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O que achei sobre a ganhadora de “RuPaul’s Drag Race All Stars” ontem à noite
[ALERTA DE SPOILER: Vamos discutir aqui a grande final de “RuPaul’s Drag Race All Stars” que foi ao ar nesta última quinta-feira nos EUA. Se você não assistiu e não quer ter a surpresa estragada, NÃO CONTINUEEEEE!!!!]
Após uma temporada emocionalmente desgastante e cheia de reviravoltas, chegou ao fim o 3º “RuPaul’s Drag Race All Stars”. Ter uma nova temporada da grande reunião de queens eliminadas em tão pouco tempo mostra que a produtora World of Wonder tá a fim de dar o que o povo quer. Mas a gente vê em alguns detalhes que isso também sacrifica a qualidade do reality.
Trixie Mattel parece ser uma ótima escolha para entrar no Drag Queen Hall of Fame. Ela, com certeza, foi a queen que mais progrediu desde a 7ª temporada até o final do “All Stars”. Também porque carregamos uma frustração em vê-la perdendo de forma esquisita num lipsync contra a sem graça da Pearl na 7ª temporada.
Mas mesmo assim, o histórico de ganhadoras sempre nos mostra um combo de visuais incríveis, uma identidade original, uma sacada boa para o humor e ótimas referências.
Trixie Mattel amadureceu bastante, mas entra na famosa categoria de queens que chegaram à final porque permaneceram salvas durante toda a temporada. Ela não ganhou um episódio e esteve entre as duas piores duas vezes. Ela estava disputando a coroa com outras três que se destacaram muito, a disputa estava difícil.
Sobre o desafio final, ver Trixie, Kennedy, Shangela e Bebe fazendo a versão delas de “Kitty Girl” foi um vislumbre. Vimos ali a evolução de todas elas e pensamos “Ok, esse é um TOP4 justo”. Teve muita dança, versos ótimos e nenhum erro. Na passarela, pareciam que todas tinham saído da zona de conforto. Qualquer uma merecia ganhar.
A opinião de RuPaul valia mais do que nunca. O que ela fez? Trouxe as eliminadas (de novo) e elas que escolheram as duas finalistas. Não faz sentido algum!!!! Quem aqui revirou os olhos junto comigo quando a Ru anunciou isso?
As eliminadas então decidiram que Kennedy Davenport e Trixie Mattel são as finalistas. Pelo menos RuPaul decidiu quem seria a grande ganhadora. Mas a voz dela só surtiu efeito nos minutos finais da temporada.
O grande defeito da temporada
Isso traz a uma coisa que me frustrou: pareceu que todo o processo de eliminação da temporada aconteceu de forma completamente aleatória. O júri ainda está lá, com a lendária RuPaul, mas a voz final está sempre nas mãos das queens, que podem eliminar por questões pessoais (Kennedy tirando a Milk), eliminação de concorrência ou a que foi pior mesmo. No final, parece que a ganhadora é quem sobreviveu a esse “Jogos Vorazes” de peruca, maquiagem e performance.
Sabe o icônico episódio em que todas as queens eliminadas voltam para entrar no lugar de uma do TOP5? Por que isso deveria fazer sentido? Encontramos as cinco melhores, as cinco finalistas. Para que tirar uma delas para colocar uma que não “cumpriu o requisito”? Morgan McMichaels – a primeira eliminada – voltou e saiu no episódio seguinte.
Não é à toa que o processo completamente desgastante fez com que BenDelaCreme desistisse. Foi uma surpresa chocante e triste. Ela foi a mais consistente da temporada, ficou entre as melhores cinco vezes nos seis episódios que participou, e não quis mais porque essa dinâmica de queens eliminando elas mesmas é sempre difícil.
– I’m going home (Eu estou indo para casa), BenDelaCreme
O veredito
Pode parecer confuso, mas a vitória de Trixie Mattel me pareceu agradável e ao mesmo tempo duvidosa. Todas mereciam ganhar, ela mereceu ganhar. Mas a evolução da temporada não convence de que a corrida até a coroa foi fruto de um processo justo. É legal, mas não parece certo. Deu para entender?
E lembram quando a Trixie sem querer disse que ganhou a temporada, lá em setembro? Eu estava esperando o efeito surpresa de ter sido um blefe. Senti que seria isso até a BenDelaCreme sair.
“RuPaul’s Drag Race” nos mostrou aqui que o espírito do programa anda caindo por causa do fator “plot twist”. Mesmo assim, eu odeio a famosa frase “‘RuPaul’s Drag Race’ arruinou o drag”. NÃO! A RuPaul e o programa criaram um editorial, jogou luz numa profissão e potencializou ela, libertou toda uma nova geração de pessoas com vergonha de se expressar. Não dá para ignorar tudo isso.
Vamos torcer para a 10ª temporada ser bem interessante na semana que vem.