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Entrevista: Para Selton Mello “falta mais diversidade no cinema brasileiro”
Selton Mello está em cartaz nos cinemas brasileiros com “O Filme da Minha Vida”, que foi dirigido por ele mesmo. Nesta semana, ele retorna às telonas, ou pelo menos a sua voz, com a animação brasileira “Lino – Uma Aventura em Sete Vidas”. O Papelpop bateu um papo com o ator durante o lançamento do desenho, e ele falou sobre os dois trabalhos, e também sobre o cinema nacional, o qual avalia que tem pouca diversidade.
“O Filme da Minha Vida” se passa nas Serras Gaúchas, em 1963, e acompanha o jovem Tony Terranova (Johnny Massaro) tentando descobrir mais informações sobre o seu pai, que foi embora sem avisar à família e, desde então, não deu mais notícias ao filho. “É um filme gentil, numa época que não é nada gentil, acho que tá aí o sucesso dele.”
Já “Lino” traz um azarado animador de festas infantis, que fica preso na pele da sua fantasia de gato após um feitiço dar bem errado. São dois filmes e trabalhos bem diferentes. “Tudo é bacana, tudo é bom. São experiências. Eu fui dublador durante toda adolescência, trabalhar com a voz é um negócio que me agrada então é interessante participar de todo tipo de processo, é diferente e bom”, nos contou Selton Mello.
O interessante de “Lino” é que uma é animação nacional, um gênero muito pouco visto nas produções daqui. Por isso, Selton Mello, e outros atores do filme, como Dira Paes, gravaram as vozes e tiveram os personagens animados sobre elas, ao invés de ter que encaixar a dublagem no movimento de um filme gringo. “Foi um processo diferente pra mim. Quando li o roteiro do Rafael [Ribas, o diretor], já fiquei encantado. Ele me mandou uns esboços do que seria e eu achei incrível o trabalho dele, então eu confiei muito na direção dele, sabia que ia ficar bacana e ficou na verdade muito mais do que bacana, ficou um filme muito bem realizado tecnicamente. Não deve nada a nenhum filme gringo”, disse Selton.
Apesar da experiência, o ator confessa que sente falta de mais produções do gênero na indústria audiovisual brasileira. “Falta porque é difícil, custa caro. O talento do Rafael é gigante, mas é difícil mesmo fazer animação, ele ficou anos fazendo. Também sofre um negócio que é tipo ‘olha, vou fazer esse filme aqui’ aí a pessoa vê que animação demora mais do que um filme comum então a empresa fala ‘pô só vai ver minha marca daqui a quatro anos’, o que prejudica muito.”
Na verdade, Selton acredita que este é um problema mais geral do cinema brasileiro. “Falta talvez mais diversidade ainda. Tipo filmes de Belém, filmes de São Luiz, gente filmando no Piauí, para ter outros olhares, outro Brasil, porque nós somos muito… é assim um país bem plural.”
Fora dos cinemas, Selton Mello está na nova minissérie da Globo, “13 Dias Longe do Sol”, que estreia em janeiro. Ele estava longe do canal desde “Ligações Perigosas”, de 2016. O ator também está filmando com José Padilha uma série da Netflix inspirada na Lava-Jato, chamada “O Mecanismo”.