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Britney Spears relembra “Blackout”: “Pude usar minha voz como nunca havia usado”

Sabem o que completa 10 anos em 2017? O “Blackout”, essa Bíblia do pop da Britney Spears! O álbum foi lançado em outubro de 2007 e antecipando o aniversário, o The Fader fez uma matéria especial sobre ele.

Alguns artistas, como Charli XCX e as irmãs HAIM, falaram sobre a influência de Britney em suas vidas; outros, como o produtor Danja e a cantora Keri Hilson, conversaram sobre como foi trabalhar no “Blackout”. Mas primeiramente, temos a própria Britney falando sobre o CD!

“‘Blackout’ foi a primeira vez que trabalhei com Danja, e ele me deu a oportunidade e a liberdade de trabalhar com sons e influências mais urbanas. Isso me inspirou muito! Também tive a chance de cantar mais e usar minha voz como nunca havia usado antes. A mágica do ‘Blackout’ foi bem simples, na verdade. Não foi algo muito pensado. Eu só fiz o que senti e deu certo. Às vezes, menos é mais, acho. Ainda me apresento com ‘Freakshow’ no show de Las Vegas – é uma das minhas músicas favoritas nunca lançadas como single. É muito divertida e me dá a chance de interagir com o público. É ousada, e eu amo!”

Leia também o que Danja e Keri Hilson falaram:

Danja

“Eu não pensei em ‘música pop’ ao criar ‘Blackout’. Eu curtia dance e EDM na época, mas ainda não fazia tanto sucesso quanto agora. Eu ia para uma boate em Miami algumas vezes para ver o ambiente. Todo mundo estava dançando ‘Satisfaction’, do Benny Benassi e Tiesto, e as pessoas estavam literalmente em transe. Eu fiquei: ‘É isso. Se a minha música não faz você se sentir assim, o que estamos fazendo?’ Só queria trazer essa essência à cultura pop. Você já viu essa linda rainha do pop com uma música cheia de graves? É como caramelo – quase insuportavelmente doce, mas muito bom ao mesmo tempo. Era o que eu pretendia fazer. Eu queria que as pessoas fizessem uma careta quando a música tocasse. ‘Get Back’, por exemplo, uma das músicas bônus, era ousada e como um videogame – as batidas um pouco distorcidas, um sintetizador sujo com uma característica também suja, uma boa linha de baixo melódica. O som do baixo também tinha tons. Isso é o que eu usei para fazer o groove, não o [efeito] 808 ou sub graves suaves. Até mesmo em ‘Gimme More’ – aquele som ‘vroom vroom’ – tudo era distinto e tinha características.
Não tínhamos muitas coisas planejadas quando fomos ao estúdio – nós estávamos nos deixando levar. Fomos capazes de criar sem qualquer distração ou alguém nos dando uma direção. É por isso que penso que a parte de ‘Blackout’ da qual eu fiz parte acabou sendo o que é. Estávamos livres. Ela poderia estar passando por mais do que sabíamos naquela época, e as coisas ficaram um pouco mais loucas quando estávamos mais a fundo no projeto. Mas ela estava muito presente durante todo o processo, atenta e interativa. Ela era uma das pessoas mais fáceis para fazer as coisas – ela sentava e cantava, não importava quantas vezes. Você sabia o que ela achava de uma música pela linguagem corporal; ela não precisava dizer nada. Ela ainda estava trabalhando nas letras e na melodias, mas ela estava dançando. Você escuta histórias do Michael Jackson fazendo coreografias ao gravar algumas de suas músicas, e foi a mesma coisa com ela. Eu estava apenas me certificando de que tinha feito grooves para que ela pudesse dançar, algo pesado e ousado e com tons de hip-hop. Quando percebi que era o que ela queria fazer, foi onde fiquei. Se você ouvir agora as rádios e as músicas de mais sucesso no iTunes, todo artista pop tem algum tipo de apelo hip-hop e urbano, e em relação às cantoras pop, foi Britney quem começou isso. Ela tornou aceitável se soltar um pouco, falar merda, ter baixos e batidas mais pesadas. E tudo começou no CLUBSPACE, em Miami.”

Keri Hilson

“Foi um momento tumultuado. Os paparazzi literalmente atravessaram os arbustos no estúdio para tentar ver Britney e seu filho. Eles estavam a seguindo e perseguindo, então a segurança em cada estúdio em que trabalhamos era super alta. Eu me senti muito mal por ela. Mas quando Britney entrou no estúdio, ela estava focada e muito agradável de se estar ao lado – mesmo que só tivéssemos duas horas com ela, o que era o caso alguns dias. Uma vez ela recebeu um telefonema e desapareceu. Ela leva as coisas muito a sério, e um artista que se leva a sério tem que reconhecer quando não consegue dar 100% de si naquele dia, para proteger sua arte. Eu respeito isso muito mais do que um artista que chega e enrola você.
Nós recebemos a ordem específica de que ela não queria que a música imitasse sua vida pessoal. Então, pensamos: ‘OK, vamos criar um mundo de fantasia em que ela seria feliz’. Nós gravamos alguns dias em sua casa, e também trabalhamos no estúdio The Palms em Las Vegas – ficamos uma semana ou mais lá. Também trabalhamos nos estúdios Conway em Los Angeles. Eu diria que passamos duas semanas ou talvez um mês no modo Britney.
As músicas que criamos [‘Gimme More’, ‘Break the Ice’, ‘Perfect Lover’, ‘Outta This World’] foram parte de um período em que tínhamos muito pouco da Britney. Ela não compôs nenhuma das músicas que fizemos – nós criávamos e eu colocava uma demo enquanto esperávamos ela chegar. Estou no background de tudo o que fizemos, porque ela queria se concentrar em sua voz principal. Quando tocamos a minha demo de ‘Break the Ice’, ela não queria fazer as vozes de fundo. Honestamente, acho que ela disse algo como, ‘parece comigo de qualquer jeito’. ‘Gimme More’ foi feita em Conway – [Danja] tinha feito a batida em seus fones de ouvido, e todos ficamos arrepiados. Eu comecei a cantar, ‘Gimme Gimme, Gimme, Gimme Gimme’ por cima dos graves. Foi tão fácil! Acho que foi Jim Beanz que pensou na frase: ‘It’s Britney, bitch’. Nós estávamos brincando no estúdio, e me lembro de dizer a ele: ‘Faça isso, coloque na música’. Jim foi um pouco reservado quanto a isso, tipo: ‘Como ela vai sentir?’ Mas eu disse: ‘É assim que ela tem que se sentir!’ É arrogante, e queríamos que ela se sentisse desse jeito sobre a música. Ela tinha o que eu chamo de ‘fator foda-se’. Ela tinha sido empurrada para dentro. E o ‘fator foda-se’ é quando um artista faz algo ousado, porque é no sentido de ‘Eu sei que isso não é convencional, e eu sei que não é por isso que sou amada, mas foda-se’.”

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