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Dj Khaled é apenas alguém que conhece as pessoas certas?

O DJ Khaled é um caso para ser estudado de forma minuciosa em um laboratório. Ele lançou o disco “Grateful” na semana passada e está presente nos charts do mundo inteiro por conta deste trabalho que tem um batalhão de produtores e artistas. O abre-alas deste apanhado, “I’m the One”,  conta ‘apenas’ com Justin Bieber, Qavo, Chance the Rapper e Lil Wayne. A faixa resume muito o que ele sempre fez em vida.

Em toda sua carreira, Khaled talhou álbuns incríveis com talentos frescos ou medalhões old school e sempre se manteve como um nome relevante no mercado musical americano. Afinal, como ele consegue fazer isso?

Em um dos meus primeiros estágios, eu tive uma chefe que me deu duas dicas que carrego até hoje em minha vida profissional: 1 – Sempre responda seus emails, não deixe ninguém sem resposta, mesmo que você não tenha a melhor resposta. 2 – Tenha contatos, muitos contatos.

Na época eu achava estas dicas rasas e superficiais, achei que ela ia falar para eu me especializar em alguma área, sei lá. Ao decorrer dos anos, estas dicas passaram a ter sentido e uso até hoje. Eu não sei se o Khaled costuma responder emails, mas se existe uma coisa que ele tem de sobra são contatos. Muitos contatos.

As alianças dele começaram nos anos 90, quando ainda trabalhava em uma loja de discos chamada Odyssey. Por ali, Khaled conheceu alguns rappers que são os seus protegidos até hoje: Birdman, Mavado e Lil Wayne – este último participou em nove dos dez discos da carreira de Khaled.

Nesta época, trabalhar em uma loja de discos era um status que pegava muito bem com produtores, músicos e, claro, pequenos selos – estes tentavam um lugar mais privilegiado nas prateleiras. Além de ralar durante o dia na loja, Khaled começou a discotecar em festas tocando dancehall e rap.

A popularidade do mestre cresceu ainda mais quando conseguiu um espaço numa rádio chamada WEDR. Ao invés de tocar as músicas bombadas do momento, Khaled era conhecido por estar antenado no que estava rolando nas ruas e apresentava tudo antes em seu programa. A sua agenda de contatos começou a inflar nas temporadas que ficou neste cargo.

Sem Spotify ou YouTube, tocar em uma rádio estabelecida era o empurrão que muitos precisavam. Pelos discos que ele lança, parece que o Khaled falava assim: ‘Então, estou te ajudando agora que ninguém acredita em você, broder. Quando for lançar o meu disco, você estará nele, firmeza?’.

Desde o seu primeiro disco, lançado em 2006, Khaled esbanja esta de rede de contatos que qualquer um gostaria de ter. Kayne West, Rick Ross, John Legend e Akon são alguns dos pupilos que apareceram em sua estreia, sem contar que a produção de algumas faixas ficou na responsabilidade de Cool e Dre, também conhecidos como lendas vivas do hip-hop.

No fim das contas, “Grateful” é uma grande playlist com rappers e produtores mais relevantes do mercado atual. Por ali, você vai encontrar Chance the Rapper, Jay-Z, Beyoncé, Rihanna, Calvin Harris, Future, Migos, Alicia Keys, Travis Scott, PartyNextDoor e mais uma leva. Apesar de carregar o seu nome na capa, Khaled não rima/canta em nenhuma faixa e assina apenas uma música sozinho como produtor, ‘Billy Ocean’.

As participações ativas de Khaled é gritando o seu próprio nome carregado de autotune. Você pode pensar: “Dã, mas ele apenas um DJ. É claro que ele não vai rimar, cara”. É verdade, ele tem um DJ antes do Khaled. Porém, ele não tem o costume de se apresentar como um. Esta função foi deixada de lado em seus primeiros discos.

O seu foco é reunir os seus amigos para cantar e outros para produzir. Mas como ele faz um show? Khaled usa seu carisma, um DJ e atua como um mestre de cerimônias de festa de faculdade. Ele esbanja energia ao pedir para os presentes jogarem as mãos para o alto e o acompanhar em alguns versos.

Este, talvez, seja o maior talento de Dj Khaled chamar uma turma para se divertir e gravar umas músicas com/para ele. O fera prepara o estúdio, a festa, biritas, narguilê, comida farta e gente bonita para compor o clima. Nesta good vaibes, o artista criou alguns hits como “We Takin Over”, “All I Do Is Win” e “I’m on One”. Sem dúvidas, DJ Khaled é um bom nome para animar qualquer evento e tem as pessoas certas para trabalharem com/para ele.

O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

Quer falar com ele? Twitter: @brunno.


* A opinião do colunista Brunno Constante não necessariamente representa a opinião do Papelpop. No entanto, por aqui, todas as opiniões são bem-vindas. :)

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