Aparentemente, “4:44”, o novo trabalho de JAY-Z, não vai ficar apenas resumido ao disco.
O rapper lançou nesta segunda (03), no Tidal, um curta com o nome “Footnotes for ‘The Story of O.J.'” (Notas de rodapé para ‘The Story of O.J.’). Nele, artistas negros proeminentes, como Chris Rock, Will Smith, Michael B. Jordan, Kendrick Lamar e Mahershala Ali, conversam sobre a condição de ser uma celebridade negra nos Estados Unidos.
“Eu consigo entender, porque o dano psicológico é tão real”, explica JAY-Z. “E chegar nesse ponto em que ‘Eu não sou negro, eu sou O.J.’. Assim ele corta todos os laços. E a próxima geração de caras [negros] não podem vir com ele”. “Nós temos a tendência, como pessoas negras — porque nós nunca tivemos nada, o que é compreensível — nós chegamos a um lugar e nos separamos da nossa cultura”. Ele continua: “Como o O.J., ele chegou em um ponto em que ficou, ‘Eu não sou negro, eu sou O.J.’. Como o Tiger Woods, que chegou em um ponto e pensou, ‘Eu estou acima da cultura’. E a mesma pessoa, enquanto ele está jogando golf e está jogando muito bem, você está protegido. Quando você não está [jogando bem], eles vão colocar fotos de você dirigindo bêbado e te constranger. O mundo vai te engolir e te cuspir fora”.
En “The Story of O. J.”, JAY-Z fala, justamente, sobre o peso e a responsabilidade de ser um negro bem sucedido. O O.J. que dá título a música, é o jogador de futebol americano que foi absolvido no caso do assassinato de sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e o amigo dela, Ron Goldman. A frase “Eu não sou negro, sou O.J.”, que aparece na faixa, é atribuída a ele, que teria dito a frase durante seu julgamento. — outras fontes dizem que ele afirmou a mesma coisa durante o boicote dos atletas negros às Olmpíadas de 1968. É o julgamento dele o tema da primeira temporada de “American Crime Story”.
Trevor Noah, apresentador do The Daily Show, disse: “O sucesso ainda é de muitas maneiras sinônimo de ‘branco’. E então, uma vez que você se torna bem sucedido, sendo homem negro, você recebe essa chavinha que te dá acesso ao mundo dos brancos”.
Van Jones, da CNN, também foi entrevistado e contou que só descobriu quando saiu da faculdade que havia pessoas que eram convidadas para a casa dos professores. “Eu ia pra aula, fazia meu trabalho, entregava os trabalhos, participava da aula. E há todo um outro mundo social acontecendo, onde os professores escolhiam alunos e indicavam eles pra Suprema Corte. Eu era só um cara negro da escola pública, eu nem sabia que isso era possível. Esse tipo de coisa são grandes desvantagens enquanto você cresce, é o jeito silencioso que o racismo acontece. Não é a maneira que eles falam com você, são as coisas que eles nem te contam que está acontecendo”.
O minidocumentário está disponível na íntegra (adivinha adivinha) somente no Tidal. Ah, e ele é descrito como “Capítulo 1”. Será que vem mais curta-metragens por aí?
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