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Adore Delano fala com o Papelpop sobre queens brasileiras, pegação com fãs, e haters
Por Gabriel Vinicius.
“Eu sou libriana, porra!” É impossível escutar o famoso bordão de Adore Delano e não lembrar de sua participação na sexta temporada de “RuPaul’s Drag Race”. Desde o primeiro episódio, a drag queen californiana conquistou uma legião de fãs pelo mundo com seu carisma, originalidade, nervo e talento.
Perder a temporada para Bianca Del Rio não a fez ser esquecida. Adore – que já havia concorrido em “American Idol” quando adolescente, como garoto -, investiu em sua carreira de cantora lançando seu álbum de estreia, “Till Death Do Us Party”, em 2014. O disco consagrou seu sucesso, alcançando a posição 59 na lista de álbuns mais vendidos da Billboard – a drag queen com o maior destaque no ranking. Com “After Party”, seu disco seguinte, conseguiu mais um recorde ao estrear em primeiro lugar na lista de álbuns Dance/Eletronic da revista.
Apesar de entrar na parada musical nos EUA, foi no Brasil que Adore conquistou o seu maior público: São Paulo figura como a cidade que mais curtiu sua página no Facebook e escuta suas músicas no Spotify. Feito que, para ela, foi totalmente inesperado. “Indo para [RuPaul’s Drag Race] não esperava que ninguém fosse me entender”, contou Adore ao Papelpop.
Com todo o sucesso sobre suas costas, sua desistência no segundo episódio da segunda temporada de “RuPaul’s Drag Race: All Stars” foi um choque para os seus fãs. Com um estilo totalmente diferente de sua participação anterior no programa, a drag queen admitiu ser muito insegura sobre si mesma para continuar na competição. “Tento não dar atenção aos comentários negativos para que aquilo não fique na minha cabeça”, contou Adore, se referindo às críticas que recebe nas redes sociais.
Após processar seus empresários por suposto gerenciamento financeiro indevido no ano passado – que culminou recentemente num processo deles contra ela -, Adore lançou, de forma independente, o álbum “Whatever”. Desta vez, apostando numa sonoridade incomum para as drag queens: o rock. “É muito trabalho para fazer sozinho. […] Eu definitivamente tive de colocar o chapéu da maturidade e virar a CEO da Adore.”, disse.
Com três shows agendados para agosto no Brasil, Adore diz que os fãs “devem esperar o inesperado”. Será a primeira vez que ela fará uma apresentação com banda completa no país, apresentando músicas de seus três discos.
O Papelpop conversou com Adore sobre suas passagens pelo Brasil, mudanças de estilo, haters nas redes sociais, Pabllo Vittar, ser uma rock star e mais! Confira:
Quantas vezes já se apresentou no Brasil?
Acho que fui praí todos os anos. Deixe-me ver… Não consigo contar, porque da primeira vez, fui a mais de uma cidade. Então foram várias vezes, mas fico contente de voltar todos os anos!
Esta é a sua primeira vez tocando no Brasil com uma banda completa. Está animada?
Sim, completamente! É uma experiência totalmente diferente, traz vida às músicas, tudo acontece na hora. É muito diferente de se apresentar com um instrumental da música tocando, dá pra sentir.
O que os seus fãs podem esperar desses shows?
Apenas devem esperar o inesperado. Eu viro uma pessoa diferente, uma borboleta diferente a cada mês praticamente, então será emocionante.
Você mudou sua estética drag do que vimos na sexta temporada de Drag Race e também sua sonoridade em seu terceiro álbum. Como foi a recepção dos fãs?
Surpreendentemente bem nos shows que estive fazendo até agora! Tenho sido bem recebida e respeitada. Eu estou muito animada em ter uma banda comigo porque assim tem muito mais vida e é uma experiência bem diferente. Bem, tem sido uma experiência divertida.
O que influenciou essa mudança de estilo?
Acho que a Adore é uma extensão de quem eu era no ensino médio. Esse é meio que o tipo de música que eu queria fazer inicialmente no meu segundo álbum. Mas, sim, fico feliz de poder meio que fazer um álbum de garagem, com uma banda completa. Foi divertido de fazer.
