música

Pabllo Vittar no Faustão e os playbacks em programas de TV

O furacão Vittar continua fazendo um bom estrago por onde passa. Neste fim semana, ela passou por um dos programas mais populares da TV brasileira, o “Domingão do Faustão”, cantando seus sucessos. Cantando, cantando mesmo, não.

Com quase trinta anos no ar, o “Domingão” é uma faixa sagrada da emissora carioca e é extremamente importante para qualquer artista. Mesmo que o apresentador fale o seu nome errado, leia a pauta na hora ou que o artista precise fazer playback. Este ponto comum do Faustão chamou atenção de alguns fãs – que provavelmente não acompanham a atração dominical.

Por mais que seja tosco, o playback está firme forte em tudo quanto que é emissora. Ter uma estrutura decente de áudio, contar com uma equipe afinada e planejar a logística para o artista cantar duas ou três músicas ao vivo pode sair o olho da cara. O caminho mais prático, rápido e indolor para os bolsos é a opção mais clara.

Para fazer uma boa agenda na televisão, o artista tem que topar os mais variados programas para propagar a sua música. Normalmente, quando tem um disco ou lançamento de um single forte, está lá o artista tomando café com a Ana Maria Braga, participando de algum quadro emotivo do Gugu, sendo trollado pelo Legendários ou ouvindo alguma história balzaquiana da lenda Raul Gil.

Fazer playback é algo difícil, o artista tem que estar no clima para “enganar” quem está do outro lado. É como a tradicional prova de eliminação de “RuPaul’s Drag Race”, onde o participante tem que “cantar pela sua vida”. Não basta mexer a boca e acompanhar os dançarinos de fundo. Se for para entrar no clima do playback tem que rolar uma dedicação, um nível acima.

Para quem faz pop, fazer playback é algo que vai acontecer. Alguns truques vão sendo aprendidos durante o caminho como aprender a dançar, causar empatia instantânea com o auditório e para as pessoas em casa, além de soltar o gogó de verdade em algumas brechas.

Para quem faz rock, fazer playback pode ser um tiro no pé ou ser uma tiração de sarro. Muse, Nirvana, Oasis e Ratos de Porão tiveram que fingir estar tocando um som e não curtiram muito…

O que eu acho mais tosco do playback é o artista levar esta muleta para festivais ou shows. O fã não merece ver o seu cantor favorito cantando em cima de uma base. Se o festival não depositou a verba certa, melhor cancelar ou negociar. Se a banda está incompleta, melhor achar alguma peça de reposição ou ter algum formato compacto.

Acho que o playback que mais me marcou foi o do Bloc Party, no MTV Video Music Brasil, que rolou em 2008. Na época, eu trabalhava no Portal MTV e fui incumbido de fazer a entrevista com os rapazes. O papo foi bem tranquilo e não tinha nenhum indício que eles iriam fazer algum playback. Quando foram passar o som, as coisas começaram a ficar estranhas e, na hora do ao vivo, foi esta pataquada:

Se for fazer playback, o melhor é entrar no clima como fez a Pabllo Vittar e deixar rolar. Caso exista alguma dúvida de como fazer é pegar este vídeo do Terry Crews e seguir cada passo para não ter erro.

O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

Quer falar com ele? Twitter: @brunno.


* A opinião do colunista Brunno Constante não necessariamente representa a opinião do Papelpop. No entanto, por aqui, todas as opiniões são bem-vindas. :)

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