agradecidas quando Beyoncé recebeu um BET Award em 2012 e 4, seu quarto álbum de estúdio, foi incluenciado por The Miseducation of Lauryn Hill. “Definitivamente há algo além de Lauryn Hill que está na sua voz e na sua mente quando ela escreve músicas. Ela é talentosa e habilidosa”, afirmou a mãe da Blue.
“É o meu álbum favorito da vida”, afirmou Adele, que contou que, aos 8 anos de idade, roubou o disco da coleção da sua mãe e ficou “analisando por mais ou menos um mês”. “Eu ficava pensando quando eu seria tão apaixonada por algo e escrever um álbum sobre aquilo — ainda que eu não soubesse que eu faria um disco quando eu fosse mais velha”.
Duas décadas depois, The Miseducation of Lauryn Hill continua definindo os rumos da música e, aparentemente, o fará por outros muitos e muitos anos. É por isso que essa é uma obra prima, não só de Lauryn Hill, como da cultura pop.
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