Este também é o seu primeiro projeto produzido e lançado de forma independente. Como foi fazê-lo?
É uma boa sensação. Quer dizer, é muito trabalho fazer sozinho, mas se a paixão está lá, a ética de trabalho está lá, então é apenas trabalho. Nada acontece para você. Eu definitivamente tive de colocar o chapéu da maturidade e virar o CEO da Adore e conseguir outros trabalhos na época, mas foi divertido.
Você se identifica agora como não-binária. Aceitar seu gênero influenciou sua música?
Sim, sem dúvida. Mais especificamente na letra de “Adam’s Apple”. Quer dizer, eu escrevi a letra porque tenho lido mais sobre gênero, tenho me identificado mais como genderqueer agora. Então foda-se, me identifico como qualquer coisa, porque também vivo minha vida como mulher. Definitivamente influenciou minha música ou alguma merda do tipo.
Vi alguns relatos nas redes sociais sobre você no Grindr e coisas do tipo. Sendo agora uma rock star, isso significa que você sai com seus fãs enquanto está em turnê?
(Risos) Se eu pego meus fãs? Bem… claro! Quer dizer, não seria propriamente uma rockeira se não fizesse isso. (Risos) Os membros de minha banda, bem, um deles, também pega meus fãs. Então fiquem de olho porque eles são gostosos!
Algumas queens de Drag Race, como Jasmine Masters e Phi Phi O’Hara, foram vítimas de mensagens de ódio nas redes sociais. Como é sua relação com as redes sociais?
As redes sociais são a coisa mais importante, eu acho. Principalmente para se conectar com seus fãs, mostrar o que anda fazendo. Eu sei, eu odeio a palavra pestinha, mas atualmente é muito fácil ser um pestinha e se manter seguro nas redes sociais é muito importante. Porém, eu tento não dar atenção aos comentários negativos para que aquilo não fique na minha cabeça. Eu não sei como elas fazem, mas elas são muito fortes por aguentar isso. Eu amo a Phi Phi, ela é libriana.
E os fãs brasileiros nas redes sociais? Seus gifs de RuPaul’s Drag Race são muito usados no Brasil, você viu isso?
Sim, eu amo! Especialmente no Twitter. Eu amo interagir com eles, é muito hilário.
O Brasil também é o seu maior público no Spotify e YouTube. Você esperava ter tantos fãs no Brasil?
Não esperava de forma alguma. Quer dizer, indo [para RuPaul’s Drag Race] não esperava que ninguém fosse me entender. Então, meio que, sabe, poder falar com as pessoas daí, acho que é muito bonito e sou muito abençoada por isso, sem dúvida.
Você conhece alguma queen brasileira?
Eu conheço a Pabllo! (Risos) Eu sei que trabalhei com várias queens brasileiras, mas costumo ser melhor com rostos, não nomes. Mas, sim, conheço algumas.
Faria uma parceria com a Pabllo Vittar?
Sim, sem dúvida! Ela é linda e talentosa. Quer dizer, ela está no mercado perfeito para quebrar dimensões agora em relação ao drag. Ela é maravilhosa, tenho muito orgulho dela.
Há uma queen a ser revelada na estreia da terceira temporada de All Stars. Quem você gostaria que fosse?
Trinity K. Bonet.
Você considera participar de outra temporada de Drag Race?
Hm… No momento estou focada apenas em minha música. Eu recebi algumas propostas de oportunidades na TV que tive de negar porque no momento tenho muitos shows da turnê e preciso focar nisso. Então rolaram algumas oportunidades para a TV que estive considerando antes disso. Mas, sim, não desconsidero participar no futuro.
Saiu na imprensa que você processou seus empresários e agora ele estão a processando de volta. Você pode comentar sobre isso?
Não posso, desculpa.
Adore Delano vem ao Brasil com uma banda completa para shows em três cidades: São Paulo, no Teatro Bradesco, em 03/08; no Rio de Janeiro, no Teatro Rival, em 04/08 e em Porto Alegre, no Opinião, em 05/08. Os ingressos já estão à venda.