Eu vi “Pantera Negra” no começo dessa semana e vou certamente rever esse filmão. Tudo ótimo: elenco incrível, visual, vilã poderoso, contexto político, etc.
Nesse post, eu trago boa parte do que disse no podcast Wanda, que vai ao ar amanhã!
Não consegui me segurar e contei aqui antes também:
Quando você está chegando perto de Wakanda, eles mostram os clichês que branco ocidental tem sobre a África. Então tem zebras correndo, paisagens lindas, coisas assim, e de repente você quebra uma barreira tecnológica e chega na Wakanda de verdade. Era um disfarce, camuflando o poder deles.
O filme se passa neste país fictício da África e eles têm um metal chamado vibranium, o mesmo metal do escudo do Capitão América. Por causa dele, o país possui uma tecnologia absurda que transforma Wakanda numa metrópole super avançada. Eu queria morar em Wakanda. Eu já queria morar na terra da Mulher-Maravilha, mas Wakanda está ganhando.
A tecnologia faz o filme ter um tom meio James Bond. Eles não são super-heróis como a gente conhece porque é a tecnologia que faz tudo. E preciso contar que há uma cena com uma homenagem clara à cena do cassino de “Skyfall”.
Não parece filme da Marvel. Saí do cinema e não parece nem que eu vi um filme de super-herói. É humano e emotivo demais. As questões pelas quais eles lutam são bem mais subversivas. Não é “vamos salvar o mundo”. As discussões são internas. É a própria galera de Wakanda discutindo coisas. “Nós temos o vibranium, o que faremos?”.
Tem uma dualidade política entre eles. Em certo momento, vira algo parecido com o que foi Martin Luther King contra Malcolm X.
Pensa num elenco cheio de nomes poderosos. Chadwick Boseman vive o Pantera Negra, que assume o reinado de Wakanda após a morte do pai. A irmã dele é Letitia Wright, a atriz que estrelou o episódio excelente de “Black Mirror”, o “Black Museum”. Ela é tipo o Q do James Bond que faz as tecnologias do Pantera Negra. Angela Bassett é a mãe Ramonda, e Forest Whitaker é o tio dele. Olha esse elenco…
Lupita Nyong’o maravilhosa faz a Nakia, uma agente de Wakanda com ideias libertárias. Tem também o Daniel Kaluuya de “Corra!”, que é chefe de outra tribo. Mas outra pessoa incrível é a Danai Gurira (a Michonne de “The Walking Dead”) que nesse filme… Caralho! General de um exército feminino. Tem uma cena dela com um rinoceronte que para mim é a cena mais foda do filme. Você fica com aquilo na cabeça, mostra todo o poder feminino do filme.
Michael B. Jordan é o vilão Erik Killmonger, mas quero falar dele neste tópico abaixo:
Preciso falar “nossa senhora” para os vilões desse filme. Eu não via coisa tão legal desde Heath Ledger sendo o Coringa. O Andy Serkis faz um vilão muito bom e o Michael B. Jordan… nossa senhora, ele está incrível. Ele aparece logo na primeira cena num museu todo cool e começa a perguntar para uma mulher britânica sobre todos os artefatos do museu.
Ele rouba um deles que tem vibranium. Ela diz: “Você não pode roubar isso” e ele responde algo do tipo: “Mas vocês não roubaram isso? Só estou pegando de volta”. Ele está carismático, sarado, estiloso, cheio de ódio e propósito. Você entende a motivação dele. O Coringa era anarquista, ele dizia “foda-se todo mundo”. Aqui ele diz “foda-se todo mundo porque eu vou fazer isso aqui porque acho certo”.
Mas o que eu queria falar também é sobre o diretor desse filme, Ryan Coogler. Ele fez três filmes na vida dele. Esse é o terceiro. O primeiro é o “Fruitvale Station”, estrelado pelo Michael B. Jordan. Disponível na Netflix, é sobre um negro assassinado injustamente num metrô de Oakland na Califórnia e ele conta a história desse garoto. É um absurdo de bom, com Michael B. Jordan numa atuação pau-a-pau com “Pantera Negra”.
O segundo filme é “Creed”, filmaço, também com Michael B. Jordan.
E tem algo muito legal sobre essa relação de trabalho entre os dois. Fui checar e na história original do “Pantera Negra”, o personagem do Michael B. Jordan é um garoto do Harlem, só que no filme ele é de Oakland. Ele colocou o Michael B. Jordan em Oakland por causa daquele filme. Por causa daquele garoto ainda. É uma coisa que une os dois. Achei genial.
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