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A produção é boa? Não faz mais do que a obrigação
A produção é a espinha dorsal da música. Por mais que o artista tenha uma boa letra, ótimos arranjos e a identidade visual fera na hora de amarrar o trabalho, de nada adianta ter uma música sem impacto quando chega em nossos ouvidos. Nas últimas duas semanas saiu uma penca de discos incríveis e eu colhi alguns para falar um bocadinho sobre esta parte que fica em segundo plano.
Miley Cyrus e P!nk são cantoras de primeira divisão que lançaram um apanhado de inéditas neste segundo semestre e podemos aplicar a mesma regra dos jogadores. São cobradas por algo de alto nível para cada lançamento e têm experiência de sobra para lidar com a pressão de gerir canções decentes.
Com a estrutura que cada uma tem, lançar um bom disco não é mais que a obrigação. Elas têm os melhores estúdios, engenheiros de som, compositores, e o que for necessário para chegar na hora de gravar e desenvolver algo de qualidade. “Younger Now”, “Tell Me You Love Me” ou “Beautiful Trauma” são discos dentro da média.
Cada álbum tem duas ou três faixas de destaque e o restante é de jogar para o gasto. Se você pegar o último disco de cada uma e ouvir a discografia vai entender que são discos bons, mas estão aí para cumprir tabela.
Miley Cyrus matou Hannah Montana e começou a trilhar com os próprios pés há quase uma década. De lá para cá, a cantora lançou hinos massivos e divertidos como “Party in the USA”, “Can’t Be Tamed”, “We Can’t Stop” ou “Wrecking Ball” dentro de discos sem tempero, sem graça.
Em “Younger Now” é o mesmo roteiro. “Malibu”, “Rainbowland” ou “Bad Mood” são fora de série perto do que tem no disco inteiro. Não que o resto seja ruim, mas parece estar lá para cumprir o número ideal para ter um álbum em mãos.
Alecia Beth Moore, mais conhecida como P!nk, estourou com o seu segundo disco “M!ssundaztood” e é um álbum bem com a cara do começo dos anos 2000. Tinha que ter algo que apontasse para o futuro, algo que trouxesse novidade para o cenário. Uma boa parte deste trabalho tem a mão de Midas de Linda Perry, do 4NonBlondes – um dos clássicos dos anos 90.
Após esta temporada de ouro, P!nk lançou outros álbuns que foram um grande acerto com hits que conversavam com a temática do momento. Uma pitada de R&B aqui, riffs utilizados no new-metal acolá, scratches de rap em algum momento, e tudo embasado pela voz potente de Alecia. Em “Beautiful Trauma”, P!nk utiliza a mesma fórmula que vem dando certo para ela. Ok.
Elogiar um disco de qualquer cantora por conta da produção é algo básico e obrigatório para elas ou qualquer artista desta patota. Não estou falando para um artista deste tirar toda a sua equipe e se trancar no quarto fazendo tudo sozinho, mas provocar os fãs e quem não costuma ouvir o som parece ser um caminho.
Um disco que eu fiquei de cara foi o novo da St. Vincent, “Masseduction”. Para mim, ela é uma artista pop, tem bastante coisa acessível dentro de sua discografia. O que eu acho louvável é a desconstrução para cada álbum que ela lança.
Em um intervalo de uma década, Vincent vê cada disco com uma tela em branca e parte do zero para construir algo. Por mais que tenha o seu trejeito em cada um dos álbum, ela coloca algo no emaranhado de faixas para causar algum tipo de estranheza e reflexão.
Por estas bandas temos uma porrada de artistas emergentes que estão lançando pedradas incríveis e com produções honrosas como Xênia França, Rimas e Melodias, Tim Bernardes, Luedji Luna, Clara Lima, Tássia Reis. Cada um destes discos citados tem uma produção peculiar e salta aos olhos (ouvidos). Estes sim vale citar a produção. Miley, P!nk ou qualquer figura não faz mais do que a obrigação em ter uma base destas.
Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.
Quer falar com ele? Twitter: @brunno.
* A opinião do colunista Brunno Constante não necessariamente representa a opinião do Papelpop. No entanto, por aqui, todas as opiniões são bem-vindas. :)